domingo, 14 de julho de 2013

Angola - Cazenga Rodrigues: "Professores mortos são promovidos" na Lunda Norte



Voz da América, em Angola Fala Só

Professores que já morreram continuam nas listas de salários e são promovidos sendo os seus salários desviados para “os bolsos de alguém”, disse Cazenga Rodrigues, Secretário-geral do Sindicato Nacional de Professores na Lunda Norte.

Rodrigues falava numa animada edição do programa “Angola Fala Só” em que a greve de professores naquela província foi o tópico de discussão.

A greve dura há quase dois meses sem sinal de solução mas o sindicalista confirmou que o governo provincial começou a “desactivar” os professores grevistas.

O número de professores despedidos ascende assim já a 485 disse Rodrigues que disse que o sindicato está agora a estudar as medidas que pode tomar contra essa acção que considera de ilegal.

O sindicato, disse, “vai a tribunal para ver se o governo” tem autoridade para tal media pois, acrescentou, professores só podem ser despedidos após um processo disciplinar que não foi instaurado.

Só o ministério ou um tribunal pode despedir professore e não o governador provincial, acrescentou Rodrigues.

Por seu turno o próprio SINPROF a nível nacional reunido no Kwanza Sul.

O ouvinte Paulo Dinis do Uíge insurgiu-se contra a atitude do governador fazendo notar que o direito à greve faz parte dos direitos dos angolanos e que   “o governador não está acima da lei”.

O Ouvinte Roque Ngolo da Lunda Norte disse que os professores são “os combatentes da linha da frente” na luta pelo futuro de Angola e por isso “têm que estar cientes de que podem exercer a sua profissão em paz”.

O sindicalista Cazenga Rodrigues disse que apesar das ameaças do governo a “totalidade” do ensino primário continua paralisado enquanto as aulas do secundo ciclo acontecem “aos soluços”.

Para Rodrigues os professores que têm ido ensinar são “medrosos” e são “ameaçados pelos directores”.

“Nós os dirigentes sindicalistas há dois meses que não temos salários mas continuamos firmes,” disse.

O sindicalista disse que até agora não deparou com alguma reacção negativa por parte de familiares dos alunos e que pelo contrário tem havido apoio á acção dos professores.

Cazenga Rodrigues descreveu a situação educacional na província como “péssima” afirmando que a reforma educacional do governo tinha sido “precipitada”.

Qualquer reforma, disse, tinha que ouvir as partes envolvidas na educação e não “ser feita em segredo”.

Professores estão a dar aulas em salas com mais de 100 alunos pelo que é impossível “fazer uma avaliação”.

Interrogado pelo ouvinte Estevão Kachipopa do Kuanza Sul sobre a questão das passagens automáticas, Cazenga disse opor-se a isso.

“os professores têm que saber se o aluno sabe ou não e tem que haver disciplina,” disse.

“Estamos a formar analfabetos,” acrescentou Cazenga que disse ainda que as autoridades ignoram os resultados dos concursos públicos para postos na educação para darem emprego aqueles que querem.

Cazenga negou no entanto que na Lunda Norte houvesse discriminação em termos partidários

Interrogado sobre se durante estes anos de paz o governo tem investido em infra-estruturas escolares, o sindicalista disse  que “está-se a construir mas pouco.

Para além disso continua a construir-se escolas com poucas salas de aula quando são precisas escolas com pelo menos 10 salas de aulas”.

Interrogado pelo ouvinte André Muteka do Namibe sobre o problema  de “professores fantasmas” ou seja nomes de professores que continuam na lista dos assalariados afirmou que “isso é um problema sério que existe”.

“Há falecidos a quem continuam a ser pagos salários e alguns deles até são promovidos,” disse acrescentando que os salários desses “fantasmas” são desviados.

O sindicalista descreveu de “pura mentira” a alegação do governo provincial de que os partidos da oposição Unita, CASA CE e PRS estavam por detrás da greve.

“Não sou de nenhum desses partidos, sou do MPLA mas sou acima de tudo sindicalista,” disse afirmando que o seu sindicato não faz qualquer tipo de discriminação.

O ouvinte Bernardo Augusto  do Namibe, o último a entrar em linha, mostrou-se indignado com esta revelação.

“Você diz que é do MPLA? Então peça ao governo para resolver a questão,” disse.


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