quinta-feira, 4 de julho de 2013

Dilma Rousseff expressa "indignação e repúdio" à proibição imposta ao avião de Evo Morales



Opera Mundi, São Paulo

"Constrangimento" ao presidente boliviano "atinge não só à Bolívia, mas a toda América Latina", afirmou a presidente

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, expressou nesta quarta-feira (03/07) "indignação e repúdio" ao bloqueio imposto por países europeus ao avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, nesta terça-feira (02/07), quando o mandatário retornava de Moscou para La Paz. Após o episódio -- condenado pela Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e a maioria dos países da América Latina --, o governo boliviano opinou que o bloqueio havia sido orquestrado por Washington, devido à suspeita de que o ex-consultor da CIA Edward Snowden estivesse na aeronave. Os EUA negaram a proibição.

Para Dilma, a suspeita sobre a presença de Snowden, "além de fantasiosa, é grave desrespeito ao Direito e às práticas internacionais e às normas civilizadas de convivência entre as nações", Segundo ela, a proibição de sobrevoo "acarretou, o que é mais grave, risco de vida para o dirigente boliviano e seus colaboradores", complementando que "o constrangimento ao Presidente Morales atinge não só à Bolívia, mas a toda América Latina".

Na nota, Dilma ainda sublinhou a contradição na postura dos países europeus, levada a cabo após reclamarem da espionagem de seus funcionários por Washington, no âmbito do programa denunciado por Snowden. "O Governo brasileiro expressa sua mais ampla solidariedade ao Presidente Evo Morales e encaminhará iniciativas em todas instâncias multilaterais, especialmente em nosso Continente, para que situações como essa nunca mais se repitam", conclui Dilma. 

Leia a íntegra:

Nota da Presidenta Dilma Rousseff

O Governo brasileiro expressa sua indignação e repúdio ao constrangimento imposto ao Presidente Evo Morales por alguns países europeus, que impediram o sobrevôo do avião presidencial boliviano por seu espaço aéreo, depois de haver autorizado seu trânsito.

O noticiado pretexto dessa atitude inaceitável – a suposta presença de Edward Snowden no avião do Presidente –, além de fantasiosa, é grave desrespeito ao Direito e às práticas internacionais e às normas civilizadas de convivência entre as nações. Acarretou, o que é mais grave, risco de vida para o dirigente boliviano e seus colaboradores.

Causa surpresa e espanto que a postura de certos governos europeus tenha sido adotada ao mesmo momento em que alguns desses mesmos governos denunciavam a espionagem de seus funcionários por parte dos Estados Unidos, chegando a afirmar que essas ações comprometiam um futuro acordo comercial entre este país e a União Européia.

O constrangimento ao Presidente Morales atinge não só à Bolívia, mas a toda América Latina. Compromete o diálogo entre os dois continentes e possíveis negociações entre eles. Exige pronta explicação e correspondentes escusas por parte dos países envolvidos nesta provocação.

O Governo brasileiro expressa sua mais ampla solidariedade ao Presidente Evo Morales e encaminhará iniciativas em todas instâncias multilaterais, especialmente em nosso Continente, para que situações como essa nunca mais se repitam.

Dilma Rousseff - Presidenta da República Federativa do Brasil

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