Opera Mundi, São
Paulo
"Constrangimento"
ao presidente boliviano "atinge não só à Bolívia, mas a toda América
Latina", afirmou a presidente
A presidente do
Brasil, Dilma Rousseff, expressou nesta quarta-feira (03/07) "indignação e
repúdio" ao bloqueio imposto por países europeus ao avião do presidente da
Bolívia, Evo Morales, nesta terça-feira (02/07), quando o mandatário retornava
de Moscou para La Paz. Após o episódio -- condenado pela Unasul (União de
Nações Sul-Americanas) e a maioria dos países da América Latina --, o
governo boliviano opinou que o bloqueio havia sido orquestrado por Washington,
devido à suspeita de que o ex-consultor da CIA Edward Snowden estivesse na
aeronave. Os
EUA negaram a proibição.
Para Dilma, a suspeita sobre a presença de Snowden, "além de fantasiosa, é
grave desrespeito ao Direito e às práticas internacionais e às normas
civilizadas de convivência entre as nações", Segundo ela, a proibição de
sobrevoo "acarretou, o que é mais grave, risco de vida para o dirigente
boliviano e seus colaboradores", complementando que "o
constrangimento ao Presidente Morales atinge não só à Bolívia, mas a toda
América Latina".
Na nota, Dilma
ainda sublinhou a contradição na postura dos países europeus, levada a cabo
após reclamarem da espionagem de seus funcionários por Washington, no âmbito do
programa denunciado por Snowden. "O Governo brasileiro expressa sua mais
ampla solidariedade ao Presidente Evo Morales e encaminhará iniciativas em
todas instâncias multilaterais, especialmente em nosso Continente, para que
situações como essa nunca mais se repitam", conclui Dilma.
Leia a íntegra:
Nota da Presidenta Dilma Rousseff
O Governo brasileiro expressa sua indignação e repúdio ao constrangimento
imposto ao Presidente Evo Morales por alguns países europeus, que impediram o
sobrevôo do avião presidencial boliviano por seu espaço aéreo, depois de haver
autorizado seu trânsito.
O noticiado pretexto dessa atitude inaceitável – a suposta presença de Edward
Snowden no avião do Presidente –, além de fantasiosa, é grave desrespeito ao
Direito e às práticas internacionais e às normas civilizadas de convivência
entre as nações. Acarretou, o que é mais grave, risco de vida para o dirigente
boliviano e seus colaboradores.
Causa surpresa e espanto que a postura de certos governos europeus tenha sido
adotada ao mesmo momento em que alguns desses mesmos governos denunciavam a
espionagem de seus funcionários por parte dos Estados Unidos, chegando a
afirmar que essas ações comprometiam um futuro acordo comercial entre este país
e a União Européia.
O constrangimento ao Presidente Morales atinge não só à Bolívia, mas a toda
América Latina. Compromete o diálogo entre os dois continentes e possíveis
negociações entre eles. Exige pronta explicação e correspondentes escusas por
parte dos países envolvidos nesta provocação.
O Governo brasileiro expressa sua mais ampla solidariedade ao Presidente Evo
Morales e encaminhará iniciativas em todas instâncias multilaterais,
especialmente em nosso Continente, para que situações como essa nunca mais se
repitam.
Dilma Rousseff - Presidenta da República Federativa do Brasil
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