Martinho Júnior,
Luanda
1 – O Ministro dos
Negócios Estrangeiros demissionário de Portugal, Paulo Portas, realizou duas
visitas à Venezuela durante o período que esteve à frente da diplomacia do
governo de coligação português.
Durante essas
visitas, Paulo Portas procurou manter em velocidade de cruzeiro os
relacionamentos bilaterais que foram incrementados pelo governo anterior do
socialista José Sócrates.
Isso não passou
despercebido a alguns e, de entre as apreciações a essas visitas, evidencio esta,
recolhida do blog Clarinet, com um autor que não pôde resistir nem à ironia,
nem à verdade, nem ao facto subtil de ser possível uma melhor colagem entre o
actual PS e o CDS, do que entre o PSD e o CDS:
(…) “Paulo Portas é um
bluff como vendedor diplomático, não tem carteira de clientes. Anda no fundo a
bater às portas que outros abriram. Foi à Líbia para ver se não fugiam os
acordos anteriormente firmados com Kadhafi e agora está a fazer o mesmo na
Venezuela, usufruindo do trabalho feito pelo governo de José Sócrates.
Trabalho esse ridicularizado e até considerado de lesa democracia não só por
políticos (de várias áreas), como também por jornaleiros e blogueiros, que
estão com dificuldades em engolir a afronta agora feita pela sua gente. Leia-se
aqui
as fortes preocupações com que a embaixada norte-americana via as relações do nosso
anterior governo com a Venezuela, segundo um documento divulgado pela
WikiLeaks. Estavam preocupados pela imagem cordial dos encontros e pelo
crescente reforço militar da Venezuela.
Podemos informar a embaixada dos EUA, e Companhia, sem passarmos por delatores,
que isto de negócios de equipamento militar tem sido mais profissão de Paulo
Portas do que de José Sócrates. Já agora, se Paulo Portas vendesse os seus
submarinos a Chávez, (que precisa mais deles que nós) fazia um grande favor aos
portugueses – era menos tralha para nós pagarmos”.
Aparentemente as
duas viagens confundiram as sensibilidades dos mentores e tutores da hegemonia
e Paulo Portas, ainda que presente na reunião do “Bilderberg” em Londres em
princípio de Junho do corrente, ficou a dever uma “prova de força diplomática”…
em jeito de vassalagem…
2 – A oportunidade
para “prestar vassalagem” de forma mediática à hegemonia, como um “bom
Bilderberg”, à medida que se deterioravam as relações com Passos Coelho, foi
entretanto ficando cada vez mais curta, mas para felicidade de Paulo Portas as
coisas ocorreram de feição e vieram ter às suas mãos à justa, praticamente
momentos antes do seu pedido de demissão:
O avião
presidencial do Presidente boliviano Evo Morales precisava de fazer uma escala
técnica para reabastecimento em Lisboa na sua viagem de Moscovo de regresso à
América Latina e o “espantalho inadvertido” da presença a bordo de Edward
Snowden foi utilizado para, ao mesmo tempo que a França e a Espanha, Paulo
Portas, enquanto Ministro dos Negócios Estrangeiros português, proibir a
aterragem da aeronave presidencial, que só o pôde fazer em regime de emergência
em Viena, bastante longe do Atlântico e da ponta mais ocidental da Europa!
É evidente que a
medida feriu a América Latina ciosa da construção de sua integração e muito em
especial os países que compõem a ALBA, o que está a merecer uma tomada de
posição comum para fazer face à afronta.
O governo
venezuelano considerou que a decisão infundada da França, de Portugal e da
Espanha pôs em risco a vida do Presidente Evo Morales, violando por outro lado
os direitos do tráfego aéreo.
Em resultado, não
seria de admirar que o governo venezuelano respondesse agora com uma revisão
das suas relações bilaterais com Portugal, ao contrário do interesse comum, mas
sobretudo do interesse de Portugal!
3 – De facto Paulo
Portas utilizou o “ponto de exclamação” da sua presença no governo de coligação
português para se decidir a um “acto de completa e inequívoca vassalagem”, à
boa maneira da idade média mental dos políticos ocidentais contemporâneos, em
especial dos políticos europeus deslumbrados com os parâmetros neo liberais em
vigor.
Entre os interesses
legítimos de Portugal (e do povo português) e os interesses da hegemonia, Paulo
Portas não deixa margem para dúvida nas suas opções, ou não fosse essa a tónica
da actuação do governo de coligação e a sua própria tónica tendo em conta a
ideologia que professa!
Portugal, enquanto
colónia, está entregue a este tipo de vassalos da hegemonia e mais uma vez isso
ficou marcado num pseudo-acto de soberania com repercussões internacionais,
ainda que à custa duma cultura de bons relacionamentos com a América Latina em
geral e da excelente relação bilateral que tem sido cultivada com a Venezuela!
Se alguma vez o
caminho do “Bilderberg” tornar viável uma coligação PS-CDS, o PS fica com este
antecedente que poderá inibir futuras diplomacias em relação à América Latina e
em especial à Venezuela.
Um vassalo como
Paulo Portas teve de demonstrar, ao gosto de interesses que coincidem com os da
CIA, ser mais “papista que o Papa”!... vai-lhe sem dúvida no seu próprio
processo genético e no seu próprio sangue, ou não fosse ele um inveterado
“animal político”!...
A consultar:
- Paulo Portas na
Venezuela – http://oclarinet.blogspot.com/2011/11/paulo-portas-na-venezuela-fazer-de.html
- Paulo Portas
proíbe aterragem de avião de Evo Morales em Portugal – http://www.esquerda.net/artigo/paulo-portas-pro%C3%ADbe-aterragem-de-avi%C3%A3o-de-evo-morales-em-portugal/28518
A não perder, para
se melhor compreender os actos de vassalagem:
- O macaco nu –
Desmond Morris – http://www.aeradoespirito.net/Livros3/DesmondMorris-O_macaco_nu.pdf
- The human zoo –
Desmond Morris – quotes – http://roboconsumer.wordpress.com/2007/05/23/human-zoo-revisited/
5 comentários:
Pátria lugar de exílio
por César Príncipe
Exilado na internet, dedico este texto aos que defendem a comunicação como veículo intermodal, transportador de memória multifocada, informação contrastada e crítica estruturada. Creio que os leitores compartem este sentimento de vazio e desinserção no contexto mediático. Sentimento que não é sinónimo de queixume, antes constatação da natureza de classe das empresas de informação, opinião e lazer. O capitalismo lançou uma operação de saque global e os jornais, as rádios e as televisões constituem unidades de cobertura. Portanto, quem se opõe ao sistema é irradiado ou reduzido a figura de convite.
...
http://resistir.info/
Europa ha vivido esta semana una de sus horas más vergonzosas y clarificadoras
Héroes, cobardes y vasallos
Rafael Poch
La Vanguardia
...
Llegamos así a los vasallos, a todos esos indignos pigmeos políticos que gobiernan el continente europeo, desde Lisboa a Atenas. La caza de Snowden llevada a cabo por los gobiernos de España, Portugal, Italia y Francia, alrededor del avión de Evo Morales, ha puesto en su lugar a la “comunidad de valores” transatlántica. Los europeos colaboran con la potencia que les espía para apresar a la persona que lo ha denunciado. De los gobiernos de España (bases militares, tránsito de vuelos de la CIA en el sistema Guantánamo, escudo antimisiles, etc), con cualquiera de los dos partidos, ya conocíamos el nivel de servilismo. Portugal es un país mas pequeño, la cínica flexibilidad italiana también era conocida, pero la indignidad de Francia en este episodio supera la expectativa del más escéptico. Europa ha vivido esta semana una de sus horas más vergonzosas y clarificadoras. Héroes, un presidente cobarde y unos miserables vasallos. Cada cual en su lugar.
http://blogs.lavanguardia.com/berlin/?p=502
Declaração de Cochabamba
por UNASUL [*]
Perante a situação a que foi submetido o Presidente do Estado Plurinacional da Bolívia, Evo Morales, por parte dos governos da França, Portugal, Itália e Espanha, denunciamos perante a comunidade internacional e os diversos organismos multilaterais:
A flagrante violação dos Tratados Internacionais que regem a convivência pacífica, solidariedade e cooperação entre nossos Estados, que constitui um acto insólito, inamistoso e hostil, configurando um facto ilícito que afecta a liberdade de trânsito e deslocação de um Chefe de Estado e sua delegação oficial.
O atropelo e as práticas neocoloniais que ainda subsistem em nosso planeta em pleno século XXI.
A falta de transparência sobre as motivações das decisões políticas que impediram o trânsito aéreo da nave presidencial boliviana e do seu presidente. O agravo sofrido pelo presidente Evo Morales, que ofende não só o povo boliviano como todas as nossas nações.
As práticas ilegais de espionagem que põem em risco os direitos cidadãos e a convivência amistosa entre nações.
Frente a estas denúncias, estamos convencidos que o processo de construção da Pátria Grande, no qual estamos comprometidos, deve consolidar-se no pleno respeito à soberania e independência dos nossos povos, sem a ingerência dos centros hegemónicos mundiais, superando as velhas práticas pelas quais se pretende impor países de primeira e de segunda classe.
Nós, as Chefas e Chefes de Estado e de Governo de países da União de Nações Sul-americanas, UNASUL, reunidos em Cochabamba, Bolívia, a 4 de Julho de 2013,
1- Declaramos que a inaceitável restrição à liberdade do Presidente Evo Morales Ayma, convertendo-o virtualmente num refém, constitui uma violação de direitos não só ao povo boliviano como a todos os países e povos da América Latina e assenta um perigoso precedente em matéria do direito internacional vigente.
2. Recusamos as actuações claramente violatórias de normas e princípios básicos do direito internacional, como a inviolabilidade dos Chefes de Estado.
3. Exigimos aos governos da França, Portugal, Itália e Espanha que expliquem as razões da decisão de impedir o sobrevoo do avião presidencial do Estado Plurinacional da Bolívia pelo seu espaço aéreo.
4. De igual maneira exigimos aos governos da França, Portugal, Itália e Espanha que apresentem as desculpas públicas correspondentes quanto aos graves factos provocados.
5. Apoiamos a Denúncia apresentada pelo Estado Plurinacional da Bolívia perante o Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, pela grave violação de Direitos Humanos e colocação em perigo concreto da Vida de Presidente Evo Morales. Além disso, apoiamos o direito do Estado Plurinacional da Bolívia de realizar todas as acções que considere necessárias perante os Tribunais e instâncias competentes.
6- Acordamos formar uma Comissão de Acompanhamento, encarregando nossos Chanceleres da tarefa de realizar as acções necessárias para o esclarecimento dos factos.
Finalmente, no espírito dos princípios estabelecidos no Tratado Constitutivo da UNASUL, exortamos à totalidade das Chefas e Chefes de Estado da União a acompanhar a presente Declaração. De igual modo, convocamos a Organização das Nações Unidas e organismos regionais que ainda não o fizeram, a pronunciar-se sobre este facto injustificável e arbitrário.
Cochabamba, 4 de Julho de 2013.
Ver também:
• Sobre a decisão do Governo português de negar direito de sobrevoo e aterragem ao avião presidencial boliviano
• PCP exige esclarecimentos imediatos sobre o caso do avião presidencial da República da Bolívia
• Requerimento do PCP sobre o impedimento do sobrevoo e aterragem do avião presidencial da República da Bolívia
• www.flightradar24.com/data/airplanes/fab-001
Esta declaração encontra-se em http://resistir.info/ .
http://resistir.info/bolivia/declar_cochabamba_04jul13.html
Estados Unidos ordena capturar a Snowden, donde sea y como sea
Atilio A. Boron
Rebelión
El periódico austríaco Die Presse aseguró que el embajador de Estados Unidos en Austria fue quien comunicó la falsa noticia de que el topo de la Agencia de Seguridad Nacional (NSA por su sigla en inglés) Edward Snowden se encontraba a bordo del avión del presidente boliviano Evo Morales. En una noticia publicada en la edición del 3 de Julio de ese diario se afirma que poco después que aterrizara el avión de Morales “el ministerio de Asuntos Exteriores de Viena recibió una llamada telefónica”. Quien llamó no era otro que el embajador de Estados Unidos en Austria, William Eacho. Según Die Presse éste “afirmó gran certidumbre que Edward Snowden estaba a bordo del avión boliviano.” Eacho también hizo mención a “una nota diplomática solicitando la extradición de Edward Snowden”. Se despejan así las dudas que habían rodeado las enigmáticas declaraciones de José Manuel García-Margallo, Ministro de Asuntos Exteriores de España, quien había dicho que "las reacciones de los países europeos" de bloquear el vuelo de Evo Morales se produjeron porque "nos dijeron que [los datos] estaban claros." García-Margallo se negó a revelar quiénes les habían proporcionados esos datos. Ahora lo sabemos.1
El presidente Barack Obama había designado a Eacho como embajador de los Estados Unidos en Austria en Junio del 2009, pese a que carecía por completo de experiencia diplomática. Era el CEO de una gran empresa de desarrollos inmobiliarios, el Carlton Capital Group y Vicepresidente de Alliant Foodservice Corporation, una empresa de servicios de distribución de comidas. Sin embargo, su rotundo analfabetismo diplomático se compensaba con los méritos que cosechó al ser uno de los principales recaudadores de fondos (fundraisers) de la campaña presidencial de Obama. Una vez instalado en la Casa Blanca, el insólito Premio Nobel de la Paz lo recompensó enviándolo a Viena, sea para hacer negocios o para disfrutar del esplendor de esa magnífica ciudad centroeuropea.
...
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=170770
US Ambassador to Austria Reportedly Responsible for False Claim Snowden Was on Bolivian Leader’s Plane
The Austrian daily newspaper, Die Presse, has reported that the United States ambassador to Austria was responsible for making false claims that National Security Agency whistleblower Edward Snowden was on board Bolivian President Evo Morales’ plane.
In a story published on July 3, the newspaper reported shortly after Morales’ plane landed the “Vienna foreign department received a phone call.” The caller was the US ambassador to Austria, William Eacho.
According to Die Presse, Eacho “claimed with great certainty that Edward Snowden was onboard.” He also made reference to a “diplomatic note requesting Snowden’s extradition.”
The Associated Press reported on July 2 that Morales’ plane had been rerouted to Austria after European countries would not allow it to fly over their airspace because they suspected Snowden might be on board. The countries included Spain, France, Portugal and Italy.
Morales’ plane ended up landing in Austria to refuel, and, according to Morales, “While the plane was parked in Vienna, the Spanish ambassador to Austria arrived with two embassy personnel and they asked to search the plane. He said he denied them permission.” But, Austrian officials apparently searched the plane. (The Guardian‘s Glenn Greenwald reported Austrian police walked through the plane but did not search it.)
...
http://dissenter.firedoglake.com/2013/07/05/us-ambassador-to-austria-reportedly-responsible-for-false-claim-snowden-was-on-bolivian-leaders-plane/
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