RTP - Lusa
O Presidente da
República, Cavaco Silva, vai fazer no domingo uma comunicação ao País, pelas
20:30, disse à Lusa fonte da Presidência da República.
A declaração do
Presidente da República é muito aguardada depois do anúncio feito sexta-feira à
noite pelo secretário-geral do PS, António José Seguro, dando conta do fim das
negociações, sem acordo, entre os três partidos para um "compromisso de salvação
nacional".
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, cancelou a sua participação hoje, no
39. aniversário da Juventude Social-democrata (JSD), no Vimeiro, através de
comunicação do partido, sem explicações.
Na sede do CDS-PP, no Largo do Caldas, vai ser feita uma declaração de um
dirigente do partido, hoje, pelas 20:15, disse à Lusa fonte do CDS/PP. Pelas
17:45, os dirigentes do partido entravam para os trabalhos da comissão política
nacional, marcada para as 17:30, para "analisar o processo de diálogo entre
PSD, PS e CDS".
O secretário-geral do PS, António José Seguro, acusou sexta-feira à noite o PSD
e o CDS de terem "inviabilizado" o acordo de "salvação
nacional" proposto pelo Presidente da República.
"O PSD e o CDS inviabilizaram um 'compromisso de salvação nacional'. Este
processo demonstrou que estamos perante duas visões distintas e alternativas
para o nosso país: Manter a direção para que aqueles que, como o PSD e o CDS,
entendem que está tudo bem; ou dar um novo rumo a Portugal para aqueles que,
como nós, consideram que portugueses não aguentam mais sacrifícios e que esta
política não está a dar os resultados pretendidos", justificou o
secretário-geral do PS.
Já hoje, o PSD, pela voz do primeiro vice-presidente e coordenador da direção
nacional social-democrata, Jorge Moreira da Silva, numa declaração aos
jornalistas, na sede do seu partido, em Lisboa, sugeriu que foi o
"irrealismo" do PS que impediu o acordo de médio prazo proposto pelo
Presidente da República, manifestando-se "de consciência absolutamente
tranquila", quanto ao seu empenho neste processo.
"Estávamos disponíveis para fazer concessões políticas ao PS, para a
conclusão dessa assistência económica e financeira e para um quadro de
sustentabilidade financeira, económica de longo prazo, mas isso pressupunha do
PS uma posição realista e não, pelo contrário, uma abordagem que, pelo
irrealismo, nos faria prolongar a ajuda externa durante mais anos",
afirmou.
Por sua vez, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, responsabilizou o
Presidente da República pelo "arrastamento" da crise política para
"salvar" um Governo "ilegítimo", reiterou a necessidade de
eleições antecipadas e voltou a incitar o PS a abraçar uma "política de
esquerda".
"Após uma intervenção que só acrescentou crise à crise, o Presidente
assume, mais do que antes, a inteira responsabilidade de todas as consequências
do prosseguimento da ação do Governo e do rumo para o abismo económico e
social", afirmou Jerónimo de Sousa, na sede comunista, em Lisboa.
A crise política arrasta-se há duas semanas, depois das demissões do ministro
das Finanças, Vítor Gaspar, a 01 de julho, e do ministro dos Negócios
Estrangeiros, Paulo Portas, no dia seguinte.
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, não aceitou a demissão de Portas --
que justificou o pedido por ser contra a escolha de Maria Luís Albuquerque para
substituir Gaspar -- e a maioria PSD/CDS-PP apresentou ao Presidente da
República e publicamente a 06 de julho um compromisso até ao final da
legislatura, que passaria, nomeadamente, por uma remodelação com Paulo Portas a
vice primeiro-ministro.
A 10 de julho, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, fez uma
comunicação ao país onde não se referiu à solução que lhe foi proposta pela
maioria e na qual propôs um 'compromisso de salvação nacional' entre PSD, PS e
CDS, que inclui eleições a partir de junho de 2014.
Na sequência desta proposta, os três partidos iniciaram as conversações no
passado domingo, que culminaram no anúncio de sexta-feira, por António José Seguro,
de que não houve acordo.
Foto: Rafael
Marchante, Reuters
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