Jornal de Notícias
O
ex-primeiro-ministro José Sócrates defendeu este domingo que o PS não pode
aceitar um acordo com PSD e CDS-PP sobre medidas de austeridade já
estabelecidas, dizendo duvidar que a iniciativa do presidente da República
"leve a bom porto".
No seu programa semanal
de comentário político na RTP1, o antigo secretário-geral do PS disse ter sido
sempre "um adepto desse acordo", mas criticou que esta iniciativa do
presidente da República para um compromisso de salvação nacional aconteça
"depois das medidas anunciadas, das medidas estabelecidas".
"É pedido (ao
PS) que seja feito um acordo depois das medidas anunciadas, das medidas
estabelecidas, o primeiro-ministro já comunicou à 'troika' quais eram todas as
medidas, e detalhou, que queriam realizar, e agora pedem ao PS para concordar
com despedimentos na função pública, com reduções das pensões. Eu acho que o PS
não pode concordar com isso e não vai concordar com isso", afirmou
Sócrates.
O antigo líder
socialista recorreu depois a uma metáfora que já utilizou várias vezes para
apontar a condição necessária para que houvesse acordo entre o PS e os partidos
da maioria: "Tinha de ser sempre com base no seguinte, parar de escavar,
parar com os cortes e com a austeridade".
"O senhor
presidente da República lembrou-se que talvez fosse bom oferecer uma pá ao PS
para continuar a escavar, ora, eu acho que o PS não pode, nem vai, aceitar uma
coisa dessas", observou.
"Parece-me
central em todos os discursos do PS, que tem dito "nós não podemos
colaborar com uma política para além da 'troika'". O que o presidente está
a pedir ao PS é, eu dou-vos eleições daqui a um ano, mas vocês ajudam o Governo
a aprovar o Orçamento para 2014, que inclui estes cortes todos, cortes esses já
estabelecidos com a 'troika'", referiu.
Sócrates criticou a
iniciativa tomada por Cavaco Silva, considerando que esta gerou uma
"balbúrdia institucional" no país, "estendeu a crise como uma
mancha de óleo", e deixou o Governo "completamente
desautorizado".
Para o antigo chefe
de governo, o compromisso proposto pelo presidente, após o executivo já ter
anunciado mudanças na sua orgânica, coloca o primeiro-ministro "numa
posição indigna, sem autoridade para liderar"."Foi absolutamente
humilhado, toda a gente nota", considerou.
Já sobre a
convocação de eleições legislativas antecipadas para 2014, José Sócrates disse
não saber como é que os presidentes do PSD e do CDS "podem assinar um
acordo destes", que constitui "um preanuncio de dissolução" do
parlamento.
"Duvido muito
que esta iniciativa do presidente da República leve a bom porto, veremos em que
estado ficam as nossas instituições", afirmou, assinalando que "caso
não haja acordo" ficam várias interrogações no ar.
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