domingo, 14 de julho de 2013

COMPROMISSO DE SALVAÇÃO DO CAPITAL



Martinho Júnior, Luanda

1 – Uma das vantagens de Francisco Pinto Balsemão, representante em Portugal do grupo elitista e manipulador que dá pelo nome de Bilderberg, é a sua capacidade de antecipadamente fazer uma leitura do futuro imediato e do médio prazo, a fim de poder tirar partido nas instituições de poder político, financeiro e mediático, em proveito dos interesses da aristocracia financeira mundial e das oligarquias subjacentes.

A ida a Londres (reunião do Bilderberg anual) dele e dos Presidentes do PS e CDS, respectivamente Seguro e Portas, seus convidados deste ano, inscreve-se nessa leitura e é por si simultaneamente uma antecipação em relação ao futuro e uma forma de persuasão.

Os acontecimentos sócio-políticos e institucionais “ao mais alto nível” em Portugal, têm-no vindo a comprovar!

2 – Ainda que evocando outras razões, o Presidente Cavaco Silva, no seguimento da crise sócio-política que grassa no país, uma crise em relação à qual ele tem dado a sua contribuição não só neste seu actual mandato enquanto Presidente mas também no passado quando teve a oportunidade de exercer altas funções governativas, lá voltou ao irremediável “arco de governo”, alegadamente para que haja um “compromisso de salvação nacional”.

Desse modo Cavaco Silva não dá sinais alguns de se querer efectivamente redimir nem alterar o que quer que seja no seu horizonte político-ideológico, próprio de um cada vez mais “dinossauro excelentíssimo”: em relação às causas profundas da crise artificiosa diz nada e em relação a sair dela actuando sobre suas causas profundas… nada diz… e tudo isso para, ao conservar a crise, beneficiar sobretudo aqueles que sempre têm sido beneficiados de há várias décadas a esta parte… histórias do “arco da velha”!...

A receita que é estipulada pelo Bilderberg, é a única receita (neo liberal) que Cavaco neste momento entende nas suas limitações intelectuais como institucionais e no conceito do que deve ser a “representação” do bom povo português para além dos singulares actos eleitorais.

Para ele nada significa que “o povo dos brandos costumes” seja deliberadamente sujeito ao choque das crises mais avassaladoras que ele próprio ajudou a desencadear.

Cavaco está a sublinhar que é parte do problema, por que cai uma vez mais numa alternância condicionada (à crise e ao poder financeiro) e não parte da possibilidade da solução em relação a ela, sem sequer levar em conta que, para tal, é chegada a hora de se procurarem alternativas que só se poderão encontrar numa vasta integração, muito para lá do patético “arco de governação”…

De facto foram os mesmos ingredientes e componentes de sucessivos governos do “arco de governação”, que seguiram à risca a lógica capitalista (dos quais ele fez por várias vezes parte como figura de proa) e se deixaram arrastar primeiro pelo “diktat” incondicional duma construção europeia conformada aos poderosos e depois pelo carácter dominante dos “mercados”, que agora se aproveitam para serem uma vez mais “premiados pelos seus bons ofícios e serviços”!

A lógica capitalista e os processos neo liberais que desencadeou, não têm outro horizonte!

3 – Cavaco deliberadamente confunde hoje com muito mais evidência o que é de interesse nacional com o que é do interesse do capital, ainda por cima daquele capital que, de tanto dominar e condicionar Portugal, está a transformá-lo numa autêntica colónia!

Apresta-se a um papel dessa natureza e julga que está a lidar com gente que partilha a encenação sem limites da hipocrisia!

Para Cavaco, um compromisso com o capital é assim entendido de forma avulsa e subvertida, como um “compromisso de salvação nacional”… o rótulo da mentira de toda a sua própria trajectória sócio-política e até “humana”!...

Efectivamente um “compromisso de salvação do capital”, à revelia dos interesses duma fatia cada vez maior do povo português e daqueles que à esquerda e identificando-se com essas mesmas camadas se assumem com revigorado patriotismo, é o único acto possível para um irredutível mercenário que, constata-se, sempre foi e nunca quis deixar de o ser!

Gravura: Ainda o “arco da velha”!

A consultar:
- Coisas do arco da velha –
- Vassalagem comprometedora –

3 comentários:

Anónimo disse...



Ideologia e realidade*

Filipe Diniz

28.Jul.13 :: Colaboradores
Se há comportamento que ilustra, mais uma vez, o carácter reaccionário do discurso idealista, é a insistência – em nome da “ajuda financeira”, da “salvação nacional” ou de coisas semelhantes – nas receitas que a única coisa que ajudam e salvam são os lucros do grande capital.


A Royal Statistical Society encomendou a uma empresa de sondagens da Grã-Bretanha e a uma instituição universitária um estudo. Tratava-se de verificar a distância existente entre aspectos da realidade tal como as estatísticas os descrevem e a correspondente percepção em termos de opinião pública. As distâncias verificadas são muito consideráveis, em matérias muito diversas.
Alguns exemplos: a opinião corrente é de que, em cada ano, 15% das raparigas com idade inferior a 16 anos engravidam. A percentagem oficial é 0,6%. A opinião corrente é que 24% da população é muçulmana. Em Inglaterra e no País de Gales, a percentagem real é 5%. A opinião corrente é que 31% da população é imigrante. Os números oficiais apontam para 15%. A opinião corrente é que mais de 30% da população é negra ou asiática. A percentagem real é 11% (ou 13% se se incluírem outros grupos étnicos não-brancos ou mestiços). A opinião corrente julga que 24% dos benefícios sociais são obtidos de forma fraudulenta. As estimativas oficiais apontam para 0,7%. A opinião corrente julga que o Estado realizará maiores poupanças baixando o limite dos benefícios fiscais do que com o aumento da idade da reforma para 66 anos ou com o corte do abono de família. A realidade é que o aumento da idade da reforma representa 17 vezes maior poupança (ou maior roubo, se se quiser) e o corte do abono cerca de 6 vezes mais.
Estes exemplos são de molde a fazer soar alarmes, e o estudo conclui com bem-intencionados apelos aos media, aos políticos e ao sistema educativo. Mas basta ver alguns dos exemplos para se intuir que não será pequeno o contributo dos media, de certos políticos e do sistema educativo para garantir que tal distância exista, e exista como reserva e trunfo da ideologia dominante.
Que outro processo, senão o de sobrepor a ideologia reaccionária à dolorosa realidade vigente, explica que Cavaco Silva tenha chamado para “salvar a nação” precisamente as forças políticas que há quase 40 anos vêm conduzindo a nação ao desastre? E que, tendo de momento falhado esse entendimento, mantenha em funções o governo cuja desastrosa acção até Vítor Gaspar reconheceu?
*Este artigo foi publicado no “Avante!” n.º 2069, 25/07/2013


http://www.odiario.info/?p=2959

Anónimo disse...



Inversão da espada
por César Príncipe
Portugal, em mais de oito séculos, atravessou agudas crises de identidade nacional e de consolidação da independência. Três ciclos marcam o Livro Negro da Nacionalidade. Os dois primeiros têm calendário definido: 1383-1385/1580-1640. O terceiro iniciou-se em 2011. Portugal voltou a ficar intervencionado, manietado, tutelado. Desta vez, o inimigo dispensou o constrangimento da ocupação militar: recorreu à arma monetária. Nos períodos de sujeição aos ditames e vexames de Castela, coube às arraias miúdas e a certos elementos da nobreza e da burguesia levantar do chão o projecto nacional. Em textos subscritos nos últimos dois anos, tenho refocado as figuras do conde Andeiro, do bispo Martinho, do Mestre de Avis, do poboo meudo , episódios do cerco de Lisboa: a revolução de quatrocentos. Nesse regresso ao passado, tracei um paralelismo com a actual transferência dos centros de decisão, a quebra de soberania, o nosso status de protectorado, a nossa condição de garroteados pelo défice, pela dívida, pela penúria. Na continuação do relançamento deste olhar pela história, evocarei hoje um dos sustentáculos de Castela em Portugal no séc. XVII: a Casa dos Marqueses de Vila Real, progénie liderante da Corte de Trás-os-Montes. [1] Durante os preparativos da Restauração, houve quem pretendesse cortar pela raiz a árvore genealógica da Casa Grande, que urdira estreitos e fundos laços familiares e patrimoniais com o abocanhador peninsular e mantinha uma rede de cúmplices que, sediada em Vila Real, contava com personagens de relevo e influência, sobretudo a partir de Coimbra. No entanto, as emergências conspirativas e a pragmática conciliatória pouparam, na arrancada de 1640, este núcleo duro do filipismo.

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http://resistir.info/portugal/inversao_da_espada.html

Anónimo disse...


Entrevista al escritor portugués João Lopes Marques
“Angela Merkel es la que decide nuestro destino”

Mario Queiroz
Agencia Inter Press Service (IPS)

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JOÃO LOPES MARQUES: Merkel es un personaje totalmente atípico que hace la transición entre dos mundos, el socialismo y el capitalismo, y que tuvo un meteórico ascenso político en Occidente. Absolutamente inimaginable.
Surge en el momento justo con el perfil adecuado. El canciller Helmut Kohl (1982-1998) necesitaba entonces una joven protestante del este (RDA) para hacer la propaganda de la consolidación de la reunificación alemana. Y lo que pasa es tan sorprendente, que hay personas que sostienen que es la hija de (Adolph) Hitler, un producto de la CIA (Agencia Central de Inteligencia de Estados Unidos) o incluso una extraterrestre.
Obviamente, no creo nada de esto. Sin embargo, hay una evidente pauta en su acción política: una gran “Americofilia”, a veces disfrazada. El Atlantik-Brücke, un grupo de presión berlinés al que pertenece su círculo más cercano, participa del Bilderberg, una comunidad de intereses de las élites transatlánticas.

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http://www.ipsnoticias.net/2013/07/angela-merkel-es-la-que-decide-nuestro-destino/




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