Pedro Raínho –
Jornal i
PS, PCP e BE reúnem
a maioria mais alargada desde o início do barómetro. Intenção de voto no PSD é
agora de 23,7%
Há três meses que o
PS vem reconquistando a preferência dos eleitores, que tinha perdido em Abril.
Uma recuperação que anda a par da instabilidade que se acentuou entre os
parceiros de coligação. No barómetro i/Pitagórica deste mês, o partido regressa
à casa dos 34% das intenções de voto com que - somando os 13,2% atribuídos ao
PCP e os 8,9% do BE - lidera a margem mais segura conseguida pela esquerda
parlamentar até ao momento. Do outro lado da linha, a direita recua para a sua
votação mais fraca de sempre - juntos, PSD e CDS ficam um ponto abaixo dos
socialistas.
A sondagem foi
realizada entre os dias 28 de Junho e 2 de Julho - coincidiu, por isso, com os
primeiros episódios da mais recente (e aguda) crise política no seio da
coligação. Para já, é o PSD quem mais se ressente. Os sociais-democratas marcam
em Junho uma nova linha vermelha de impopularidade, ao recolher 23,7% das
intenções de voto. São quase menos 2% que no último mês, altura em que o
partido tinha, também aí, assinalado uma nova marca negativa (com 24,5% dos
votos).
O CDS continua a
sua caminhada descendente rumo ao resultado negro atingido no primeiro
barómetro, em Outubro de 2012 (quando não foi além dos 8,3%). Este mês, os
centristas recolhem 9,1% das preferências dos eleitores. Mas o barómetro não
reflectirá ainda as ondas de choque da demissão de Paulo Portas, dado que esta
coincide já com a recta final do inquérito.
ESQUERDA DOMINA
PARLAMENTO
O PS ainda não consegue vislumbrar no horizonte os 36,7% de
intenções de voto que o partido conseguiu reunir em Março deste ano, muito
menos a maioria absoluta por si só. Veio o congresso em Abril e, por essa
altura, os socialistas caíram para os 28,6%. Os últimos meses têm sido de
recuperação, com os socialistas a chegarem agora aos 33,9% - a confirmar-se o
resultado, seria preciso que o PS se coligasse para chegar à maioria dos
deputados no hemiciclo. Para este resultado contribuem em particular os eleitores
do sexo masculino, entre os 35 e os 54 anos, da classe média.
Por seu lado, o PCP
continua a afirmar-se como a terceira força política em Portugal - cenário que
vem ganhando expressão desde o mês de Janeiro. E agora com uma nova confiança
recolhida junto dos eleitores, que atribuem ao partido 13,2% das preferências -
o melhor resultado dos comunistas até ao momento.
Porém, em sentido
contrário ao da restante esquerda e do centro-esquerda parlamentar, o BE
afunda-se nos resultados. Desde o início que os bloquistas têm quase sempre
rondado os 9% das preferências dos inquiridos, mas são agora lançados do melhor
resultado que tinham atingido no barómetro (9,4% em Maio) de volta para os
8,9%.
NÃO SEI OU NÃO VOTO
A
relativizar de forma acentuada estes resultados surgem dois dados importantes:
o primeiro é a percentagem de eleitores que admitem estar ainda indecisos
quanto ao sentido de voto que adoptariam, caso as eleições legislativas se
realizassem hoje. São 34,2% dos 503 inquiridos ouvidos no barómetro, aqueles
que dizem não conseguir escolher os seus representantes. A tomada de decisão
poderia influenciar (e inverter) significativamente o resultado final das
votações.
O segundo dado é a
abstenção. É significativa a percentagem de abstencionistas confessos, que
neste barómetro oscilam entre os 40,2% e os 49,2%.
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