Carolina Reis -
Expresso
Os cidadãos
desconfiam da administração pública, dos Governos e até das associações
cívicas. Um estudo internacional diz que 8 em cada 10 portugueses acreditam que
a corrupção se agravou.
Em cada 10
portugueses há 8 que acreditam que a corrupção aumentou nos últimos dois anos,
revela o Barómetro Global da Corrupção, feito pela associação cívica
Transparência e Integridade.
A sondagem,
realizada em 107 países, mostra que 78% dos portugueses considera que a
corrupção piorou desde 2010. Já 70% dizem que é um problema "sério ou
muito sério" no setor público.
Esta desconfiança
dos cidadãos atinge também os governantes, com 53% a defender que o Governo
está nas mãos de um pequeno conjunto de grupos económicos. Para os portugueses,
há o risco de as decisões políticas serem tomadas em nome desses mesmos
interesses.
Os números da
sondagem revelam, contudo, que os portugueses são dos mais comedidos sobre a
captura dos executivos por grupos económicos. O Chipre (90%), a Grécia (83%) e
Espanha (66%) apresentaram níveis de desconfiança muito mais elevados.
Portugueses já
subornaram
Questionados se nos
últimos 12 meses pagaram um suborno, ou se têm conhecimento que alguém do seu agregado
familiar o tenha feito, apenas 3% admite que sim.
Portugal é, assim,
o terceiro país da UE onde menos se reconhece o uso de "luvas".
Porém, quando existem, é para a obtenção de serviços, sendo as áreas responsáveis
por registos prediais, civis e a obtenção de licenças e alvarás, as mais
susceptíveis.
Apesar deste tipo
de suborno (para garantir acesso a bens e serviços que os cidadãos têm direito)
ser mais frequente em países a passar por uma transição democrática, o fenómeno
tem crescido nas democracias consolidadas.
A importância da
"cunha"
Os portugueses
reconhecem (60%), no entanto, a importância dos contatos pessoais para obter
serviços, resultados ou acelerar procedimentos na administração pública.
Quando se trata de
combater a corrupção, 80% estão disponíveis a denunciar casos. Contudo, 42%
considera que a justiça não protege de represálias quem faz as denúncias ou
colabora com as autoridades.
O combate à
corrupção também é avaliado negativamente pelos portugueses. 76% diz que o
combate, feito através de ações do Governo, é ineficaz.
Mesmo assim, a
maioria (85%) acredita que o envolvimento dos cidadãos é fundamental para
combater a corrupção. Porém preferem fazê-lo de forma isolada do que envolvidos
com instituições, o que revela também uma descrença nos organismos não
governamentais.
Em vez de aderir a
uma organização, 81% preferem assinar uma petição online, 59% acham que é
necessária uma manifestação, 61% estão disponíveis a boicotar a compra de produtos
e 54% acham que a solução passa pelo "passa a palavra" nas redes
sociais. Apenas 40% estão disponíveis para se juntar a uma associação.
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