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Duzentas e sessenta
e sete tartarugas marinhas foram capturadas de forma indiscriminada em São Tomé
e Príncipe, nos últimos seis meses, denuncia a organização “Marapa”. Faltam
leis de proteção ao animal no país.
A carne de
tartaruga continua a ser consumida pelos são-tomenses num país que não dispõe
de leis que protejam este animal marinho e onde o nível de captura é
preocupante.
Dados da ONG Marapa
de monitorização sobre o mar, o ambiente e a pesca artesanal revelam que, só em
três praias do arquipélago, das 500 tartarugas monitorizadas, 267 foram
capturadas nos últimos seis meses.
“Em cada quatro
tartarugas que chegam à praia, três são capturadas”, conta Bastien Loloum,
responsável pelo projeto de proteção das tartarugas marinhas da organização
ambientalista. “E são muitas as tartarugas que acabam no mercado”, lamenta.
Faltam campanhas e
leis
Segundo a ONG, a
captura indiscriminada da tartaruga, deve-se à falta de campanhas de
sensibilização e de leis que protejam a espécie. Numas das praias na zona sul
de São Tomé, caçadores utilizam armas de fogo, obrigando guardas a suspenderem
as suas atividades, denunciam os ambientalistas.
“Em algumas praias,
os caçadores impedem os nossos guardas de fazer o seu trabalho de monitorização
e de contagem dos traços e do seguimento da desova das tartarugas”, refere
Bastien Loloum.
Os pescadores que
vão para a fauna dizem que não podem regressar com os barcos vazios, para não
somarem prejuízos. Felipe Santos admite que captura tartarugas no alto mar, que
vende para comprar combustível.
Turismo ecológico
prejudicado
A caça
indiscriminada de tartarugas está a pôr em causa o negócio dos habitantes de
Morro Peixe que, para além da pesca, vivem das receitas da observação noturna
das tartarugas. Trata-se de um pacote de turismo ecológico à venda nas agências
de viagens.
Hipólito Lima é
responsável pela monitorização das tartarugas na região norte de São Tomé.
Desde 2003, a ONG Marapa luta sem sucesso pela proteção das tartarugas em São
Tomé e Príncipe, onde a carne do animal é vista como um afrodisíaco pelos
habitantes. “Têm vindo chineses, franceses e portugueses. Quando querem ver a
desova, entram em contacto comigo”, conta Hipólito Lima, explicando que o
dinheiro recebido (cerca de cinco euros por cada elemento) serve para “pagar
algumas compensações aos guardas quando não há financiamento”.
O arquipélago
dispõe de várias leis do ambiente, mas nenhuma delas contém normas específicas
que protejam o animal, apesar de o país ter assinado convenções que o leva a
proteger espécies ameaçadas, que são caçadas e transformadas e vendidas como
produtos derivados, como é o caso da tartaruga em São Tomé e Príncipe.
“As tartarugas
marinhas vivas valem muito mais do que as mortas”, lembra Bastien Loloum,
argumentando que com uma tartaruga viva, pode ganhar-se mais dinheiro do que
com a venda da carne de uma tartaruga morta. Segundo o ambientalista da Marapa,
“uma tartaruga viva pode ser utilizada por guias e como imagem do país”, algo
que atrai turistas. “Matar tartarugas é acabar com a galinha de ouro”, conclui.
Autoria: Ramusel
Graça (São Tomé) – Edição: Madalena Sampaio/António Rocha
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