Deutsche Welle
Cairo afirma que
irá manter postura rígida em relação à Irmandade Muçulmana. União Europeia
pretende reavaliar relações com o Egito. Segundo dados oficiais, desde
quarta-feira, mais de 750 pessoas morreram em confrontos.
Apesar das críticas
do exterior, o governo egípcio não pretende mudar sua postura rígida em relação
à Irmandade Muçulmana. Foi o que afirmou o ministro do Exterior do país, Nabil
Fahmi, neste domingo (18/08), durante uma entrevista coletiva no Cairo. Fahmi
disse que seu governo tem como tarefa "zelar pela lei e a ordem" e
acrescentou que o atual regime não se deixará convencer por cortes no
financiamento de projetos de ajuda ao desenvolvimento no país. "Rejeitamos
todas as ameaças de retirada da ajuda", sublinhou.
Vários países da
União Europeia (UE), incluindo a Alemanha, já suspenderam a assistência
financeira para projetos de desenvolvimento no Egito. A UE quer nos próximos
dias reavaliar suas relações com o país. Os embaixadores dos 28 Estados-membros
da UE se reúnem nesta segunda-feira em Bruxelas, para discutir uma reação
europeia ao derramamento de sangue no Egito. Desde quarta-feira, mais de 750
pessoas foram mortas em confrontos em todo o país, de acordo com dados do
governo egípcio.
"A violência e
matança dos últimos dias não podem ser justificadas nem toleradas em
silêncio", afirma um comunicado conjunto assinado pelos presidentes do
Conselho da UE, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Durão
Barroso. O documento faz um apelo a todas as partes do conflito para que usem
de moderação. Em particular, o Exército e o governo de transição devem, segundo
o texto, colaborar para o fim da violência. A UE exortou os novos governantes
egípcios a também libertarem todos os presos políticos. Entretanto, o
presidente deposto, Mohamed Morsi, não tem seu nome mencionado.
Novos protestos
O governo interino
nomeado pelos militares ameaçou no sábado prosseguir com mão de ferro contra os
terroristas. O presidente do governo de transição, Hazem al-Biblawi, propôs uma
nova proibição da Irmandade Muçulmana.
Os ativistas
muçulmanos, partidários do governo deposto pelos militares no início de julho,
não pretendem desistir de suas reivindicações, apesar das ameaças, prisões e da
violência.
A Irmandade
Muçulmana apelou aos seus partidários para que promovam novos protestos neste
domingo em dois subúrbios do Cairo. Uma manifestação foi agendada para ocorrer
diante do Tribunal Constitucional.
Após os ataques a
delegacias de polícia e prédios governamentais nos últimos dias, o governo deu
ordens às forças de segurança para atirar em qualquer pessoa que participe de
atos de vandalismo contra edifícios públicos.
Prisões
A polícia prendeu
numerosos adeptos da Irmandade Muçulmana na madrugada de sábado para domingo,
de acordo com fontes oficiais, incluindo o conhecido pregador Safuat al Hegazi.
Vários governos ocidentais advertiram os novos governantes de que não tentem
isolar a Irmandade Muçulmana.
O governo egípcio
informou que o ministro do Exterior do país, Nabil Fahmi, telefonou no sábado
tanto para o ministro do Exterior alemão, Guido Westerwelle, como para a chefe
da política externa da UE, Catherine Ashton, e para os ministros do Exterior de
Bahrain e do Reino Unido. Segundo Berlim, Westerwelle teve uma conversa
"séria" com Fahmi e apelou ao governo para que não obstrua o caminho para
uma solução política. Em entrevista ao jornal Bild am Sonntag Westerwelle
classificou os distúrbios no Egito como "uma tragédia".
A organização de
direitos humanos Anistia Internacional tachou o comportamento das forças de
segurança egípcias de "completamente impróprio": "É patente que
eles não fazem diferença alguma entre manifestantes violentos e não
violentos", conclui a entidade.
Após intenso
tiroteio, as forças de segurança esvaziaram no sábado a mesquita de al-Fatah,
no centro do Cairo, prendendo 385 pessoas, segundo o Ministério do Interior
egípcio. O templo havia sido ocupado por centenas de ativistas islâmicos, após
uma manifestação de ativistas pró-Morsi numa praça próxima.
MD/dpa/afp – Edição:
Carlos Albuquerque
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