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Um grupo de
mulheres da Guiné-Bissau inicia na segunda-feira (02.09) uma campanha de
informação dedicada às mulheres para que passem a assumir mais
responsabilidades e poder na sociedade guineense.
Quarenta anos
depois de ter conquistado a independência, a Guiné-Bissau continua a ser
governada por homens, sem que as mulheres tenham obtido um papel relevante no
desenvolvimento do país.
Por isso, várias
mulheres, de diversos quadrantes da sociedade guineense, que se queixavam de
ser fortemente discriminadas e, quase sempre, relegadas para segundo plano,
decidiram unir-se por uma presença mais forte no comando do país.
A União Europeia
investiu cerca de 450 mil euros num projeto destinado a apoiar a participação
destas e de outras mulheres na construção da paz na Guiné-Bissau. A iniciativa
envolve meia centena de organizações não-governamentais e estruturas femininas
de base comunitária.
Mulheres formadas
para a Paz
A ideia da
organização é formar mulheres guineenses nas áreas dos Direitos Humanos,
liderança feminina e prevenção contra a violência de género.
"Vamos levar
algumas dinâmicas que aprendemos aqui para as mulheres poderem entender qual é
o seu papel no terreno”, explica Ana Constância Gomes, uma das formadoras.
Estimular a
participação das mulheres na prevenção e gestão de conflitos nas regiões de
Bafatá, no Leste do país, em Cacheu, no extremo Norte, e no Setor Autónomo de
Bissau, em benefício de todos os habitantes dessas regiões, é uma das linhas
fortes do movimento, explica Ana Constância Gomes.
“Nós, as mulheres,
somos utilizadas como um objeto. Quando existe uma campanha, as mulheres vão
atrás a bater palmas, a dançar, a cozinhar. Mas quando chega o momento da
partilha, nós somos postas de lado. Não temos a mesma visibilidade. Os homens
acham que eles é que são os detentores do poder”, critica. “Isto é um
estereótipo que tem de acabar”, frisa a dinamizadora.
Neste momento, a
campanha de sensibilização está a dar instrução às organizações
não-governamentais nacionais ligadas à proteção dos direitos da mulher e à
prevenção da violência de género. O objetivo é capacitá-las como formadoras e
também como multiplicadoras.
“Se educares uma
mulher, estás a educar uma sociedade. Nós, mulheres, somos capazes de
apaziguar, de resolver problemas. E nós pomos a funcionar o que corre mal”,
defende Ana Constância Gomes.
Eunice Mendes, uma
das participantes, acredita que este tipo de formação chegou no momento certo.
“Nós precisamos dela para transmitir a outras mulheres, que não têm a
oportunidade de aqui estar, as diferenças entre o homem e a mulher e para
explicar qual é o tipo de violência que elas muitas vezes são vitimas e não
sabem”, esclarece.
Projeto estende-se
a todo o país
Com a duração de
dois anos, o projeto prevê a formação de nove organizações não-governamentais
guineenses. Será também reforçada a capacidade de 40 estruturas femininas de
base comunitária das regiões de Bafatá e Cacheu.
Estão previstas 120
ações para tornar eficaz a integração das mulheres nos poderes locais e na
gestão de conflitos.
O projeto está a
ser coordenado pela organização não governamental holandesa SNV, em parceria
com a organização não-governamental guineense RENLUV - Rede nacional de Luta
contra a Violência baseada no Género e Criança da Guiné-Bissau.
Autoria: Braima
Darame (Bissau) - Edição: Nuno de Noronha/António Rocha
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