Eduardo Oliveira
Silva - Jornal i, opinião
Reinhart continha
um erro que levava a concluir que um elevado nível de dívida condenava as
economias a um crescimento lento.
Veio a verificar-se
que faltavam elementos no documento sobre uns quantos países e que portanto as
extrapolações dos dois magníficos professores poderiam estar certas mas partiam
de premissas erradas, o que até seria uma coisa de picuinhas académicos, não se
desse o caso e a triste circunstância de ser com base nesses elementos que foi
construída toda uma teoria pós-crise que determinou as políticas de austeridade
que deixaram a Europa cadavérica.
Numa dimensão mais
limitada mas manifestamente mais próxima do bolso dos portugueses, eis que a
transposição para uma folha de Excel nacional pode ter voltado a ter
consequências nefastas no nosso quotidiano.
Já é azar a mais.
Num primeiro tempo levámos com o erro global. Agora temos o nosso erro
pequenino, até pindérico, mas igualmente fatal para os paupérrimos bolsos da generalidade
dos lusitanos.
Quantos mais erros
se cometem assim? Quantos mais mapas errados são transmitidos (mesmo que de
boa-fé)? Quem confere o quê quando se mandam elementos? Já aqui há tempos se
chamou a atenção para essa circunstância neste espaço, recordando que, por
exemplo, também não se percebe como não existem actas de reuniões
importantíssimas para o Estado em que se explique como se chega a determinadas
decisões e que posições foram assumidas pelos participantes em concreto. Afinal
quem pode ser responsabilizado no futuro?
Para já ninguém.
Talvez até nunca se saiba, porque no mundo de hoje há poucas coisas tão
perigosas como uma simples folha de Excel cheia de números. Sobretudo quando
não se sabe quem os pôs lá e onde os foram buscar.
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