Deutsche Welle
Esta semana, os
trabalhadores dos Correios da Guiné-Bissau fecharam a cadeado as portas das
suas instalações onde também funcionam os serviços da operadora móvel e fixa do
Estado guineense, Guinétel e Guiné Telecom.
Desde 2007, ou
seja, há 52 meses, que os sucessivos governos não conseguem pagar mensalmente
os salários dos funcionários dos correios da Guiné-Bissau. Hoje, com quatro
anos e dois meses de ordenados em atraso, os mais de cem trabalhadores entraram
em greve de cinco dias. Falando em nome dos funcionários, Bernardino Mango
disse à DW África que a greve é uma das formas de pressão sobre o Governo: “O
fecho das portas é legítimo, apesar de haver quem diga que não temos o direito
de trancar as portas por fora. Mas também acho que ninguém tem o direito de
dever a um trabalhador 52 meses de salário. Onde é que está a lei?”
Entre as três
instituições estatais, os serviços dos correios é dos menos utilizados pelos
guineenses e o que menos tem recebido apoios do Estado. Com as revindicações
que se iniciaram no sábado passado, as poucas pessoas obrigadas a recorrer aos
Correios de Bissau, ficaram sem poder enviar ou receber cartas. Como explica
este cliente: “Muitas vezes pode-se utilizar serviços de internet para enviar
documentos. Mas há situações em que é necessário apresentar os documentos
originais. Por exemplo, na inscrição para a universidade”.
Desprezo total do
Governo
Para além dos
Correios estão também afetados os serviços da Guiné Telecom e Guinétel, a
operadora móvel nacional, que funcionam no mesmo edifício. Bernardino Mango,
presidente da comissão de trabalhadores, enumera as reivindicações: “Que sejam
pagos os trabalhadores e que se faça o enquadramento dos trabalhadores que já
trabalham nos Correios há 24 ou 28 anos”.
Os funcionários
acusam diretamente o governo pelo desprezo total que tem votado os
trabalhadores ao longo dos últimos anos, diz Bernardino Mango: “O Governo
desinteressou-se. A distribuição no interior não funciona, já há muitos anos.
Isto é grave”. Só na capital, Bissau, diz o representante dos trabalhadores, é
que funciona o serviço dos Correios. E levanta acusações graves contra o
Governo que, diz, promete mas nunca cumpre: “O dinheiro prometido há duas
semanas nunca foi desbloqueado, não sei porquê. E ficam a enrolar-nos e a dizer
que vai ser resolvido, hoje, que vai ser resolvido amanhã, depois de amanhã. Já
estamos saturados”.
Condições para o
fim da greve
Para reabrirem as
portas dos correios e voltarem aos seus postos, os trabalhadores exigem que o
governo de transição, que atualmente gere o país, pague pelo menos uma parte da
dívida: “Se forem desbloqueados 35 milhões para pagar, pelo menos, os três meses
de salários dos Correios que esperámos receber, então podemos levantar a greve,
ou suspendê-la enquanto duram as negociações”. Para o presidente da comissão de
trabalhadores, o serviço dos correios de Bissau está como está porque o Governo
desconhece totalmente a sua importância para a sociedade do país: “Aqui na
Guiné as pessoas têm o hábito de menosprezar a escrita, pensado que falar é
mais fácil”.
O Governo de
transição remete para mais tarda uma solução do problema. Pelo que, para já, a
greve vai continuar, até que sejam pagos os salários em atraso, respondem os
funcionários.
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