Deutsche Welle
O desejo por uma
mudança na tutela do Ensino Superior seria baseado na ausência de possibilidade
de negociações. Professores universitários já estão em greve há duas semanas e
não viram as suas reivindicaçes atendidas.
Já passaram duas
semanas desde que os professores universitários decretaram greve em Angola. Os
salários e as condições de trabalho são as principais motivações de um caderno
reivindicativo apresentado há mais de um ano, pelos docentes do ensino superior
em Angola.
Os docentes
queixam-se de terem sob a sua responsabilidade a coordenação das cinco regiões
académicas do país, criadas pelo Conselho de Ministros.
O secretário
nacional do Sindicato Nacional de Professores do Ensino Superior (SINPES),
Eduardo Peres Alberto, afirmou que as coisas continuam na mesma. Nas suas
palavras "nem água vem, nem água vai".
O dirigente
sindical afirma que o ministério do Ensino Superior se recusa a dialogar com o
sindicato e a responder aos seis pontos do conjunto de reclamações, dos 5.000
sindicalizados em todo o país. Entre eles, estão professores catedráticos,
titulares, auxiliares e alguns colaboradores.
Exigência de
exoneração
Por esta razão, os
filiados recomendaram ao SINPES a apresentação, em breve, de uma Carta Magna
assinada pelos docentes e que apela ao Presidente da República, José Eduardo
dos Santos, a nomeação de um interlocutor do ensino superior alternativo para
as negociações.
Uma das exigências
é a exoneração do ministro do Ensino Superior, Adão do Nascimento. Peres
Alberto conta que, "há uma recomendação, na Carta Magna que já foi
elaborada, que requer a demissão do senhor ministro por falta de visão e por
incapacidade".
O secretário
nacional do sindicato diz que principalmente no interior, as reitorias de
algumas universidades passaram para a intimidação aos professores devido à
continuidade da greve.
Os sindicalizados
descrevem ameaças como a baixa de categoria ou descontos salariais.
Esclarecimentos em sentido contrário estariam travando a desmobilização dos
docentes à greve.
A adesão à greve
nas universidades públicas do país é superior aos 70%, com excepção de alguns
professores colaboradores, que prestam serviço a outras instâncias do Governo,
que se fazem presentes nas faculdades. Peres Alberto afirma que "os
professores declaram fidelidade à greve".
Os prejudicados são
os alunos
Numa ronda efetuada
pela DW África, em algumas faculdades em Luanda, recorrentemente encontrou-se
cartazes com a frase "Estamos em greve".
Na incerteza de
terem ou não aulas, os estudantes seguem para as faculdades expectantes.
Sentem-se profundamente prejudicados, não só a nível pedagógico, como nas
despesas que têm que assumir na sua deslocação para a faculdade, nesta que é
uma das cidades mais caras do mundo - Luanda.
Entrevistados pela
DW África, são categóricos no apelo por um acordo breve entre as partes
discordantes. Uma estudante revoltada conta que "uma pessoa percorre
distâncias e até agora não temos aulas. Não sei o que se pode fazer",
conclui.
Outro estudante, também
descontente, relata que "realmente as aulas estão paralizadas" e
acrescenta que os prejudicados são os estudantes porque "o ano letivo já é
reduzido e não sabemos como será para fazermos as provas até ao final do
ano".
O Sindicato
Nacional de Professores do Ensino Superior e o ministério do Ensino Superior
continuam de costas voltadas. Os docentes pedem a intercepção do Presidente da
República para a exoneração imediata do atual ministro para assim abrir as
portas ao diálogo.
Autoria: Manuel
Vieira (Luanda) – Edição: Francisca Bicho
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