Deutsche Welle
24 traineiras e
seis barcos-patrulha serão comprados pela Empresa Moçambicana de Atum - EMATUM.
Segundo a imprensa, o Estado garante o pagamento dos barcos, mas crescem
suspeitas por falta de detalhes sobre o negócio.
O Presidente
moçambicano, Armando Guebuza, esteve esta segunda-feira (30.09) na costa norte
francesa, acompanhado pelo homólogo francês, François Hollande. Guebuza deslocou-se
ao porto de Cherbourg e visitou os estaleiros da empresa que vai construir
trinta barcos com dinheiro moçambicano.
Mas enquanto
Armando Guebuza visitava os estaleiros na costa francesa, em Moçambique
persistem as dúvidas sobre o negócio da compra das embarcações.
A imprensa
moçambicana diz que a EMATUM é a responsável pela compra das 24 traineiras e
seis barcos-patrulha. Esta empresa foi criada há apenas dois meses, segundo a
edição na internet do jornal moçambicano "O País". Um mês depois de
ser criada, a EMATUM teria feito a encomenda, avaliada em 300 milhões de euros.
Ainda segundo a
imprensa, a EMATUM é detida maioritariamente pelo Instituto de Gestão de
Participações do Estado (IGEPE) e pelo Serviço de Informação e Segurança do
Estado (SISE).
Costa moçambicana
tem de estar "protegida"
Em França, o
Presidente moçambicano confirmou que o Governo está envolvido na compra dos
barcos e afirmou que o país "precisa de ter a certeza de que a costa está protegida
e que as águas territoriais não são violadas". Na quarta-feira passada
(25.09), o ministro das Finanças, Manuel Chang, já afirmara que os
barcos-patrulha vão ajudar no combate à pirataria.
Mas ao olhar para
as notícias dos últimos dias, o analista do Centro de Integridade Pública
(CIP), Baltazar Fael, fica com várias dúvidas. Baltazar Fael ainda não está
totalmente convencido que estes barcos franceses são mesmo precisos.
Afirma que é
essencial que este negócio seja "transparente e que o Governo dê uma
versão oficial" do assunto e ainda "que mostre de facto, com base nos
contratos que assinou, nas necessidades do país, se de facto o país tem
necessidade de 30 barcos a este valor que se avança de 300 milhões, enquanto se
calhar existem outras prioridades", afirma o analista.
Até agora, faltam
detalhes sobre o negócio. E os membros do executivo moçambicano apresentam
versões contraditórias sobre a origem das dezenas de milhões de euros para
comprar os barcos franceses.
Contradições sobre financiamento
O ministro das
Finanças, Manuel Chang, desmentiu na semana passada as notícias que diziam que
o Governo ia emitir títulos de dívida no valor de 370 milhões de euros para
financiar a compra das embarcações. Segundo o ministro, o Estado funciona
apenas como garante do negócio e só pagará a dívida caso a empresa, a EMATUM,
não puder pagar.
Mas esta
segunda-feira (30.09), o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Henrique
Banze, disse que "o dinheiro do negócio dos barcos vem de um crédito de um
país estrangeiro", que o político não quis revelar à agência de notícias
Associated Press.
A DW África tentou
contactar o Ministério das Finanças e o Ministério da Planificação e
Desenvolvimento de Moçambique, sem sucesso.
Sobre as
contradições no discurso do Governo moçambicano, Baltazar Fael, do CIP, coloca
duas hipóteses: "Ou esta é uma manobra de diversão para distrair as
pessoas e depois de algum tempo esquecerem-se e alguns dos políticos ganharem
com o negócio ou, de outra forma, é revelador de um Governo que não está a
conseguir gerir este processo".
Baltazar Fael
acredita que este processo possa não estar a ser adequadamente gerido pois,
"se a imprensa levantou este assunto é porque há algumas zonas menos
claras neste negócio", conclui.
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