Nas chamadas artes
das políticas e aplicadas pelos políticos a guerra pode não ser apelidada de
guerra mas então essa é a guerra não declarada, isso é o que está a acontecer
em Moçambique neste exato momento. Com medo, as populações fogem, abandonam
suas casas e refugiam-se no mato em busca de alguma segurança, preferindo os perigos
do mato aos perigos da guerra.
A solução é o diálogo entre as partes
litigiantes, neste caso o governo de Moçambique e o partido da oposição com um
exército privado, a Renamo. O que se deseja é que iniciem o diálogo e terminem
com a hecatombe que estão a desenvolver. É o governo que não cede nas conversações
anteriores, é a Renamo que está a ser liderada por um amante da guerra e
inimigo da democracia. É um partido instalado no governo (Frelimo) que está comprometido
com a corrupção e ambição de poder perpétuo, é um partido da oposição (Renamo) que quer
tomar o poder para aplicar a mesma fórmula que a Frelimo - talvez de modo mais
descarado e incidente.
Em tudo isto quem está perdendo é o povo moçambicano,
quem está sendo vítima da ambição desregulada e da má política e da má governação são os
moçambicanos. Esperemos que tudo se resolva rapidamente sem fazerem muito mais
vítimas entre aqueles que dominam ou querem dominar, que exploram ou que querem
explorar. Enquanto durar este impasse e a guerra não declarada ou mesmo
declarada, o povo tem medo, o povo foge. A prova está já aqui em baxo em excertos
do jornal moçambicano O País. Este é o retrato infimo que capta a destruição do
sonho dos moçambicanos: uma nação em paz, justa e desenvolvida.
Leandro
Vasconcelos, Maputo
Escolas abandonadas
As escolas do
distrito de Macossa, em Manica, estão sem alunos. Embora sem adiantar números
exactos, o porta-voz da Direcção Provincial de Educação de Manica, Cardoso
Bacar, confirmou que as crianças estão a abandonar as escolas naquele distrito
por receios duma iminente guerra civil.
Sendo um dos
distritos da província de Manica que mais sofreram durante os 16 anos de guerra
civil, cujos vestígios ainda são muito visíveis, Macossa vinha a conhecer,
embora lentamente, um desenvolvimento que lhe permitiria ultrapassar a memória
do confronto militar. Todavia, o medo voltou.
Cardoso Bacar
lamenta que as memórias e os receios se tenham reacendido a escassos dias dos
exames, temendo que muitos alunos percam o ano lectivo. Bacar referiu-se
apenas ao sector da educação, mas sabe-se que a tensão está a afectar, também,
a vida normal dos residentes, desde a sede distrital até aos postos
administrativos.
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População foge em
debandada escolas e hospitais encerrados
Na sequência dos
tiros de armas ligeiras e pesadas registados durante o assalto à base da
Renamo, os populares residentes na vizinhança iniciariam imediatamente uma fuga
desesperada em busca de local seguro. Desde o dia 17, aliás, quando ocorreram
os primeiros tiros na região de Mucosa, a cerca de 10 quilómetros de Satungira,
parte considerável da população abandonou as residências e actividades
comerciais e pernoitou nas matas.
Dada a aparente
calmia, aos poucos começaram a regressar às residências e, por volta das 13
horas de ontem, foram surpreendidos com novos tiros. “Se é verdade que as FADM
assaltaram e ocuparam a base de Satungira, isto deixa-nos aliviados, mas também
preocupados, tendo em conta que ninguém da Renamo foi capturado e eles tem
armas. Podem regressar a qualquer momento e piorar a situação. O chefe do posto
já pediu para regressarmos a casa, mas temos medo por que não sabemos o que é
que a Renamo pode estar a planear. Eles são capazes de tudo” disse Alfredo André,
líder comunitário no posto administrativo de Vundúzi, local onde está
localizado Santungira.
Forte aparato
militar, composto pelas FADM e a FIR, garante, desde a tarde de ontem, a
segurança na região. Dos cerca de 35 quilómetros que separam a vila sede do
distrito de Gorongosa até à região de Satungira, havia forte presença de
militares. Armados até aos “dentes”.
Neste troço,
usualmente de grande tráfego, não havia ontem qualquer transeunte, excepto
militares e elementos da FIR patrulhando as ruas.
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