Lula da Silva diz
que o FMI “nunca resolveu nenhum problema”
Ex-Presidente
esteve em conferência com António Pires de Lima, Miguel Relvas e José Sócrates. O ex-Presidente do
Brasil, Lula da Silva, disse nesta terça-feira aos jornalistas em Lisboa que os
empresários brasileiros podiam ter investido mais do que os chineses em
Portugal e avisou que o FMI nunca é solução para as crises económicas.
“Eu penso que o FMI
nunca resolveu nenhum problema. Ou seja, muitas vezes o FMI empresta dinheiro a
um país, que ao receber o dinheiro paga a dívida de outros bancos e o prejuízo
fica com a parte pobre da população que trabalha. Sempre foi a assim e sempre
será assim”, disse Luiz Inácio Lula da Silva, antes do início de uma
conferência promovida pelo grupo Odebrecht.
Ressalvando que tem
sempre “muito cuidado” quando fala da “política de outros países”, porque já
não é chefe de Estado, Lula da Silva, quando questionado pelos jornalistas
sobre a crise económica e financeira em Portugal, afirmou que o Brasil devia
ter investido mais no país.
“Nós vimos Portugal
a privatizar algumas empresas importantes e os chineses compraram coisas que
poderiam ter sido empresários brasileiros, em parceria com empresários
portugueses. De qualquer forma, estas crises, que acontecem, são cíclicas e são
sempre oportunidades para a gente fazer coisas diferentes do que a gente vinha
fazendo”, sublinhou o ex-chefe de Estado do Brasil.
Lula da Silva
acredita que os dois países podem fazer muito mais, criticou os dados
“insignificantes” da balança comercial entre Portugal e o Brasil, recordou os
investimentos portugueses na área do turismo, mas considera que as relações
podem intensificar-se.
“No futuro,
Portugal e Brasil têm de fazer aquilo que não fizeram no passado. Ou seja,
estreitar ainda mais as suas relações. Não basta sermos irmãos. Não basta
sermos duas pátrias irmãs. É preciso que a gente transforme essa irmandade –
Brasil e Portugal – na geração de riqueza, parceria entre empresários e
construção de salários. Fazer com que o progresso seja a razão maior da nossa
aliança. Há uma nova oportunidade”, afirmou Lula da Silva.
Para o
ex-Presidente brasileiro, Portugal e Brasil têm um potencial que considera
extraordinário para estabelecer trabalhos “em terceiros países”, sobretudo em
África, referindo que o programa aprovado pela União Africana e que prevê
investimentos para os próximos 40 anos nas áreas da reconstrução e edificação deve
ser aproveitado.
“Portugal e Brasil
poderiam trabalhar juntos na construção de projectos em África, nos países,
sobretudo, de língua portuguesa. Poucos países têm a oportunidade e a chance de
construir, fazer investimentos e fazer desenvolver África. Eu penso que é isso
que tem de acontecer daqui para a frente e se não aconteceu até agora eu acho
que nós não precisamos de ficar lamentando o que não aconteceu. É tentar fazer
a partir de amanhã aquilo que não aconteceu hoje e ontem”, concluiu Lula da Silva.
A conferência
promovida pela Odebrecht foi marcada para hoje no Palácio da Ajuda, em Lisboa,
marcando presença, entre outros, o ministro da Economia, António Pires de Lima,
Miguel Relvas, ex-ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares do actual
Governo, e o ex-primeiro-ministro socialista José Sócrates.
O grupo brasileiro
de construção civil Odebrecht participa actualmente no projecto do
aproveitamento hidroelétrico do Baixo Sabor e esteve envolvido nas obras da
ponte Vasco da Gama, Gare do Oriente, Metro de Lisboa e Barragem do Alqueva.
”Negação da
politica contribui para o fracasso da democracia" - Lula da Silva
O ex-Presidente do
Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse, em Lisboa, que "a negação da
política contribui para o fracasso da democracia".
Na apresentação do
livro do ex-primeiro-ministro português, José Sócrates, no Museu da
Eletricidade, Lula deixou "uma palavra sobre o que se está a passar"
no Brasil.
Admitindo "a
surpresa das pessoas" face aos protestos dos movimentos sociais no Brasil,
numa altura em que o país cresce, Lula da Silva justificou-os com o facto de as
pessoas quererem "manter o ‘status’ adquirido".
Para o ex-chefe de
Estado, foi "normal" que o povo brasileiro tomasse as ruas para
reivindicar melhores condições de vida.
"Tem muita
gente democrata que não gosta de ver o povo na rua", lamentou, pedindo
"coragem para defender a política, porque fora da política não há saída
para melhorar a vida de qualquer pessoa no mundo".
Enumerando uma
lista extensa das "conquistas" dos seus governos, Lula da Silva
alertou que "quando a direita tem medo de perder o poder, ela começa a
induzir a sociedade a não gostar da política" e defendeu que é preciso
"politizar a juventude", concluindo: "Se ninguém presta para
você, entre você na politica."
Lusa da Silva
falava durante a apresentação do livro "A confiança no mundo, sobre a
tortura em democracia" (editado pela Babel), do ex-primeiro-ministro José
Sócrates, tendo também a seu lado o ex-Presidente português Mário Soares
SBR (PMF) // HB -
Lusa
Foto Nelson Almeisa, AFP - em Público
Título PG
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