A tensão militar
causada pelo assalto à base da Renamo, principal partido da oposição em
Moçambique, e a incerteza gerada pela fuga do líder do movimento para parte
desconhecida polariza as manchetes de hoje da imprensa moçambicana.
Afonso Dhlakama,
alguns colaboradores próximos e a sua guarda pessoal abandonaram na
segunda-feira o acampamento onde o líder da Renamo (Resistência Nacional
Moçambicana) vivia há mais de um ano, no centro do país, devido a um ataque do
exército moçambicano ao local.
Pelo segundo dia
consecutivo após a investida do exército a Sandjunjira, os jornais moçambicanos
dão destaque à tensão militar mais grave que Moçambique enfrenta desde o Acordo
Geral de Paz (AGP) de 1992, que acabou com 16 anos de guerra entre a Renamo e o
Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).
"Não há
declaração de guerra no país", é a manchete do principal diário do país, o
Notícias, que puxou para título uma afirmação de Edson Macuácuá, porta-voz do
Presidente moçambicano, Armando Guebuza.
Com a afirmação
usada em parangonas no Notícias, jornal próximo do Governo, Edson Macuácuá
rejeita a ideia de que o ataque a Sandjunjira sinaliza o reinício da guerra em
Moçambique.
Também o diário O
País faz capa com a situação militar, recorrendo para título a uma citação de
Armando Guebuza: "Forças Armadas não podem ficar paradas" face aos
ataques da Renamo, justificando a incursão do exército como "legítima
defesa".
Na segunda página,
o diário escreve que "Renamo reage e ataca comando da polícia em Marínguè",
numa alusão a uma incursão dos homens armados do principal partido da oposição
à vila do distrito de Marínguè, no centro do país.
Pelo mesmo diapasão
alinha o semanário Canal de Moçambique, mas numa perspetiva diferente, com uma
manchete sobre a alegada condenação a 19 anos de prisão de Amade Hassane, o
comandante da Força de Intervenção Rápida, a unidade antimotim da polícia
moçambicana, envolvido no assalto à base da Renamo.
"Traficante de
haxixe comanda FIR em Sandjunjira", escreve o Canal de Moçambique,
lembrando o envolvimento de Amade Hassane num processo de "roubo" de
droga do comando provincial da polícia em Inhambane, sul de Moçambique, que
havia sido apreendida pela polícia.
O diário online
Mediafax também dá realce à tensão política no país e abre com o título
"Ataques (da Renamo) a locais diferentes começam a criar desnorte nas
Forças de Defesa e Segurança" e continua com o tema na segunda notícia
mais importante da edição, através do título "Guebuza fala de paz e Dhlakama
continua desaparecido".
Lusa
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