O Presidente
angolano José Eduardo dos Santos "não tem convicções democráticas" e
os angolanos "devem adotar medidas enérgicas, mas pacíficas", para o
forçar a aceitar reformas políticas, disse hoje em Luanda o líder do segundo
maior partido da oposição.
Abel Chivukuvuku,
presidente da coligação eleitoral Convergência Ampla de Salvação de Angola
(CASA-CE), falava numa conferência de imprensa para apresentar a versão do
partido sobre os acontecimentos dos últimos dias em Luanda, dos quais resultou
a morte de um dos seus dirigentes por efetivos da guarda presidencial, e para
dar a conhecer o programa das cerimónias fúnebres marcadas para quarta-feira.
O corpo do
dirigente Manuel Hilberto Ganga vai sair quarta-feira de manhã do
quartel-general dos bombeiros, em marcha apeada até ao cemitério, numa
distância de cerca de quatro quilómetros, para a qual convidou todos os que
queiram participar no que designou de "evento já comunicado às autoridades
civis e policiais".
Manuel Hilberto
Ganga, dirigente da CASA-CE, foi abatido com um tiro, no sábado, quando tentava
fugir a uma ordem de detenção por ter sido surpreendido, com outros elementos
daquele partido, alegadamente a violar o perímetro de segurança da Presidência
da República, de acordo com um comunicado do porta-voz do Comando Geral da
Polícia Nacional angolana.
No encontro com a
imprensa, Abel Chivukuvuku, que estava rodeado dos principais dirigentes da
coligação, anunciou que o Conselho Executivo Nacional, principal órgão da
coligação entre congressos, deverá reunir nos próximos dias para "decidir
que postura deve a CASA-CE ter em 2014 para a defesa da democracia".
"Neste momento
há um grave retrocesso dos valores e princípios de um processo democrático.
Vamos ver que ações vamos desenvolver para forçar as instituições do Estado a
terem valores e princípios democráticos", acrescentou.
O líder da CASA-CE
responsabilizou o Presidente José Eduardo dos Santos de ser o empecilho às
reformas políticas que Angola necessita.
Com José Eduardo
dos Santos, Abel Chivukuvuku disse que será "muito difícil" e exigirá
"muito trabalho de todos os angolanos", para que Angola tenha uma
"democracia efetiva", porque, acusou, "o atual Presidente, que
concentra todos os poderes, não tem convicções democráticas".
Abel Chivukuvuku
defendeu ainda que não é tempo de "desesperar" e que os angolanos
"têm de acreditar que podem forçar o Presidente a aceitar as reformas que
os cidadãos querem".
O líder da CASA-CE
condenou também a atuação da polícia nos incidentes registados sábado em Luanda
e noutros pontos do país, de que resultaram um morto, quase 300 detidos e,
segundo a oposição, assalto a sedes partidárias, pelas autoridades policias.
"A polícia
agiu de forma violenta excessivamente violenta", frisou, considerando que
tal se deve à "cultura de violência" patrocinada pelo José Eduardo
dos Santos, incutida nas instituições do Estado.
Lusa
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