Filomeno Manaças –
Jornal de Angola, opinião
1.Os angolanos de
Cabinda ao Cunene e do mar ao leste disseram ontem em uníssono, alto e bom som
que “não querem a democracia do caos e da destruição” que Samakuva e a UNITA
pretendem impingir ao país.
A eloquência da
rejeição à proposta do líder da UNITA esteve patente na indiferença mostrada
pelos cidadãos ao apelo ao desacato feito por Samakuva para se desobedecer à
proibição imposta pelo Ministério do Interior às duas principais forças
políticas angolanas de organizarem qualquer tipo de manifestação.
O MPLA acatou a decisão e com isso vincou a sua posição de que é um partido que sabe estar à altura das suas responsabilidades. Mostrou que apesar de ser o partido maioritário e formar Governo acata as regras da democracia e sabe separar as águas.
Apesar do propósito da manifestação convocada por Samakuva e a UNITA ter sido o de paralisar Luanda, a verdade é que a vida na capital do país decorreu normalmente e sem sobressaltos.
A adesão às manifestações, que de pacíficas estavam planeadas para serem violentas e acompanhadas de cenas de vandalismo, foi um autêntico fiasco. O objectivo era deixar Luanda num caos e espalhar a apreensão entre os cidadãos nacionais e estrangeiros. Da imagem de cidade apontada como o exemplo de como um povo que saiu recentemente de uma guerra civil atroz consegue dar a volta por cima e lançar-se, em tão pouco tempo, num ambicioso projecto de reconstrução económica nacional, pretendia-se que dela se ouvisse falar como um espaço de tensão e de confrontação política sem quartel, com grupos de jovens a vandalizar viaturas e estabelecimentos comerciais e a espalhar a desordem por todo o lado. Era essa a imagem que estava preparada para mostrar Luanda ao mundo ontem. Por isso podemos dizer com toda a certeza que Samakuva e a UNITA averbaram uma derrota estrondosa.
Ninguém quer a “democracia do caos” para fazer recuar o país e destruir os progressos alcançados a muito custo, como de resto temos visto nos países onde a chamada “primavera árabe” produziu revolucionários de pacotilha que hoje transformaram muitos deles e os respectivos povos em autênticos pedintes da comunidade internacional.
De todo o país nos chegaram notícias do verdadeiro ambiente de calma e de apego à paz que dominou ontem o dia em várias províncias. As pessoas não querem ouvir falar de outra coisa que não seja o empenho em continuar a marcha pelo caminho certo para o desenvolvimento.
Fica o registo de que o líder do maior partido da oposição teve uma atitude de grande irresponsabilidade política ao desrespeitar uma proibição do Ministério do Interior que orientava a não realização de qualquer tipo de manifestação, tendo em conta o ambiente de crispação existente e a falta de condições de segurança para que decorressem dentro do clima de normalidade que se aconselha para salvaguardar o interesse público.
Não foram somente a UNITA e o seu líder a entrarem em desacato. A CASA-CE também se juntou à “festa dos insultos e injúrias”. Por isso mesmo aquelas duas forças políticas e os seus líderes devem ser responsabilizados politicamente pelas consequências resultantes da sua atitude de desobediência e de provocação às autoridades.
As forças da ordem trataram de garantir a segurança pública e do relato das situações e dos factos registados é notório que o propósito das manifestações desmente de modo inequívoco as declarações de Isaías Samakuva, segundo as quais tinham um objectivo pacífico.
A UNITA e a CASA-CE querem propor-nos um cortejo de insultos e injúrias sob a máscara da democracia. Mas foi a isso que a esmagadora maioria dos angolanos disse ontem um NÃO claro, porque nenhum cidadão que se preze está de acordo que se achincalhe o nome daquele que deu grande parte da sua vida para hoje Angola ser reconhecida como um país em paz, que soube preservar a independência e integridade territorial e está empenhado na grande luta pelo desenvolvimento económico e social.
2. Apesar de a RENAMO ter optado pelo boicote e pelo regresso aos assaltos armados a civis após ser desalojada do seu quartel-general na Gorongosa, o que obrigou o seu líder a refugiar-se em parte incerta, os moçambicanos foram às urnas para as eleições autárquicas.
A decisão mostra bem que a vida não pode parar e que a democracia não depende de um único partido. A resposta que os moçambicanos deram nas urnas ao atribuir nova vitória à FRELIMO na esmagadora maioria do país mostra que também neste caso o povo está apostado na conservação da paz e na luta pelo desenvolvimento económico e social. É o rumo certo.
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