A China decidiu
abrir uma "representação de ligação" em São Tomé e Príncipe, país com
o qual não tem relações diplomáticas, anunciou hoje o Governo são-tomense, que
se congratulou com a decisão de Pequim.
Em declarações à
agência Lusa, o ministro das Obras Públicas, Infraestruturas e Recursos
Naturais são-tomense, Osvaldo Abreu, referiu que a abertura da representação de
ligação foi formalizada na terça-feira, numa cerimónia fechada aos jornalistas.
O ministro referiu
que abertura desta representação "enquadra-se nos interesses" de São
Tomé e Príncipe, que mantém relações diplomáticas com Taiwan, cuja soberania é
reclamada pela China.
"Este ato tem
a ver com a salvaguarda dos interesses dos são-tomenses. Nós sabemos que a
China tem sido o principal investidor no continente africano e um dos
principais no mundo e nós não queremos ficar à margem desta avalanche de
investimentos", disse o ministro, que representou o Governo na cerimónia.
Segundo a mesma fonte,
participaram ainda no encontro dois assessores do Presidente da República,
Manuel Pinto da Costa, o presidente do Movimento de Libertação de São Tomé e
Príncipe -- Partido Social-Democrata (MLSTP-PSD), Jorge Amado, deputados e
membros do Conselho de Estado.
"Fui
manifestar o interesse do Governo em ter e reforçar esta ligação de cooperação
empresarial entre São Tomé e Príncipe e a República Popular da China",
disse o ministro, que se congratulou com o "desejo (da China continental)
de cooperar nesta procura de parceiros para alavancar a economia"
são-tomense.
Zhang Hanwu, antigo
diplomata da China em Lisboa vai dirigir a ligação entre os dois países.
A ministra dos
Negócios Estrangeiros. Cooperação e Comunidades, Natália Umbelina, realizou uma
visita à China no mês passado, que não foi confirmada oficialmente por Pequim.
Por seu lado, o
ministro do Plano e Finanças são-tomense, Hélio Almeida, que participou na IV
Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre
a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), no início de novembro,
como observador, referiu que São Tomé e Príncipe estava a "ponderar"
reatar os contactos oficiais com Pequim.
"É uma questão
que está ser devidamente ponderada. Aliás, o facto de estar aqui alguém do
Governo [de São Tomé e Príncipe] é algo que é extremamente positivo",
disse então aos jornalistas.
A China cortou
relações diplomáticas com São Tomé e Príncipe, em 1997, quando o país africano
estabeleceu contactos oficiais com Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo
Governo chinês após a tomada do poder pelo Partido Comunista, há 64 anos, e que
Pequim considera uma província chinesa e não uma entidade política soberana.
Lusa
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