Macau, China, 07
nov (Lusa) - Deputados à Assembleia Legislativa de Macau defenderam hoje uma
maior aposta no ensino do Português, face ao recente anúncio da criação na
Região Administrativa Especial chinesa de três centros voltados para a
cooperação com o universo lusófono.
"É necessário
formar mais quadros qualificados bilingues nas línguas chinesa e portuguesa.
Como em Macau existem poucos quadros destes, é necessário organizar mais cursos
de formação em língua portuguesa, a fim de incentivar e prestar apoio aos
estudantes e trabalhadores que estão a aprender a língua", defenderam Kou
Hoi In e Cheang Chi Keong, numa intervenção antes da Ordem do Dia no plenário
de hoje.
Os deputados -
ambos eleitos por sufrágio indireto - referiam-se ao anúncio, que saiu da IV
Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre
a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau) de que vão ser criados
três centros: um de serviços para as pequenas e médias empresas dos países de
língua portuguesa, outro de distribuição e um versando o setor das convenções e
exposições.
Neste sentido, para
se coadunar com os futuros centros, "o Governo deve colaborar com os
estabelecimentos de ensino, organizando, em conjunto, cursos sistematizados de
língua portuguesa, ou até mesmo pensar em incluir essa disciplina no programa
do ensino secundário complementar [10.º, 11.º e 12.º anos de escolaridade], a
fim de se formarem mais quadros qualificados", apontou Kou Hoi In.
Esta foi uma das 20
intervenções antes da Ordem do Dia do plenário de hoje - o primeiro a ser
transmitido em direto na televisão, o que apenas acontecia até aqui, aquando da
presença do chefe do Executivo na assembleia.
A habitação foi, de
resto, denominador comum a várias intervenções ou não fosse este, como
sublinhou Si Ka Lon (eleito por sufrágio universal), "o assunto mais
importante para a população e também a causa do descontentamento dos residentes
das classes sociais mais baixas porque a política implementada pelo Governo
para o controlo do mercado imobiliário não consegue resolver o desequilíbrio
entre a oferta e a procura".
"Atualmente, a
procura anual de habitação em Macau é cerca de 4.000 fogos, mas a sua oferta no
mercado varia entre 1.000 e 1.500 fogos por ano, pelo que face à escassez "é
natural o seu preço altíssimo", disse, ao apontar que, desde o início de
2007 até ao final de 2012, o preço da habitação quadruplicou, enquanto o
aumento dos rendimentos da população não atingiu ainda o dobro.
A "diferença
abismal" entre rendimentos e o preço dos imóveis também foi sinalizada por
Ho Ion Sang, para quem "os residentes continuam a duvidar da determinação
e competência do Governo". Já Wong Kit Cheng pediu uma revisão da
legislação relativa ao arrendamento e Zheng Anting solicitou "medidas eficazes
para controlar a subida dos já elevados preços dos imóveis".
Song Pek Kei, por
seu turno, observou melhorias no 'hardware' da Saúde, perante o novo edifício
do Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário, mas notou a
inexistência de planos a longo prazo no que toca ao 'software', sendo a falta
de recursos humanos mais grave no setor de enfermagem.
Já Melinda Chan
mostrou-se atenta ao facto de nos próximos seis meses expirarem vários
contratos de concessão exclusiva em Macau - incluindo os de subconcessão do
Aeroporto (dezembro) e o contrato da TV Cabo (abril de 2014).
"Proponho às
autoridades que procedam a uma avaliação global dos serviços públicos de Macau,
e das vantagens e inconvenientes dos contratos de concessão, e que iniciem os
trabalhos preparativos com antecedência. Como (?) já não correspondem à
realidade atual, as autoridades têm que atualizá-los com determinação e
aproveitar o seu término para avaliar e aperfeiçoar cláusulas, e até considerar
a liberalização do mercado (?), permitir a concorrência liberal e garantir o
fornecimento de serviços públicos estáveis e de boa qualidade", rematou.
DM - Lusa
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