terça-feira, 26 de novembro de 2013

Dilma pressiona tribunal para dar razão a bancos e evitar "caos legal e financeiro

 


A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, está a tentar convencer o mais alto tribunal da nação a adiar uma decisão judicial e evitar "um caos legal e financeiro" que pode custar aos bancos quase 50 mil milhões de euros, refere a agência Bloomberg.
 
De acordo com a agência noticiosa, que cita uma fonte conhecedora da "persuasão" feita pelo gabinete de Dilma junto do Supremo Tribunal do Brasil, o objetivo é que os juízes considerem improcedente uma ação colocada por antigos depositantes que se sentem prejudicados pela política monetária seguida entre 1986 e 1994, quando o Brasil, para controlar a hiperinflação, congelou os depósitos bancários, introduziu uma nova moeda e reduziu as taxas de juro das contas-poupança.
 
Os principais afetados, acrescenta a agência financeira, são a Caixa Económica Federal e o Banco do Brasil, dois dos mais importantes bancos brasileiros, que justificam a pressão que a Presidente tem feito para que a decisão judicial seja adiada durante o maior tempo possível.
 
A notícia surge num contexto de descida das previsões de crescimento económico para o Brasil no próximo ano, a braços com um aumento do défice das contas públicas e com uma inflação acima da meta definida pelo banco central.
 
De acordo com os cálculos do antigo ministro das Finanças Marcílio Marques Moreira, que agora dirige a consultora Conjuntura e Contexto, uma decisão judicial favorável aos depositantes bancários pode "criar um caos financeiro e legal", obrigando os bancos a pagar entre 32 a 48 mil milhões de euros e contraindo os créditos bancários em mais de 320 mil milhões de euros.
 
"Uma decisão desfavorável pode arruinar a nossa economia porque iria custar entre 32 a 48 mil milhões de euros em capital de que os bancos precisariam", afirmou à Bloomberg o antigo ministro das Finanças entre 1991 e 1992, quando o país estava a combater a hiperinflação de dois dígitos.
 
No princípio do mês, o Supremo Tribunal do Brasil afirmou que iria começar a decidir a partir desta quarta-feira o processo relacionado com as perdas dos clientes bancários, e o banco central do Brasil estimou em 47,7 mil milhões de euros o montante que os bancos teriam de devolver aos depositantes caso a decisão lhes seja favorável.
 
O Instituto Brasileiro do Consumidor já se pronunciou favoravelmente sobre as queixas dos consumidores bancários, afirmando que os clientes tiveram de cumprir as regras impostas pelo Executivo da altura, perdendo dinheiro, e beneficiando os bancos, mas esta visão é rejeitada pelo antigo ministro das Finanças, que garante que "os bancos não beneficiaram dessas políticas económicas".
 
Lusa
 

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