sábado, 23 de novembro de 2013

DIRIGENTE DA OPOSIÇÃO ANGOLANA (CASA-CE) TERÁ SIDO MORTO PELA POLÍCIA

 

Jornal de Notícias
 
Um dirigente da coligação eleitoral Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE) terá sido morto hoje de madrugada em Luanda, segundo a direção do partido, mas a polícia não confirmou a informação.
 
A notícia da morte do militante da CASA-CE foi transmitida à Lusa pelo líder do partido, Abel Chivukuvuku.
 
O responsável acusou efetivos da Unidade de Guarda Presidencial (UGP) de terem morto Wilbert Ganga, dirigente da Juventude Patriótica, ala juvenil do partido, o segundo maior da oposição em Angola.
 
"Por enquanto estamos aqui. Ainda vivos. Temos dirigentes presos e a Guarda Presidencial matou à queima-roupa um dos nossos dirigentes", acrescentou Abel Chivukuvuku.
 
Contactado pela Lusa, o porta-voz do Comando geral da Polícia Nacional, comissário Aristófanes dos Santos, disse não ter nenhuma confirmação da morte do dirigente da CASA-CE.
 
"Estou no terreno e não tenho confirmação. Mais logo vamos fazer uma declaração", acrescentou Aristófanes dos Santos.
 
O porta-voz da Polícia Nacional disse não confirmar ainda a alegação por parte da CASA-CE de que cerca de 30 militantes seus teriam sido detidos durante a madrugada.
 
Informações anteriores, veiculadas pelo blogue da CASA-CE, davam conta da detenção de Abel Chivukuvuku, mas este dirigente disse que "tudo não passou de uma confusão".
 
Outro dirigente da CASA-CE, o líder parlamentar André Gomes de Carvalho, disse que se encontram detidos pelo menos 30 militantes do partido, na sequência de uma operação de colagem de cartazes em várias ruas de Luanda.
 
Os cartazes serviam de protesto contra o desaparecimento dos ex-militares Alves Kamulingue e Isaías Cassule, raptados há ano e meio em Luanda quando preparavam uma manifestação antigovernamental e cuja morte resultante do rapto foi admitida em comunicado pela Procuradoria Geral da República de Angola, que acrescentou então terem sido feitas quatro detenções.
 
O rapto e a alegada morte dos dois ex-militares está na origem de uma manifestação convocada para hoje em Luanda pelo maior partido da oposição, UNITA, entretanto proibida pelas autoridades.
 
André Mendes de Carvalho confirmou à Lusa, por outro lado, a "retenção" do deputado Leonel Gomes.
 
"O Leonel Gomes foi transportado para uma esquadra e foi-lhe dada ordem de detenção, mas desconheciam que era deputado. Depois que a situação ficou esclarecida, ele foi autorizado a sair, mas solidariamente mantém-se na esquadra, a acompanhar os companheiros do partido que ainda se encontram detidos", disse André Mendes de Carvalho.
 
A manifestação da UNITA foi proibida durante a noite de sexta-feira pelo Ministério do Interior, que em comunicado lido no principal serviço noticioso da Televisão Pública de Angola justificou a medida com a necessidade de prevenir a eclosão de "fatores de conflitualidade perturbadores da ordem, segurança e tranquilidade públicas e até mesmo da segurança interna".
 
Segundo o Ministério do Interior, além da UNITA, também o MPLA se preparava para se manifestar hoje em Luanda, razão pela qual anunciou a proibição das duas manifestações.
 
Ao fim da noite, em declarações à Lusa, o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, disse à Lusa que o partido iria mesmo assim sair à rua, no que será a primeira manifestação antigovernamental, promovida por um partido político, a sair para a rua em Angola sem ser em período eleitoral.
 
A convocação da manifestação vem na sequência do comunicado divulgado a 13 deste mês pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola sobre quatro detenções relacionadas com o rapto e pesumível homicídio de dois ex-militares.
 
Os dois desaparecidos, presumivelmente mortos, como assumiu a PGR no comunicado, são os ex-militares Isaías Cassule e Alves Kamulingue, raptados na via pública, em Luanda, a 27 e 29 de maio de 2012, quando tentavam organizar uma manifestação de veteranos e desmobilizados contra o Governo de José Eduardo dos Santos.
 
Também dois dias depois do comunicado da PGR, o chefe do serviço de Inteligência e de Segurança do Estado (SINSE) de Angola, Sebastião Martins, foi demitido do cargo por José Eduardo dos Santos.
 
Sebastião Martins acumulava aquele cargo com o de ministro do Interior quando os dois ex-militares foram raptados.
 
Os motivos da exoneração não foram revelados, mas presume-se que estejam relacionados com o alegado envolvimento de agentes do SINSE na presumível morte de Isaías Cassule e Alves Kamulingue.
 

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