Jornal de Notícias
Um dirigente da
coligação eleitoral Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE) terá
sido morto hoje de madrugada em Luanda, segundo a direção do partido, mas a
polícia não confirmou a informação.
A notícia da morte
do militante da CASA-CE foi transmitida à Lusa pelo líder do partido, Abel
Chivukuvuku.
O responsável
acusou efetivos da Unidade de Guarda Presidencial (UGP) de terem morto Wilbert
Ganga, dirigente da Juventude Patriótica, ala juvenil do partido, o segundo
maior da oposição em Angola.
"Por enquanto
estamos aqui. Ainda vivos. Temos dirigentes presos e a Guarda Presidencial
matou à queima-roupa um dos nossos dirigentes", acrescentou Abel
Chivukuvuku.
Contactado pela
Lusa, o porta-voz do Comando geral da Polícia Nacional, comissário Aristófanes
dos Santos, disse não ter nenhuma confirmação da morte do dirigente da CASA-CE.
"Estou no
terreno e não tenho confirmação. Mais logo vamos fazer uma declaração",
acrescentou Aristófanes dos Santos.
O porta-voz da
Polícia Nacional disse não confirmar ainda a alegação por parte da CASA-CE de
que cerca de 30 militantes seus teriam sido detidos durante a madrugada.
Informações
anteriores, veiculadas pelo blogue da CASA-CE, davam conta da detenção de Abel
Chivukuvuku, mas este dirigente disse que "tudo não passou de uma
confusão".
Outro dirigente da
CASA-CE, o líder parlamentar André Gomes de Carvalho, disse que se encontram
detidos pelo menos 30 militantes do partido, na sequência de uma operação de colagem
de cartazes em várias ruas de Luanda.
Os cartazes serviam
de protesto contra o desaparecimento dos ex-militares Alves Kamulingue e Isaías
Cassule, raptados há ano e meio em Luanda quando preparavam uma manifestação
antigovernamental e cuja morte resultante do rapto foi admitida em comunicado
pela Procuradoria Geral da República de Angola, que acrescentou então terem
sido feitas quatro detenções.
O rapto e a alegada
morte dos dois ex-militares está na origem de uma manifestação convocada para
hoje em Luanda pelo maior partido da oposição, UNITA, entretanto proibida pelas
autoridades.
André Mendes de
Carvalho confirmou à Lusa, por outro lado, a "retenção" do deputado
Leonel Gomes.
"O Leonel
Gomes foi transportado para uma esquadra e foi-lhe dada ordem de detenção, mas
desconheciam que era deputado. Depois que a situação ficou esclarecida, ele foi
autorizado a sair, mas solidariamente mantém-se na esquadra, a acompanhar os
companheiros do partido que ainda se encontram detidos", disse André Mendes
de Carvalho.
A manifestação da
UNITA foi proibida durante a noite de sexta-feira pelo Ministério do Interior,
que em comunicado lido no principal serviço noticioso da Televisão Pública de
Angola justificou a medida com a necessidade de prevenir a eclosão de "fatores
de conflitualidade perturbadores da ordem, segurança e tranquilidade públicas e
até mesmo da segurança interna".
Segundo o
Ministério do Interior, além da UNITA, também o MPLA se preparava para se
manifestar hoje em Luanda, razão pela qual anunciou a proibição das duas
manifestações.
Ao fim da noite, em
declarações à Lusa, o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, disse à Lusa que o
partido iria mesmo assim sair à rua, no que será a primeira manifestação
antigovernamental, promovida por um partido político, a sair para a rua em
Angola sem ser em período eleitoral.
A convocação da
manifestação vem na sequência do comunicado divulgado a 13 deste mês pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola sobre quatro detenções
relacionadas com o rapto e pesumível homicídio de dois ex-militares.
Os dois
desaparecidos, presumivelmente mortos, como assumiu a PGR no comunicado, são os
ex-militares Isaías Cassule e Alves Kamulingue, raptados na via pública, em
Luanda, a 27 e 29 de maio de 2012, quando tentavam organizar uma manifestação
de veteranos e desmobilizados contra o Governo de José Eduardo dos Santos.
Também dois dias
depois do comunicado da PGR, o chefe do serviço de Inteligência e de Segurança
do Estado (SINSE) de Angola, Sebastião Martins, foi demitido do cargo por José
Eduardo dos Santos.
Sebastião Martins
acumulava aquele cargo com o de ministro do Interior quando os dois
ex-militares foram raptados.
Os motivos da
exoneração não foram revelados, mas presume-se que estejam relacionados com o
alegado envolvimento de agentes do SINSE na presumível morte de Isaías Cassule
e Alves Kamulingue.
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