Ana Meireles –
Diário de Notícias - ontem
O ex-presidente da
República comparou hoje a atual classe política com os políticos do tempo em
que era primeiro-ministro, considerando que naquela altura nenhum membro do seu
partido "tocava em dinheiros públicos". Mário Soares acusou ainda
Cavaco Silva de pertencer ao "bando do Governo.
Ao comparar os
contributos para um Portugal democrático e justo, antes e depois do 25 de
Abril, por parte de um dos fundadores do PS, Salgado Zenha, o antigo líder
socialista e também ex-primeiro-ministro assegurou que nenhum membro do seu
partido "tocava em dinheiros públicos", após uma homenagem àquele
amigo e advogado, na Fundação Mário Soares.
"Acho que não.
Em primeiro lugar, ninguém tocava nos dinheiros públicos. Nunca tocou. Dos
socialistas, felizmente, não há um único de quem se diga que tocou em dinheiros
públicos", defendeu, quando questionado sobre a existência de paralelo com
a atual classe dirigente.
Instado a
concretizar as suspeitas, Soares afirmou não ser "da polícia".
"Quem rouba é
sempre um caso de polícia. Muitas vezes, sabemos, há ladrões, mas não vão à
polícia, nem são julgados, mas isso é a situação. A polícia está zangada, os
militares estão zangados - desde os generais até cá a baixo -, a Igreja está
zangada. Quem é que não está zangado com este Governo?", inquiriu.
Perante a sugestão
de que o Presidente da República seria uma das pessoas que não está em
desacordo com o executivo da coligação PSD/CDS-PP, o fundador do PS sugeriu
haver uma ação concertada.
Mário Soares
afirmou que o atual chefe de Estado "pertence ao bando" do Governo,
liderado pelo social democrata Passos Coelho, voltando a sugerir tratar-se de
um "caso de polícia".
"Esse (Cavaco
Silva) não está (em desacordo com o governo) porque pertence. Pertence ao
bando, infelizmente", atirou.
Também presente na
sessão evocativa de Salgado Zenha, outro antigo líder socialista e
ex-presidente da República, Jorge Sampaio, furtou-se a comentar matérias da
atualidade política, mas deixou a sua opinião sobre a questão no ar.
"Isso é muito
difícil de responder, mas imaginem qual é a resposta", afirmou Sampaio.
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