O administrador
moçambicano Manuel Aranda da Silva, do Banco Terra, defendeu que Maputo é mais
seguro do que 90 por cento das capitais de África e da América Latina, apesar
dos recentes casos de sequestros.
"Os problemas
de insegurança assustam as pessoas e criaram uma certa instabilidade, mas
Maputo é uma cidade mais segura do que 90% das cidades capitais de África e da
América Latina", disse, em Lisboa, o antigo ministro moçambicano do
comércio.
Em declarações aos
jornalistas, após intervir numa mesa redonda sobre a atual situação de
Moçambique, promovida pelo Instituto Marquês de Valle Flor e pela Fundação AIP,
o responsável exemplificou que no México houve 100 mil raptos no ano passado e
na Venezuela foram sequestrados 20 portugueses nos últimos meses.
Para Aranda da
Silva, a criminalidade surge associada ao desenvolvimento de Moçambique:
"Quando há dinheiro, há mais ganância".
"O que é
importante é que haja um sistema de justiça e um sistema policial que enfrente
e reduza" o problema, sustentou.
Questionado sobre o
desenvolvimento do país perante a instabilidade provocada pelos sequestros e a
crise político-militar no país, Aranda da Silva mostrou-se convicto de que
Moçambique continuará a crescer.
"Estabilizando
politicamente depois das eleições autárquicas e depois das presidenciais do
próximo ano, tenho razões para crer que o desenvolvimento de Moçambique vai
continuar, os investimentos não vão parar porque houve uma certa instabilidade",
afirmou.
O responsável
afirmou ainda que a tensão entre o partido no poder, a Frelimo, e o principal
partido da oposição, a Renamo, "tem de ser resolvida".
"A Renamo é um
dos partidos mais importantes em Moçambique. Tem de haver diálogo e penso que o
governo está a procurar essas soluções neste momento", disse.
O diálogo com a
Renamo, sublinhou, "tem de ser conduzido de forma a evitar que haja
instabilidade nas estradas moçambicanas porque isso cria problemas à população
em geral e impede o desenvolvimento".
Moçambique vive uma
crise desde que, a 21 de outubro, uma operação do exército moçambicano
desalojou Afonso Dhlakama da base de Sadjundjira, na Gorongosa, centro de
Moçambique, onde o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) residia
há cerca de um ano.
O país tem também
sido notícia em Portugal devido aos recentes casos de sequestros que têm
atingido portugueses em Maputo.
Manuel Aranda da
Silva, membro do Conselho de Administração do Banco Terra em Maputo, foi o
convidado da mesa-redonda intitulada "Moçambique: Paz Ameaçada?",
promovida pelo Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF), a Fundação AIP, o
EuroDefense-Portugal e a AFCEA-Portugal, que decorreu hoje em Lisboa.
FPA // APN – Lusa –
foto António Silva
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