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A ausência da
RENAMO nas eleições autárquicas é vista por analistas como uma oportunidade
para o MDM vencer o processo na cidade de Nampula, um dos bastiões da RENAMO. E
aqui a caça ao voto está a ser bem aproveitada.
Mahamudo Amurane,
40 anos de idade, é candidato do MDM, Movimento Democrático de Moçambique e
segundo maior partido da oposição, para a cidade de Nampula.
Eram 9 horas e 53
minutos desta segunda-feira (12.11.) quando Amurane se deslocou em campanha
para o populoso bairro de Murrapaniua, algures na cidade de Nampula.
Murrapaniua é um bairro onde os seus residentes são na sua maioria apoiantes do
partido da oposição.
Mahamudo Amurane, acompanhado por membros e simpatizantes, foi de casa em casa, para pedir votos para si e para o MDM: “Vote em mim, sou filho daqui”.
Mahamudo Amorane disse à DW África que não quer apenas conquistar os votos da RENAMO, o maior partido da oposição, como também da própria FRELIMO, o partido no poder, que nos últimos anos não conseguiu resolver os problemas dos munícipes.
A ideia do
candidato do MDM é também apelar ao dever civico: "Não é resgatar os
votos, é despertar a toda gente, seja da RENAMO ou da FRELIMO, para que
realmente afluam às mesas de votação e possam escolher as propostas dos
candidatos que acham mais capazes para resolver os seus problemas."
Por isso Amurane
chama toda a gente, e não apenas um grupo específico e justifica porquê:
"Quem sofre com a falta de água não é só da RENAMO, da FRELIMO, do MDM,
são todos os residentes. E é a essa população a quem dizemos que vamos trazer
água, que vamos abrir vias de acesso. Esperamos que entendam essa mensagem e
acreditem no que somos capazes."
A luta pela
manutenção do poder
Mohamed Amurane promete, caso seja eleito, não decepcionar o eleitorado. Segundo ele, na sua governação os cidadãos serão respeitados e envolvidos nos processos de tomada de decisão.
Entretanto, a FRELIMO, que está no poder no município de Nampula nos últimos 15 anos, também quer aproveitar ao máximo esta campanha eleitoral. A FRELIMO e o seu candidato, Adolfo Absalão Siueia, têm mantido contatos diretos com as pessoas residentes nos bairros onde nunca teve grandes vitórias como as localidades de Namicopo, Napipine e Muatala.
Absalão Siueia diz que os eleitores de Nampula deixados à sua sorte pela RENAMO já foram conquistados a seu favor, daí que irão votar nele porque personifica a experiência e principalmente por ter sido proposto por um partido maduro politicamente: "A avaliar pela emoção e participação dos eleitores pelos lugares por onde passamos (a campanha) é positiva, a favor da minha pessoa e do meu partido FRELIMO."
Além do MDM e da FRELIMO, concorrem para o município de Nampula outros dois candidatos, dois partidos e uma organização da sociedade civil.
Trata-se de Filomena Mutoropa, proposto pelo Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO), Mário Albino da Associação de Educação Moral Cívica na exploração dos Recursos Naturais (ASSEMONA), e a coligação constituída pelo Partido para Paz Democracia e Desenvolvimento (PDD), e Aliança Democrática (AD), que concorre apenas para os assentos da Assembleia Municipal.
E para quem vão os
votos da RENAMO?
Entretanto, alguns académicos e juristas residentes em Nampula entrevistados pela DW África, dizem que a ausência da RENAMO no escrutínio de 20 de novembro, poderá provocar muitas abstenções.
António Anlí, académico e docente universitário em Nampula diz que se os partidos concorrentes trabalharem bem até podem receber votos do partido da perdiz, ou seja, a ave que simboliza a RENAMO.
Mas, o jurista e membro do observatório eleitoral de Nampula, Arlindo Muririua, duvida que no sufrágio de 20 de novembro, os eleitores apoiantes da RENAMO tomem parte no processo, uma vez que, muito deles, não tiveram o privilégio de se recensear: ”Nenhum membro da RENAMO se recenciou nesta província, e sabemos que a maioria da população aqui é da RENAMO."
Face a essa
situação Muririua considera que "não indo às urnas, realmente é uma
pequena parte dos simpatizantes da FRELIMO/RENAMO que se desviou para o MDM,
mas os membros da RENAMO não vão votar porque não se recensiaram."
Muririua referiu que, para além das abstenções muitos votos daqueles que outrora depositaram a sua confiança na RENAMO "poderão agora entregar o seu voto ao MDM, uma vez que o partido inclui nas suas fileiras muitos dissidentes da própria RENAMO".
O colaborador do
observatório eleitoral afirma ainda que, apesar de o processo ter decorrido sem
sobressaltos até ao momento, prevê-se muitas reclamações no ato de divulgação
dos resultados, devido a supostas violação e viciação dos resultados pelo partido
no poder.
Autoria: Nelson
Miguel Carvalho (Nampula) – Edição: Nádia Issufo / António Rocha
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