domingo, 3 de novembro de 2013

“O BRASIL É O ÚNICO PAÍS EM QUE O RACISMO DEU CERTO”

 

Pragmatismo Político
 
"O Brasil é o único país em que o racismo deu certo. Aqui parece existir um pacto: o negro finge que não é discriminado e o branco finge que não discrimina, por esse motivo ambos vivem bem"
 
A noite da última terça-feira, reservada para o curso de Publicidade e Propaganda na IV Semana de Comunicação da FAPSP (SECOM FAPSP 2013), trouxe o cartunista, publicitário e diretor-executivo da Revista Raça, Maurício Pestana, que palestrou sobre o tema “A Presença do Negro na Publicidade”.
 
O publicitário começou sua palestra mostrando um vídeo que trata sobre os estereótipos da população negra, que são projetados pela mídia. “O negro sempre aparece como empregado, pobre, ladrão e nunca em altos cargos”, ressaltou.
 
Com indignação e sarcasmo, Pestana questionou o fato de não existirem negros nos filmes brasileiros ou nas novelas. Exemplificou a questão citando o longa “Central do Brasil”: “Como um filme brasileiro, feito no Nordeste, não tem personagens negros?”
 
O palestrante falou sobre o início de sua carreira como cartunista e sobre a ideia de trabalhar com um estilo de cartum mais politizado.
 
“Um amigo meu disse que não existiam cartunistas negros e que se eu fizesse cartum de negros seria diferente, daria certo”, revelou.
 
Deu tão certo que Pestana é cartunista há mais de 30 anos. Ele declarou que o negro sempre foi mais vítima da desigualdade social que o branco e que, apesar disso, hoje existem mais negros em universidades do que no século passado.
 
“O Brasil é o único país em que o racismo deu certo. Aqui parece existir um pacto: o negro finge que não é discriminado e o branco finge que não discrimina, por esse motivo ambos vivem bem”, argumentou o cartunista.
 
Os alunos participaram ativamente do debate, levantando questões sociais e abordando temas polêmicos, como as cotas nas universidades, as quais, aliás, são defendidas por Pestana.
 
Sobre a cultura negra, o publicitário declarou que o fato de existir a vontade de implantar a história do negro na educação já é um avanço. “As pessoas não têm acesso às coisas boas que os negros fizeram no Brasil. É preciso mudar isso”, disse.
 
Para finalizar a palestra, Maurício Pestana escolheu uma frase da jornalista Miriam Leitão: “O Brasil não será um país de primeiro mundo enquanto não resolver o problema da desigualdade social”.
 
*Milene Morgado, aluna do 6º semestre de Jornalismo (período noturno) da FAPSP / Geledés
 

1 comentário:

Anónimo disse...

“Como um filme brasileiro, feito no Nordeste, não tem personagens negros?”

O que uma coisa tem a ver com a outra? BASTA DIZER QUE APENAS UMA PARTE DO FILME SE PASSA NO NORDESTE.

E O SEMI-ÁRIDO É DE MAIORIA NEGRA, POR ACASO? NÃO É !!!

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