Pragmatismo Político
"O Brasil é o
único país em que o racismo deu certo. Aqui parece existir um pacto: o negro
finge que não é discriminado e o branco finge que não discrimina, por esse
motivo ambos vivem bem"
A noite da última
terça-feira, reservada para o curso de Publicidade e Propaganda na IV Semana de
Comunicação da FAPSP (SECOM FAPSP 2013), trouxe o cartunista, publicitário e
diretor-executivo da Revista Raça, Maurício Pestana, que palestrou sobre o tema
“A Presença do Negro na Publicidade”.
O publicitário
começou sua palestra mostrando um vídeo que trata sobre os estereótipos da
população negra, que são projetados pela mídia. “O negro sempre aparece como
empregado, pobre, ladrão e nunca em altos cargos”, ressaltou.
Com indignação e
sarcasmo, Pestana questionou o fato de não existirem negros nos filmes
brasileiros ou nas novelas. Exemplificou a questão citando o longa “Central do
Brasil”: “Como um filme brasileiro, feito no Nordeste, não tem personagens negros?”
O palestrante falou
sobre o início de sua carreira como cartunista e sobre a ideia de trabalhar com
um estilo de cartum mais politizado.
“Um amigo meu disse
que não existiam cartunistas negros e que se eu fizesse cartum de negros seria
diferente, daria certo”, revelou.
Deu tão certo que
Pestana é cartunista há mais de 30 anos. Ele declarou que o negro sempre foi
mais vítima da desigualdade social que o branco e que, apesar disso, hoje
existem mais negros em universidades do que no século passado.
“O Brasil é o único
país em que o racismo deu certo. Aqui parece existir um pacto: o negro finge
que não é discriminado e o branco finge que não discrimina, por esse motivo
ambos vivem bem”, argumentou o cartunista.
Os alunos
participaram ativamente do debate, levantando questões sociais e abordando
temas polêmicos, como as cotas nas universidades, as quais, aliás, são
defendidas por Pestana.
Sobre a cultura
negra, o publicitário declarou que o fato de existir a vontade de implantar a
história do negro na educação já é um avanço. “As pessoas não têm acesso às
coisas boas que os negros fizeram no Brasil. É preciso mudar isso”, disse.
Para finalizar a
palestra, Maurício Pestana escolheu uma frase da jornalista Miriam Leitão: “O
Brasil não será um país de primeiro mundo enquanto não resolver o problema da
desigualdade social”.
*Milene Morgado,
aluna do 6º semestre de Jornalismo (período noturno) da FAPSP / Geledés
1 comentário:
“Como um filme brasileiro, feito no Nordeste, não tem personagens negros?”
O que uma coisa tem a ver com a outra? BASTA DIZER QUE APENAS UMA PARTE DO FILME SE PASSA NO NORDESTE.
E O SEMI-ÁRIDO É DE MAIORIA NEGRA, POR ACASO? NÃO É !!!
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