terça-feira, 26 de novembro de 2013

OS GRANDES LADRÕES DE PORTUGAL PASSEIAM-SE GARBOSAMENTE IMPUNES

 

António Veríssimo
  
SOBRELOTADAS, TRATAMENTO DESUMANO E DEGRADANTE NAS PRISÕES PORTUGUESAS
 
Pequenos crimes, regra geral e não incluindo os violentos, são aqueles que os marginalizados da sociedade cometem. Esses são punidos com prisão. Grandes crimes, regra geral, não são punidos e raramente alvo de investigação. Quais são os grandes crimes? Aqueles que envolvem a corrupção das elites políticas associadas às elites financeiras, aos banqueiros, às suas famílias e às grandes empresas. Porque será que não vimos os políticos a insurgirem-se contra a corrupção crescente, contra as negociatas de figuras político-partidárias e seus apaniguados ou “patrões”?
 
Portugal é reconhecido internacionalmente por ser o terceiro país da Europa mais corrupto. Alguma vez vimos esse debate e tomada de medidas efetivas por parte dos deputados da Assembleia da República para combater esses grandes crimes? Essa realidade? Não. O que se vê são aplicações de “paninhos quentes” que legislam o faz-de-conta do contra a corrupção. O que ouvimos e constatamos é que existem deputados ao serviço de grandes interesses empresariais, de grandes corporações. Alguma vez vimos Cavaco Silva, Presidente da República, referir-se contra a corrupção propondo o seu combate efetivo? Não. Compreende-se. Vindo de quem vem esse silêncio ainda melhor se compreende que sobre Cavaco seja dito que tem “telhados de vidro” ou que após este seu último mandato como PR deve ser investigado e julgado.
 
Os poderosos, pelo falado à boca cheia e por indicios sugeridos com alguma frequência na comunicação social, passeiam-se pela corrupção e pelo nepotismo impunemente. Esses são os grandes crimes, impunes. Crimes cujos autores não fizeram nem fazem parte da população prisional. Contudo a população prisional aumentou exponencialmente nestes três últimos anos. As prisões portuguesas estão sobrelotadas e em degradação profunda. Disso nos deu conta o relatório do Comité Europeu para a Prevenção da Tortura e das Penas ou Tratamentos Desumanos ou Degradantes. No Jornal de Notícias o título esclarece: “Estabelecimento prisional de Lisboa com sobrelotação de 150%”. Mas não é só esta prisão que se encontra em tão péssimas condições. O JN refere também no seu texto: “Celas húmidas, gesso a cair das paredes, janelas partidas, falta de iluminação artificial, colchões velhos foram encontrados pelos peritos do CPT na maioria das áreas da cave da cadeia. O CPT assinala que tais condições podem configurar "tratamento desumano e degradante".
 
Uma vergonha para Portugal. Uma prova da desumanização e o debulho em curso por parte dos poderosos no governo, na Assembleia da República e na Presidência da República, aliados às grandes corporações empresariais, aos bancos e a tutti-quanti constituem a máfia que há muitos anos vem delapidando Portugal e o que pertence a todos os portugueses por ser fruto do seu trabalho e patriotismo. As prisões de Portugal estão a abarrotar, estão sobrelotadas, mas é o povo mais carenciado desde a nascença que lá está. Os grandes ladrões, os verdadeiros ladrões de Portugal passeiam-se impunes. Os vampiros. Os poderosos.
 

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