Eduardo Oliveira
Silva – jornal i, opinião
O papel dos
presidentes é um bem comum essencial
Angola celebrou
ontem (11.10) mais um ano de independência. Na altura, a data, é bom que se diga,
antecedeu pouco o 25 de Novembro de 75 em Portugal e é a prova evidente de que
os dois países foram colocados coincidentemente nos carris das suas históricas
circunstâncias.
Foi portanto no dia
de S. Martinho que nasceu um dos países que hoje é dos mais prósperos de África
e que mais contribuem para o desenvolvimento das economias europeias, a começar
pela portuguesa.
Todos sabemos que
as relações formais entre Angola e Portugal atingiram nesta fase um dos seus
pontos mais críticos de sempre. É um problema de fundo para as duas partes,
cuja recuperação está nas mãos de instâncias bem definidas: o poder judicial e
o poder político no seu âmbito mais alto.
Quanto à relação
judicial, nada há de extraordinário a fazer. Basta que não atirem para a praça
pública os nomes de figuras de Estado como se fossem arguidos condenados quando
na realidade nem à condição de suspeitos chegam.
No campo político a
questão é mais delicada mas mais objectiva. A normalização passa por duas
figuras que se conhecem bem e que aparentemente se estimam há longos anos,
quando ambos podiam ainda ser vistos como líderes de facção e não tinham
adquirido uma dimensão nacional incontornável.
Hoje, José Eduardo
dos Santos e Cavaco Silva são os chefes de dois estados absolutamente
independentes, mas que têm entre si uma relação que passa pela formação da
consciência e do próprio raciocínio cultural de cada povo e cujas ligações
económicas, culturais e, apesar de tudo, políticas, são incontornáveis.
Ninguém sabe mais
de Angola fora de lá do que os portugueses. Ninguém sabe mais da sociedade
portuguesa fora de cá do que os angolanos.
A palavra da
conciliação, o momento da reaproximação, o restabelecimento do traço de união
formal, porque o informal nunca se diluiu, está nos dois presidentes da
República, porque não foi evidentemente por acaso que José Eduardo dos Santos
colocou o patamar tão alto.
Os governos, os
partidos, as empresas e os próprios fazedores de opinião apenas têm, nesta
fase, de procurar a concretização dos passos certos de aproximação, de forma
que se crie um ambiente convergente que permita aos chefes de Estado darem os
sinais oportunos de que estão criadas as condições de normalização, embora -
repete-se - estas não possam partir de cima para baixo, como no uso de varinhas
mágicas.
Há elementos que
permitem dizer que os primeiros passos vêm a caminho mas que uma consolidação
ao mais alto nível precisa ainda de sedimentação política, diplomática e
económica.
P.S. Por qué no te
callas, Rui????!!!! É só isso.
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