Condecorado hoje
pela Câmara de Paris, Mário Soares diz que o ex-primeiro-ministro "é outro
homem" depois de dois anos na capital francesa.
Daniel Ribeiro – correspondente em Paris - Expresso
Mário Soares adora
Paris e não se cansa de o realçar. "Aprendi tudo aqui, durante meu exílio
em França com os socialistas franceses, e sou o que sou porque aprendi
convosco", disse hoje o ex-Presidente português numa cerimónia na Câmara
de Paris, onde foi condecorado com as chaves de ouro da cidade.
Mário Soares
dirigia-se a Bertrand Delanoë, maire de Paris, e a Lionel Jospin, antigo
primeiro-ministro e ex-líder do PS francês.
Antes dele, no seu
discurso, Delanoë foi também muito laudatório para Soares, a quem chamou de
"papá dos portugueses" e "farol da social-democracia na
Europa".
"Durão apenas
pensa em dinheiro"
Na tribuna, Soares
atacou o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso e a troika. "Durão
Barroso não sabe o que quer, apenas pensa em dinheiro e nós, portugueses,
estamos a dar o pouco dinheiro que temos à troika e aos mercados!",
exclamou.
O antigo Presidente
da República elogiou com ênfase particular José Sócrates, que se encontrava
entre os convidados. "Sou um grande amigo de Sócrates e penso que ele está
a passar pelo mesmo que eu passei, que vivi aqui quatro anos no exílio - penso
que ele, depois de dois anos em Paris, também é outro homem, com uma cultura
que não tinha antes", frisou.
Depois do discurso
oficial no qual atacou duramente a austeridade, o Governo português e a
chanceler alemã Angela Merkel, dizendo que sem mudanças a Europa arrisca cair
numa nova guerra mundial, Soares recusou, em declarações ao Expresso, dizer se
apela a uma nova revolução em Portugal.
"Não me faça
perguntas dessas, mas o povo português não é apático, está é amedrontado,
achincalhado, desesperado, desempregado, devido à política do Governo",
explicou.
Na cerimónia, na Câmara de
Paris, estiveram presentes diversas personalidades francesas e portuguesas. Lionel
Jospin disse ao Expresso que acha Mário Soares uma referência para a democracia
europeia. "Ele provou que existia um socialismo sem ditadura", explicou
o ex-chefe do Governo socialista francês ao Expresso.
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