Lisboa, 21 nov - O
"capitão de Abril" Vasco Lourenço avisou hoje os governantes de que,
"ou saem a tempo, ou vão ser corridos à paulada", à entrada para a
conferência promovida pelo antigo Presidente da República Mário Soares, em Lisboa.
"É preciso
acabar com esta situação miserável que o país está a viver. Já há bastante
tempo que venho dizendo que o poder foi assaltado por uma bando de mentirosos,
corruptos. É preciso acabar com isso. Eles ou saem enquanto têm tempo ou
qualquer dia, como dizia há uns dias em Alcaçovas, vão ser corridos à paulada,
se não for pior", afirmou o antigo militar.
À entrada para a
Aula Magna da reitoria da Universidade de Lisboa, onde vai decorrer a
conferência "Em defesa da Constituição, da Democracia e do Estado
social", Vasco Lourenço frisou que tem vindo a repetir este alerta
"há mais de três anos".
"Também não
quero a violência de maneira nenhuma. Agora, não me parece possível que o país,
que o povo português, continue a aguentar o que está a aguentar por muito mais
tempo", declarou.
Silva Pereira:
"Estamos em legítima defesa colectiva da Constituição"
O deputado
socialista Pedro Silva Pereira afirmou hoje que os participantes na conferência
promovida por Mário Soares estão em legítima defesa coletiva da Constituição e
criticou a passividade do Presidente da República.
Pedro Silva
Pereira, que foi o braço direito do ex-primeiro-ministro José Sócrates, fez
estas declarações à entrada para a conferência "Em Defesa da Constituição,
da Democracia e do Estado social", na Aula Magna da Reitoria da
Universidade de Lisboa e que teve o ex-Presidente da República Mário Soares
como principal promotor.
"Defender a
Constituição neste momento já não é apenas defender o Estado social, mas também
defender o Estado de Direito. Estamos aqui em legítima defesa coletiva da
Constituição perante a agressão das políticas do Governo", declarou o
ex-ministro da Presidência.
Questionado sobre
se concorda com Mário Soares quando este pede a demissão de Cavaco Silva, Pedro
Silva Pereira respondeu: "Esperava que o Presidente da República fosse
mais ativo a defender a Constituição".
Sampaio apela a
esforço de congregação num quadro de legitimidade
O ex-Presidente da
República Jorge Sampaio apelou hoje a um esforço sério e responsável de
congregação nacional para permitir, num quadro político de legitimidade
democrática renovada, superar os actuais bloqueios e "a desesperança"
em relação ao futuro.
Esta posição consta
na mensagem que o ex-chefe de Estado enviou à conferência "Em Defesa da
Constituição, da Democracia e do Estado Social", que teve como principal
impulsionador o ex-Presidente da República Mário Soares.
Segundo Sampaio, em
momentos de profunda crise, como o que Portugal atravessa, "a comunidade
precisa de uma base sólida de valores, de princípios, de referências e de
grandes objectivos que reforcem o espírito de pertença a uma história e a um
destino comum, que forneçam coesão a um tecido social frágil e em risco de
desagregação e, sobretudo, que permitam construir um projecto de esperança e de
futuro".
"Num Estado de
Direito democrático essa base é a Constituição", referiu.
Para o
ex-Presidente da República, o conjunto de valores da Constituição
"interpela [os cidadãos] enquanto apelo qualificado a um esforço sério e
responsável de congregação nacional que permita, num quadro político de
legitimidade democrática renovada, superar o bloqueio e a desesperança que
ameaçam o futuro coletivo".
"A defesa da
Constituição e de um patriotismo constitucional assente sobre os princípios de
justiça social e sobre os direitos fundamentais que ela consagra impõe-se-nos,
nos dias difíceis que vivemos, como dever cívico e imperativo de consciência
democrática. Falo de uma Constituição viva, aplicada como norma jurídica no dia
a dia, atualizada e renovada na interpretação legítima dos tribunais e do
Tribunal Constitucional, que em última análise a garante", acrescenta
Jorge Sampaio.
Lusa, em Notícias ao Minuto
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