Helder Fernando –
Hoje Macau, opinião, em À Flor da Pele
I - Nesta RAEM onde
sobrevive, nos momentos quase finais, a população chinesa natural de Macau, que
mal fizeram os residentes para em cada mês terem de pagar por um, duas ou três
assoalhadas, quantias mensais próximas de um salário de trabalho?
Que mal fez a
população de Macau, e a quem, para que uns descendentes de milionários
condecorados e apaparicados, num passado recente, pela administração portuguesa
na região e ainda pelo governo de Lisboa, depois colocados no poder pela
habitual lógica, protectora entre eles, concebam e estimulem incondicionalmente
a inexistência de medidas que travem a medonha especulação imobiliária, e
outras, sempre a subirem?
Que mal fizeram os
residentes para que não apareça ninguém com peso político inatacável, a
influenciar o contrário desta escandaleira que fere a alma das pessoas? Sem
qualquer necessidade, apoiam-se todas as medidas ou a inexistência de outras,
para que uma minoria financeiramente nas alturas olha cá muito para o fundo sem
sentir vertigens com o despenhadeiro.
A RAEM, os seus
simpáticos, laboriosos e fiéis residentes, pode viver um bocadinho melhor, não
pode? Já agora… População feliz é aquela que sente os seus dirigentes
interessados na sua felicidade. Ou isto são tudo balelas e os discursos
oficiais também?
II - O que está
acontecendo em Portugal, à grande maioria dos cidadãos, é a agonia a caminho do
extermínio. Se não surgirem factores ou pessoas que ponham fim àquele cadafalso
com os carrascos de cutelo afiado e em punho.
Não sendo por
maldade nem ignorância, o que leva os governantes e outras estruturas
influentes, incluindo privados sanguessugas, a imporem autênticos saques sobre
as pessoas, gravosa e progressivamente incomportáveis? Talvez o lucro rápido e
gigantesco dos que mais lucram.
III - Ao longo de
alguns séculos, Macau foi adquirindo identidade própria. Se o prezado leitor preferir,
adquiriu o princípio da razão suficiente. Porque tudo o que existe ou acontece
tem uma razão para existir. Seja formalmente, seja no abstracto – lógica ou
ontologicamente.
IV - Ainda estão a ser
celebrados os 100 anos do nascimento de Vinicius de Moraes e já um mito da
música rock, Lou Reed, suspira finalmente em paz. Personagem inesquecível,
possivelmente no mesmo plano alto que, ainda antes da consagração chamada
Velvet Underground, se emparceirou com Andy Warhol aparentemente no campo das
artes visuais, mas logo a seguir para venderem ao melhor ou pior comprador,
normalmente laboratórios, os próprios sangues. Heoína era, então, a palavra de
ordem: “Heroin it´s my wife and it´s my life”, cantava com desplante óbvio Lou
Reed. Depois foi em frente no caminho: “Walk on the Wild Side”, “Sweet Jane”,
já fora dos Velvet Underground. Amou a vida em diferentes sabores e estilos.
Viveu com um famoso travesti, contrariando o sofrimento sofrido na infância com
choques eléctricos por a família ter descoberto a sua bissexualidade.
Os excessos
repetidos como rotina feriram de morte. Domingo passado aos 71 anos, apagou-se
a luz do seu olhar de espanto. Pensa-se que por causa de complicações relacionadas
com o transplante de fígado a que foi submetido em Abril deste ano.
Visivelmente
debilitado há pelo menos 2 anos – basta pesquisar visionando imagens dos
últimos aparecimentos - Lou Reed sempre mostrou aquele ar de aparente arrogância. Porventura imaginou
conceber e realizar o seu rock, a partir de Nova Iorque, como se nada mais
houvesse musicalmente para o mundo escutar. Talvez se sentisse eterno. Mas qual
de nós, por uma vez, não se sentiu inalterável para todo o sempre?
Utilizar aquele
velho chavão “uma lenda do rock”, ou mesmo da pop, é redundante e aplicável a
tantos outros nomes como Rolling Stones, Eric Clapton, David Bowie, Bob Dylan,
uma longa lista de figuras inesquecíveis.
Uma vida de muitas sombras e raras claridades. Sempre imaginando e criando o património musical que nos deixou.
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