Martinho Júnior,
Luanda (ver RESGATES
COM SENTIDO DE VIDA! – I)
6 – A identificação
para com o movimento de libertação em África não parou no espaço, nem no tempo:
ela é tão válida hoje no que é possível fazer na reconciliação, na reconstrução
nacional e no aprofundamento da democracia e da paz, como o foi ontem ao longo
da sacrificada mas heróica luta em todos os campos de batalha que a Angola
foram impostos!
Isso, com toda a
inexperiência, obstáculos e vicissitudes do percurso, com todos os erros e
defeitos humanos, está em aberto, apesar de Angola jamais ter sido ressarcida
dos imensos prejuízos acumulados, particularmente no período de luta contra o
“apartheid” e suas sequelas!
Seria legítimo
haver “activistas” nesse âmbito, por que eles estariam desse modo efectivo a
dar o seu contributo construtivo e patriótico em prol dos direitos humanos, na
sequência da história e da antropologia do movimento de libertação, que foi e é
um profundo acto de cultura e uma verdadeira herança para as novas gerações!
7 – Com sentido de
vida houve tempo para o perdão, a reconciliação e a integração de todos aqueles
que um dia, em nome duma democracia que afinal não passava dum projecto de
bantustão, estiveram contra a independência, a soberania e a própria gestação
da identidade nacional de Angola!
Pouco a pouco
muitos deles se libertavam do peso do “apartheid” e duma sequela externamente
aproveitada para determinar a seu tempo a terrível “guerra dos diamantes de
sangue”!
Quantos dirigentes
não foram salvos, apesar de muitos dos “vencidos” serem provenientes das
próprias frentes de combate?
O caso do
Chivukuvuku não será um dos exemplos?
Quantos dirigentes,
militantes e militares primeiro da FNLA, depois da UNITA, por último da FLEC,
foram-se juntando à oportunidade de reconciliação, de reconstrução nacional e
de reintegração social?
Muitos deles hoje
são dirigentes nos termos da democracia representativa vigente, que com todos
os seus defeitos e insuficiências lhes garante presença nos órgãos do poder de
estado, em alguns casos apesar de sua falta de maturidade, de competência e até
de idoneidade!
Quantos não se
estão a tornar em personagens sem carácter, em ingratos, vingativos e
egocentristas entidades que conduzem por caminhos que servem interesses de
outros as novas gerações e hipotecam os ganhos acumulados que nos advêm do
passado!
Outros, militares,
passaram à reforma e auferem as suas pensões, em alguns casos avultadas
pensões: a proliferação de reformados, por exemplo, com a patente ou de
general, ou de oficial superior, é comparativamente a outros que tiveram
trilhas históricas difíceis, enorme a favor de Angola!
Todos eles
beneficiam de salários, ou de pensões que são por inteiro pagas exclusivamente
pelo estado angolano, um estado nascido do e com o movimento de libertação, que
nunca foi ressarcido dos enormes prejuízos sofridos nas lutas contra o
fascismo, o colonialismo, o “apartheid” e as suas sequelas!
8 – Com sentido de
vida dói-nos cada ser que se perca numa altura em que deveria haver, apesar das
desigualdades próprias da lógica capitalista expostas na via da economia de
mercado em vigor, todo o esforço para se aprofundar os resgates que se impõem
acabando com o subdesenvolvimento e construindo uma Angola em paz!
Dói-nos a perda de
Isaías Cassule, de Alves Kamulingue, ou de Wilbert Ganga, como nos dói a perda
daqueles que por exemplo, por causa do paludismo, de doenças intestinais, da
doença do sono, da tuberculose, ou da SIDA morrem em Angola, quantas vezes
devido a insuficiências de toda a ordem que ainda se fazem sentir.
Dói-nos o lugar que
Angola ocupa nos sucessivos relatórios anuais produzidos pelas organizações das
Nações Unidas que envolvem Índices de Desenvolvimento humano!
Os resgates que há
a fazer em relação ao passado, muitos deles estão presentes e são palpáveis no
nosso dia-a-dia e todos somos poucos para se conseguir ultrapassar os problemas
vigentes, os obstáculos e as inúmeras dificuldades que ainda se fazem sentir!
Como os
“activistas” do dia, “activistas” que actuam uns à sombra de organizações políticas
nacionais, outros a título individual, mas todos eles com ressonância garantida
em primeira mão na Voz da América (o que os “filtra” e faz a “radiografia da
alma) são tão “activos” na interpretação fiel de “lições” e interesses que nos
chegam de fora, por via da globalização e nada fazem de construtivo e de
patriótico em prol da reconciliação, da reconstrução nacional e da reintegração
social, de forma a fortalecer as acções que apesar de tudo o estado angolano
tem vindo a assumir como suas e sem ajuda de ninguém, salvo a participação
daqueles que como Cuba estão dispostos a dar a sua contribuição para que Angola
possa ter o direito de progredir e desenvolver-se em benefício de todo o seu
povo e de África?
9 – Esses
“activistas” tornados “fantoches” em pleno século XXI, nada fizeram para que
alguma vez a dívida para com Angola fosse ressarcida: nem a da Europa, pois
nunca a Europa alguma vez se mexeu para pagar a dívida relativa à longa noite
da escravatura e do colonialismo, nem a dívida dum emergente como a África do
Sul em relação à tempestade física e humana que foi o “apartheid”, nem a dos
poderosos de Terra que provocaram milhões de vítimas e estragos terríveis com a
imposição da “guerra dos diamantes de sangue”!
Os
“activistas-fantoches” esquecem que muitos dos dirigentes actuais de Angola,
alguns deles seus apaniguados de hoje, beneficiaram da garantia de sua vida,
apesar de terem combatido contra a independência e soberania de armas na mão e
muitos deles terem sido capturados nas frentes de combate!
Os
“activistas-fantoches” esquecem que centenas de milhar de antigos combatentes
têm pensões garantidas exclusivamente pelo estado angolano, num processo que
não terminou e que urge dar sequência!
Os
“activistas-fantoches” esquecem que alguns daqueles que na primeira hora
defenderam a independência e a soberania de Angola como largos milhares de
combatentes que pertenceram aos organismos de segurança e inteligência do
estado, estão a ser dos últimos a receber alguns benefícios, por que como gesto
de reconciliação foi dada prioridade àqueles que haviam feito parte dos
conluios que a parir do exterior foram sendo urdidos contra Angola e contra o
movimento de libertação!
Os
“activistas-fantoche” insurgem-se, alguns deles mesmo participando em órgãos de
poder de estado (como o caso de Chivukuvuku), contra o Chefe de Estado que
afinal e apesar de tudo lhes garantiu vida, sustento, honra e benefícios de
toda a ordem!
Os
“activistas-fantoches” ao insultar de forma provocatória o Chefe de Estado
esquecem-se que com isso estão a pôr em causa não só todos os sacrifícios
consentidos no passado em prol do movimento de libertação, mas também todos os
pequenos ganhos e garantias alcançados em termos de sentido de vida e isso
apesar da orientação socialista ter sido tão decisiva em tempo de guerra e tão
“desprezada” hoje (sobretudo por eles que são mercenários da lógica capitalista
imposta pela hegemonia) em tempo de paz!
10 – Aqueles que,
imbuídos pela lógica com sentido de vida forjada pelo movimento de libertação
em África, conhecem como no passado as fronteiras invisíveis mas tão palpáveis
da frente de resistência e de nacionalismo, sem perder convicções de liberdade,
de coerência, de democracia, de solidariedade e de justiça social, avaliam o
que são e no que se estão a transformar esses “activistas-fantoches”, bem como
qual é a intenção de todas as suas obras e maquinações, por que conhecem a sua
origem, quem os incentiva, suporta e dá voz!
Em relação a eles
não se poderá dar algum passo atrás, enquanto marionetes do império dos 1% que
só sabe semear tempestades, dividindo, dividindo e dividindo, para fazer o que
se fez ao fim e ao cabo de há mais de cinco séculos a esta parte!
Aos
“representantes” feitos “activistas-fantoches” dessas “elites”, velhos, de meia
idade, ou de novas gerações, nem um passo atrás!
Apesar das
conjunturas desfavoráveis, dos desequilíbrios económicos, financeiros e humanos
evidentes, das inúmeras injustiças que ainda proliferam, das doenças que ainda
não são combatidas, dos urbanismos, estradas e pontes que há que construir, das
vítimas das provocações que alguns teimam em dar continuidade, ou das
fronteiras malparadas de África, temos um Presidente comprometido com os 99%:
se não fosse assim muitos teriam morrido sem ter a oportunidade de sair das
frentes de combate após a rendição e muitos mais ainda estariam na
marginalidade absoluta, sem qualquer compensação humana, económica e
financeira!
Se não fosse assim
ainda a pena de morte estaria em vigor!
Como nos velhos
tempos: é preciso saber optar e para aqueles que assumiram a responsabilidade
histórica e antropológica dos resgates que são nossa herança comum, só há um
caminho a trilhar, pois a lógica com sentido de vida é substantiva e bebe da
essência e da experiência duma universidade exemplar: a do movimento de
libertação!
Foto: Monumento à
vitória de Angola no Cuito Canavale.
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