segunda-feira, 25 de novembro de 2013

RESGATES COM SENTIDO DE VIDA! – II

 


Martinho Júnior, Luanda (ver RESGATES COM SENTIDO DE VIDA! – I)
 
6 – A identificação para com o movimento de libertação em África não parou no espaço, nem no tempo: ela é tão válida hoje no que é possível fazer na reconciliação, na reconstrução nacional e no aprofundamento da democracia e da paz, como o foi ontem ao longo da sacrificada mas heróica luta em todos os campos de batalha que a Angola foram impostos!
 
Isso, com toda a inexperiência, obstáculos e vicissitudes do percurso, com todos os erros e defeitos humanos, está em aberto, apesar de Angola jamais ter sido ressarcida dos imensos prejuízos acumulados, particularmente no período de luta contra o “apartheid” e suas sequelas!
 
Seria legítimo haver “activistas” nesse âmbito, por que eles estariam desse modo efectivo a dar o seu contributo construtivo e patriótico em prol dos direitos humanos, na sequência da história e da antropologia do movimento de libertação, que foi e é um profundo acto de cultura e uma verdadeira herança para as novas gerações!
 
7 – Com sentido de vida houve tempo para o perdão, a reconciliação e a integração de todos aqueles que um dia, em nome duma democracia que afinal não passava dum projecto de bantustão, estiveram contra a independência, a soberania e a própria gestação da identidade nacional de Angola!
 
Pouco a pouco muitos deles se libertavam do peso do “apartheid” e duma sequela externamente aproveitada para determinar a seu tempo a terrível “guerra dos diamantes de sangue”!
 
Quantos dirigentes não foram salvos, apesar de muitos dos “vencidos” serem provenientes das próprias frentes de combate?
 
O caso do Chivukuvuku não será um dos exemplos?
 
Quantos dirigentes, militantes e militares primeiro da FNLA, depois da UNITA, por último da FLEC, foram-se juntando à oportunidade de reconciliação, de reconstrução nacional e de reintegração social?
 
Muitos deles hoje são dirigentes nos termos da democracia representativa vigente, que com todos os seus defeitos e insuficiências lhes garante presença nos órgãos do poder de estado, em alguns casos apesar de sua falta de maturidade, de competência e até de idoneidade!
 
Quantos não se estão a tornar em personagens sem carácter, em ingratos, vingativos e egocentristas entidades que conduzem por caminhos que servem interesses de outros as novas gerações e hipotecam os ganhos acumulados que nos advêm do passado!
 
Outros, militares, passaram à reforma e auferem as suas pensões, em alguns casos avultadas pensões: a proliferação de reformados, por exemplo, com a patente ou de general, ou de oficial superior, é comparativamente a outros que tiveram trilhas históricas difíceis, enorme a favor de Angola!
 
Todos eles beneficiam de salários, ou de pensões que são por inteiro pagas exclusivamente pelo estado angolano, um estado nascido do e com o movimento de libertação, que nunca foi ressarcido dos enormes prejuízos sofridos nas lutas contra o fascismo, o colonialismo, o “apartheid” e as suas sequelas!
 
8 – Com sentido de vida dói-nos cada ser que se perca numa altura em que deveria haver, apesar das desigualdades próprias da lógica capitalista expostas na via da economia de mercado em vigor, todo o esforço para se aprofundar os resgates que se impõem acabando com o subdesenvolvimento e construindo uma Angola em paz!
 
Dói-nos a perda de Isaías Cassule, de Alves Kamulingue, ou de Wilbert Ganga, como nos dói a perda daqueles que por exemplo, por causa do paludismo, de doenças intestinais, da doença do sono, da tuberculose, ou da SIDA morrem em Angola, quantas vezes devido a insuficiências de toda a ordem que ainda se fazem sentir.
 
Dói-nos o lugar que Angola ocupa nos sucessivos relatórios anuais produzidos pelas organizações das Nações Unidas que envolvem Índices de Desenvolvimento humano!
 
Os resgates que há a fazer em relação ao passado, muitos deles estão presentes e são palpáveis no nosso dia-a-dia e todos somos poucos para se conseguir ultrapassar os problemas vigentes, os obstáculos e as inúmeras dificuldades que ainda se fazem sentir!
 
Como os “activistas” do dia, “activistas” que actuam uns à sombra de organizações políticas nacionais, outros a título individual, mas todos eles com ressonância garantida em primeira mão na Voz da América (o que os “filtra” e faz a “radiografia da alma) são tão “activos” na interpretação fiel de “lições” e interesses que nos chegam de fora, por via da globalização e nada fazem de construtivo e de patriótico em prol da reconciliação, da reconstrução nacional e da reintegração social, de forma a fortalecer as acções que apesar de tudo o estado angolano tem vindo a assumir como suas e sem ajuda de ninguém, salvo a participação daqueles que como Cuba estão dispostos a dar a sua contribuição para que Angola possa ter o direito de progredir e desenvolver-se em benefício de todo o seu povo e de África?
 
9 – Esses “activistas” tornados “fantoches” em pleno século XXI, nada fizeram para que alguma vez a dívida para com Angola fosse ressarcida: nem a da Europa, pois nunca a Europa alguma vez se mexeu para pagar a dívida relativa à longa noite da escravatura e do colonialismo, nem a dívida dum emergente como a África do Sul em relação à tempestade física e humana que foi o “apartheid”, nem a dos poderosos de Terra que provocaram milhões de vítimas e estragos terríveis com a imposição da “guerra dos diamantes de sangue”!
 
Os “activistas-fantoches” esquecem que muitos dos dirigentes actuais de Angola, alguns deles seus apaniguados de hoje, beneficiaram da garantia de sua vida, apesar de terem combatido contra a independência e soberania de armas na mão e muitos deles terem sido capturados nas frentes de combate!
 
Os “activistas-fantoches” esquecem que centenas de milhar de antigos combatentes têm pensões garantidas exclusivamente pelo estado angolano, num processo que não terminou e que urge dar sequência!
 
Os “activistas-fantoches” esquecem que alguns daqueles que na primeira hora defenderam a independência e a soberania de Angola como largos milhares de combatentes que pertenceram aos organismos de segurança e inteligência do estado, estão a ser dos últimos a receber alguns benefícios, por que como gesto de reconciliação foi dada prioridade àqueles que haviam feito parte dos conluios que a parir do exterior foram sendo urdidos contra Angola e contra o movimento de libertação!
 
Os “activistas-fantoche” insurgem-se, alguns deles mesmo participando em órgãos de poder de estado (como o caso de Chivukuvuku), contra o Chefe de Estado que afinal e apesar de tudo lhes garantiu vida, sustento, honra e benefícios de toda a ordem!
 
Os “activistas-fantoches” ao insultar de forma provocatória o Chefe de Estado esquecem-se que com isso estão a pôr em causa não só todos os sacrifícios consentidos no passado em prol do movimento de libertação, mas também todos os pequenos ganhos e garantias alcançados em termos de sentido de vida e isso apesar da orientação socialista ter sido tão decisiva em tempo de guerra e tão “desprezada” hoje (sobretudo por eles que são mercenários da lógica capitalista imposta pela hegemonia) em tempo de paz!
 
10 – Aqueles que, imbuídos pela lógica com sentido de vida forjada pelo movimento de libertação em África, conhecem como no passado as fronteiras invisíveis mas tão palpáveis da frente de resistência e de nacionalismo, sem perder convicções de liberdade, de coerência, de democracia, de solidariedade e de justiça social, avaliam o que são e no que se estão a transformar esses “activistas-fantoches”, bem como qual é a intenção de todas as suas obras e maquinações, por que conhecem a sua origem, quem os incentiva, suporta e dá voz!
 
Em relação a eles não se poderá dar algum passo atrás, enquanto marionetes do império dos 1% que só sabe semear tempestades, dividindo, dividindo e dividindo, para fazer o que se fez ao fim e ao cabo de há mais de cinco séculos a esta parte!
 
Aos “representantes” feitos “activistas-fantoches” dessas “elites”, velhos, de meia idade, ou de novas gerações, nem um passo atrás!
 
Apesar das conjunturas desfavoráveis, dos desequilíbrios económicos, financeiros e humanos evidentes, das inúmeras injustiças que ainda proliferam, das doenças que ainda não são combatidas, dos urbanismos, estradas e pontes que há que construir, das vítimas das provocações que alguns teimam em dar continuidade, ou das fronteiras malparadas de África, temos um Presidente comprometido com os 99%: se não fosse assim muitos teriam morrido sem ter a oportunidade de sair das frentes de combate após a rendição e muitos mais ainda estariam na marginalidade absoluta, sem qualquer compensação humana, económica e financeira!
 
Se não fosse assim ainda a pena de morte estaria em vigor!
 
Como nos velhos tempos: é preciso saber optar e para aqueles que assumiram a responsabilidade histórica e antropológica dos resgates que são nossa herança comum, só há um caminho a trilhar, pois a lógica com sentido de vida é substantiva e bebe da essência e da experiência duma universidade exemplar: a do movimento de libertação!
 
Foto: Monumento à vitória de Angola no Cuito Canavale.
 
 

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