Dois estados
autônomos e soberanos e Jerusalém capital para ambos levaria à
complementariedade
Mohamed Habib, São
Paulo – Opera Mundi
A criação de dois
Estados é a melhor solução para o conflito Israel x Palestina? SIM
A solução de dois
Estados, um para a comunidade judaica e outro para os palestinos continua
sendo, até hoje, a posição oficial dos organismos internacionais, como a ONU, das
lideranças palestinas e, o mais importante, é a vontade da maioria esmagadora
dos dois povos envolvidos.
Neste pequeno
espaço destaco uma questão de fundo que deve ser considerada: a identidade
nacional de cada um desses dois povos. A opção de um estado binacional levaria,
mais cedo ou mais tarde, ao surgimento de conflitos internos entre os dois,
lembrando que, antipatias e ódios estão sendo cultivados há décadas. Hoje temos
duas identidades culturais e políticas, totalmente distintas e antagônicas.
Ninguém abriria mão de sua própria identidade.
De um lado, os judeus alegam que a capacidade reprodutiva dos palestinos, que é maior que a dos judeus, levaria os palestinos a se tornarem maioria num prazo curto de tempo, no caso de um estado binacional democrático, e a comunidade judaica se tornaria minoritária e sem poder, colocando em risco a sua própria identidade. Por outro lado, os palestinos alegam que um estado binacional criaria um apartheid, mesmo com maioria palestina, uma situação idêntica àquela que ocorreu na África do Sul. Ou seja, a desconfiança é tanta de ambos os lados, que dificultaria até o diálogo numa mesa de negociação.
De um lado, os judeus alegam que a capacidade reprodutiva dos palestinos, que é maior que a dos judeus, levaria os palestinos a se tornarem maioria num prazo curto de tempo, no caso de um estado binacional democrático, e a comunidade judaica se tornaria minoritária e sem poder, colocando em risco a sua própria identidade. Por outro lado, os palestinos alegam que um estado binacional criaria um apartheid, mesmo com maioria palestina, uma situação idêntica àquela que ocorreu na África do Sul. Ou seja, a desconfiança é tanta de ambos os lados, que dificultaria até o diálogo numa mesa de negociação.
Dois estados
autônomos e soberanos, Jerusalém capital para ambos, sendo a área das
instituições sagradas administrada por organismos internacionais e acordos a
serem firmados nos campos diplomático e econômico constituir-se-ão iniciativas
que, no tempo, tenderão a minimizar as desconfianças, levando a uma situação de
complementariedade, não apenas entre palestinos e israelenses, mas também entre
todos os países do Oriente Médio, resultando numa região economicamente
desenvolvida, com povos vivendo em harmonia entre si.
Dois estados vizinhos, cada um abrigando uma minoria do outro, é uma situação fantástica para investir na harmonização das relações entre ambos os países. Respeitando-se os direitos da minoria judaica na Nova Palestina e da minoria árabe em Israel, abre-se caminho para uma efetiva relação entre os dois povos, inclusive, por motivos de parentesco que permanece existindo entre cada minoria e a maioria do país vizinho.
Muçulmanos e judeus, por longos períodos, viveram em harmonia. As cruzadas os expulsaram do sul europeu. Todos os países árabes receberam durante séculos as comunidades judaicas que se integraram totalmente com os seus povos. O ano de 1956 foi o marco da desgraça, quando Inglaterra, França e Israel atacaram o Egito, por ocasião da nacionalização do Canal de Suez.
O problema principal, a meu ver, reside em responder à seguinte questão: até que ponto o ocidente dominante está, de fato, interessado em ver resolvido o conflito entre árabes e israelenses? As tempestades da “Primavera Árabe” revelam, claramente, que os conflitos, naquela região, atendem aos interesses dos países centrais, seja por questões geopolíticas ou, mesmo, por recursos energéticos. Posso dizer, lamentavelmente, que o Oriente Médio voltará a viver em paz, somente, quando esgotar tudo aquilo que é de interesse dos países dominantes. Na hora “H” são esses países que definem como a questão israelense palestina deve ser resolvida.
(*) Mohamed Habib é professor da Unicamp e conselheiro do Instituto de Cultura Árabe
Dois estados vizinhos, cada um abrigando uma minoria do outro, é uma situação fantástica para investir na harmonização das relações entre ambos os países. Respeitando-se os direitos da minoria judaica na Nova Palestina e da minoria árabe em Israel, abre-se caminho para uma efetiva relação entre os dois povos, inclusive, por motivos de parentesco que permanece existindo entre cada minoria e a maioria do país vizinho.
Muçulmanos e judeus, por longos períodos, viveram em harmonia. As cruzadas os expulsaram do sul europeu. Todos os países árabes receberam durante séculos as comunidades judaicas que se integraram totalmente com os seus povos. O ano de 1956 foi o marco da desgraça, quando Inglaterra, França e Israel atacaram o Egito, por ocasião da nacionalização do Canal de Suez.
O problema principal, a meu ver, reside em responder à seguinte questão: até que ponto o ocidente dominante está, de fato, interessado em ver resolvido o conflito entre árabes e israelenses? As tempestades da “Primavera Árabe” revelam, claramente, que os conflitos, naquela região, atendem aos interesses dos países centrais, seja por questões geopolíticas ou, mesmo, por recursos energéticos. Posso dizer, lamentavelmente, que o Oriente Médio voltará a viver em paz, somente, quando esgotar tudo aquilo que é de interesse dos países dominantes. Na hora “H” são esses países que definem como a questão israelense palestina deve ser resolvida.
(*) Mohamed Habib é professor da Unicamp e conselheiro do Instituto de Cultura Árabe
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