sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Timor-Leste e Cabo Verde vão ter Zonas Especiais de Economia Social de Mercado

 


A Fundação Lusitânia vai criar, a partir de 2014, duas Zonas Especiais de Economia Social de Mercado (ZEESM), em Cabo Verde e Timor-Leste, considerados locais estratégicos para combater a pobreza, disse à Lusa o presidente da organização.

A ideia da instituição sem fins lucrativos, ligada à Igreja Católica mas com autonomia e reconhecimento civil, é tornar "totalmente autossustentáveis" a vila do Tarrafal, na ilha de Santiago, em Cabo Verde, e o enclave timorense de Oecussi.

Com um investimento inicial de três mil milhões de euros para cada projeto, garantido na totalidade por privados no caso de Cabo Verde e com um terço de fundos públicos no caso de Timor-Leste, a Fundação Lusitânia para o Desenvolvimento Universitário e Empresarial pretende provar a eficácia de um modelo de desenvolvimento que alia a criação de riqueza e o combate à pobreza.

Criada oficialmente em 2009, a fundação está a trabalhar nas ZEESM há nove anos, pretendendo fazer de Oecussi e Tarrafal, a partir do segundo semestre de 2014, "mini-Singapuras", que concentrem o melhor do mundo e onde tudo se crie, produza e transforme, tendo como "objetivo maior" o combate à pobreza, explicou, em entrevista à Lusa, Rogério Matos e Guimarães, presidente da Lusitânia.

Em ambos os locais, o projeto terá três fases de implementação, que se prolongarão por dez anos, durante os quais serão construídas (ou reabilitadas, se possível) várias infraestruturas, como estradas, estações de tratamento de águas e instalações de rede fixa e móvel.

De acordo com os planos, consultados pela Lusa, água e saneamento, educação e saúde são as prioridades, prevendo-se a criação de jardins-de-infância e escolas do 1.º, 2.º e 3.º ciclos, universidades e centros de formação profissional, e novos hospitais, adequados ao expectável aumento da população.

Tarrafal e Oecussi passarão a ter um aeroporto para aviões de médio porte, um porto que permita a atracagem de cargueiros e ferry-boats e um mercado abastecedor.

O projeto assenta também na aliança entre eficiência energética e respeito pelo ambiente, apostando em energias limpas e renováveis. As zonas residenciais a construir estarão rodeadas por espaços verdes e serão construídos edifícios de escritórios e hotéis direcionados para os negócios e para o turismo, recorrendo a materiais "adequados ao clima local", ecológicos e eficientes.

O lazer não será ignorado, prevendo-se a construção de polidesportivos, parques infantis e centros culturais e espirituais (para várias religiões).

Cabo Verde e Timor-Leste não foram escolhidos ao acaso, frisou Rogério Guimarães. Ambos os países combinam "necessidade e capacidade" e estão localizados em regiões onde podem ter um "valor acrescentado" para as comunidades que servem.

Cabo Verde associa à "posição estratégica invejável" um recurso fundamental: as pessoas. Sem os recursos naturais de Timor-Leste, Cabo Verde tem "dos melhores técnicos e profissionais do mundo" em todas as áreas e "sabe exatamente o que quer", elogia.

A Fundação Lusitânia e o Governo de Cabo Verde já assinaram um memorando de entendimento, acordo que demorou apenas quatro meses e três reuniões a formalizar.

Portanto, segundo o presidente da fundação, é natural que o programa venha a arrancar primeiro no Tarrafal, apesar de tudo ter começado em Timor-Leste, situado numa zona de "grande dinâmica económica e financeira", mas também rodeado por "regiões muito empobrecidas".

Timor-Leste faz ainda parte do grupo G7+, que reúne os países mais desfavorecidos do mundo, sendo "o cenário ideal para afetar a economia, de forma positiva", a nível local, nacional, regional e global, acrescenta.

Há dois anos e meio, a Lusitânia fez o primeiro contacto sobre as ZEESM com Timor-Leste, onde encontrou "total recetividade" junto dos dirigentes locais. O ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri acabou por se juntar à fundação, integrando o seu conselho científico e ajudando a conceber a "matriz" do projeto.

Lusa
 

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