terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Austrália: AGÊNCIA OFERECEU-SE PARA PARTILHAR INFORMAÇÃO SOBRE CIDADÃOS

 


Os serviços secretos da Austrália ofereceram-se para partilhar informações relativas aos seus próprios cidadãos com entidades congéneres estrangeiras, avança hoje a imprensa citando documentos da Agência de Segurança Nacional dos EUA cedidos por Edward Snowden.
 
As recentes revelações, com base em documentos facultados pelo ex-consultor da Agência de Segurança Nacional dos EUA Edward Snowden, publicadas pelo The Guardian Australia, indicam que a Defence Signals Directorate (DSD) - uma das principais agências de informações da Austrália - equacionou a possibilidade de partilhar com os parceiros "informação médica, legal ou religiosa".
 
Os parceiros a quem a Austrália ofereceu informação incluíam os "Five Eyes" (Cinco Olhos), compostos, além da Austrália, pelos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Nova Zelândia, de acordo com o documento, marcado como confidencial, que tem por base notas de uma conferência realizada no Reino Unido em 2008.
 
Estas revelações surgem na sequência de outras, divulgadas no mês passado, as quais demonstram que as agências secretas australianas tentaram escutar conversas telefónicas do Presidente indonésio Susilo Bambang Yudhoyono, bem como da sua mulher e de um círculo interno, desencadeando uma crise diplomática.
 
Segundo o jornal, o DSD - agora conhecido como Australian Signals Directorate -, a Austrália disse aos seus parceiros globais que poderia partilhar metadados desde que não houvesse qualquer intenção de atingir um cidadão australiano.
 
Os metadados são as informações geradas pelas pessoas quando usam tecnologias como telefones ou computadores.
 
Segundo o The Guardian, o documento esclarece que tipo de agências de informação consideraram partilhar informação com as congéneres naquela altura e "confirma que, até certa medida, existe vigilância de dados pessoais na Austrália sem mandado", refere o jornal.
 
Geoffrey Robertson, advogado conhecido por estar ligado ao tema dos direitos humanos, citado pelo jornal, defendeu que as revelações aumentaram as preocupações de que agência poderá operar fora do seu âmbito legal.
 
O senador dos "Verdes" Scott Ludlum também disse que o documento "sugere que a agência poderá ter violado a lei australiana durante cinco anos", pelo que apelou à abertura de um inquérito.
 
O primeiro-ministro, Tony Abbott, afirmou não ter razões para acreditar que qualquer lei tenha sido violada.
 
"A recolha de informação é sujeita à supervisão por parte de uma comissão parlamentar conjunta. É também objecto de uma apertada supervisão por parte do Inspector-Geral de Informação e Segurança", disse Abbott.
 
Lusa
 

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