Manuel Ennes
Ferreira, investigador do Grupo África do Instituto Português de Relações
Internacionais, considera que o caso dos 74 requerentes de asilo que aterraram
em Lisboa vindos de Bissau configura "uma coisa pontual e mal
calculada".
Em declarações à
Lusa, à margem do lançamento de um livro em Lisboa, Ennes Ferreira admite, por
outro lado, que, "dado o estado caótico do próprio Estado guineense, tudo
é possível", e que a Guiné-Bissau pode estar a já servir de
"plataforma para a imigração ilegal".
Na terça-feira,
aterraram no aeroporto de Lisboa, a bordo de um avião da companhia portuguesa
TAP proveniente da capital guineense, 21 crianças, 15 mulheres e 38 homens que
alegam ter nacionalidade síria, mas que estavam munidos de passaportes turcos,
ao que tudo indica falsos.
Os 74 cidadãos
foram retidos à chegada e pediram asilo político a Portugal, que lhes concedeu
um visto especial de entrada por razões humanitárias, enquanto aguardam a
conclusão do processo em centros de acolhimento fornecidos pela Segurança
Social.
Sobre a hipótese de
a Guiné-Bissau estar a ser utilizada como "plataforma de intermediação
para a imigração ilegal", Manuel Ennes Ferreira afirma: "Não me custa
nada a crer e se calhar isso até já existe."
O professor de
Economia do Instituto Superior de Economia e Gestão e consultor de organizações
internacionais como o Banco Africano de Desenvolvimento admite "que a
Guiné-Bissau possa vir a transformar-se também, para além da questão do
narcotráfico", numa rota de passagem de migrantes.
Porém, o caso
concreto dos 74 cidadãos alegadamente sírios parece ter sido "uma coisa
pontual e mal calculada" e não um dado que aponte para "uma
institucionalização" desse tipo de tráfico com destino a Portugal, como
porta de entrada na União Europeia.
Manuel Ennes
Ferreira considera que a companhia aérea TAP, que suspendeu as ligações a
Bissau na sequência do incidente, e o Governo português agiram como deviam.
"Uma coisa destas não podia passar em claro, é grave no sentido da
ilegalidade", realça.
Porém, destaca,
"conclua-se o que se concluir", se os cidadãos em causa forem
efetivamente sírios, o Estado português "deve atender a este lado
humanitário do pedido de refugiados, independentemente de eles até saberem à
partida, ou não, que era um esquema que não era bem legal".
Manuel Ennes
Ferreira apresentou hoje, na Euronext Lisbon, o livro "A Governação de
Sociedades Anónimas nos Sistemas Jurídicos Lusófonos", que inclui
contributos de todos os países lusófonos, à exceção da Guiné-Bissau e de
Timor-Leste.
No âmbito do mesmo
lançamento, Luís Laginha de Sousa, presidente do conselho de administração da
Euronext Lisbon, sublinhou que "o mercado de capitais ainda é uma realidade
distante para muitos países lusófonos", mas destacou que "a
perspetiva de lançamento de uma bolsa [de valores] em Angola tem vindo a ganhar
cada vez mais consistência".
As receitas do
livro, a sexta publicação do Governance Lab, um grupo de juristas dedicado à
investigação jurídica sobre temas relacionados com o governo das organizações,
vão reverter para o Hospital Carmelo, que trata doentes com sida e tuberculose
em Chokwe, Moçambique.
Lusa
1 comentário:
OS RESPONSAVEIS SAO NOSSOS BANDIDOS A GUINE BISSAU NAO TEM ESTADO! SO TEMOS UM GRUPO DE TRAFICANTES DE DROGA DAS CRIANçAS E AGORA DA IMIGRACAO EILEGAL QUE PAIS E ESSE? O PIOR SERA COM A CHEGADA DO KUMBA YALA AO PODER ESTES BANDIDOS NAO SEI COMO CHAMALOS
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