A plataforma
francesa Frente de Esquerda apelou hoje à "revolução fiscal" durante
uma manifestação em que participaram milhares de pessoas em protesto contra a
subida do IVA prevista para janeiro.
De acordo com a
organização do protesto, estavam na manifestação cerca de 100 mil pessoas
apesar de as autoridades terem afirmado aos jornalistas que estavam presentes
apenas sete mil manifestantes.
O protesto decorreu
frente ao Ministério da Economia em Paris, considerado pelos manifestantes como
um "símbolo de uma política que favorece a alta finança em detrimento dos
assalariados e da maior parte da população".
"Longe de
estar a corrigir as desigualdades, o sistema fiscal protege os privilegiados e
agrava os abusos das finanças", disse o líder da plataforma, Jean-Luc
Mélenchon, no discurso de encerramento da concentração.
O objetivo
principal das críticas, considerado como o exemplo "mais
escandaloso", foi o aumento do IVA que o Executivo francês prevê aplicar a
partir do início do próximo ano.
"Não ao
imposto do 'antigo regime'", afirmou Mélenchon que propôs uma reforma
fiscal "feita pelo povo, em que todos pagam, mas em função das suas
possibilidades".
O governo, através
do aumento do IVA prevê conseguir seis mil milhões de euros durante o ano de
2014, assim como "aliviar" os custos laborais em cerca de 10 mil
milhões durante o mesmo período.
"O problema no
nosso país não é o custo do trabalho mas sim o capital", criticou
Mélenchon sublinhando que o "inimigo não é o imigrante nem o trabalhador,
mas sim a alta finança francesa e global que mancha tudo o que toca".
O
primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, termina durante a próxima semana as
consultas a sindicatos e entidades patronais para concluir a reforma criticada
pelos movimentos e partidos de esquerda em França.
O protesto de Paris
soma-se a outras manifestações que decorreram durante o fim de semana de que se
destaca a marcha lenta dos camionistas em 15 regiões do país contra a
"ecotaxa", um imposto que vai afetar, pelo menos a partir de 2015, os
proprietários de camiões que circulem em estradas que não estão sujeitas a
portagens.
Na manifestação de
Paris, o dirigente de esquerda Jean-Luc Mélenchon reforçou a ideia de que os
protestos não têm como finalidade "interesses particulares" mas a
defesa do "interesse geral" e que é preciso deixar bem claro que a França
"já não aguenta que todos os esforços recaiam sobre as classes mais
desfavorecidas".
Em pleno clima de
tensão política, oito em cada dez franceses dizem que esperam uma
"explosão social" de acordo com uma sondagem do instituto Ifop,
difundida hoje pelo jornal Dimanche Ouest-France.
Lusa – Notícias ao
Minuto
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