Artur Queiroz*, Luanda
O Presidente português Carmona visitou o Congo Português no Cacimbo de 1938. Aí meteu oposição. O senhor ia chegar num avião da DTA, antepassada da TAAG, que ainda não tinha carreiras regulares, estava na fase final de instalação. Meu Pai e o Soba do Katumbo mexeram os cordelinhos para da serra do Pingano cair cacimbo espeço e a aeronave presidencial voltar para Luanda. Nem o Force One consegue vencer as cortinas de humidade que rolam desde as terras altas e poisam na região até ao início da tarde. O feitiço falhou e Carmona aterrou.
As makas continuaram. O senhor João Ferreira comprometeu-se a levar os brancos e os sobas do Negage à recepção no aeroporto do Uíje. Em troca queria um aeroporto na nossa aldeia. Combinado! Mas depois da festa, o governador do distrito do Congo Português foi arrastando os pés e nada de corredor aéreo. Só mudou o nome de Uíje para Carmona. Porque no Negage tem muito cacimbo, não dá para aterrar. Veio o governador Hélio Felgas e foi mais sensível porque o senhor João Ferreira ameaçou tirar todo o seu dinheiro depositado na filial do Banco de Angola. O poder estremeceu.
O Banco de Angola abriu no Uíje e o gerente andou de terra em terra convencendo os comerciantes e roceiros a depositarem o seu dinheiro na instituição bancária. É seguro e rende juros. O senhor João Ferreira carregou três camiões com sacos do café mas cheios de dinheiro e foi ao Uíje depositar. O senhor gerente e mais um funcionário estiveram dois dias a contar as notas. Face ao exemplo dado pelo homem mais rico do mundo, Ferreira Lima, Miguel de Almeida e outros ricaços do Uíje também depositaram o fruto dos seus assaltos. Se o governo não fizesse um aeroporto no Negage, todo esse kumbu ia voar! Voltava para os armazéns, guardado por mafukas.
Hélio Felgas falou assim: Não
vamos fazer um aeroporto no Negage, vamos construir uma base aérea militar! E
fizeram mesmo. No Cacimbo os aviões ficavam
O Corredor da Rapina corre muito bem. Joe Biden foi ao porto do Lobito ver um grande carregamento de cobre chegado do Katanga (Shaba) com destino ais EUA. Cobalto, cobre, Terras Raras e outras preciosidades vão directamente para os EUA ao preço da chuva e a moeda é a mesma de sempre: Rapina (vale mais do que euros e dólares). Transacções do latrocínio.
Biden, o senil demente, depois foi à sede do Grupo Carrinho reunir com os presidentes de Angola, República Democrática do Congo, Zâmbia e Tanzânia. Não é brincadeira! Estão a contar com o ovo no prato mas ele ainda está no cu da galinha. Não se iludam nem acreditem que sua excelência o Presidente João Lourenço é o campeão da paz em África e vai ter um terceiro mandato. Nem pensar.
A ligação ferroviária do Sul de África até ao Cairo foi um projecto de Cecil Rhodes, construtor do império britânico, para rapinar todas as riquezas do continente africano. Não conseguiu. As Independências Nacionais mataram o empreendimento ao serviço dolatrocínio. Para roubar os minérios críticos foi necessário impor o neocolonialismo. E impedir que Angola, Guiné e Moçambique conseguissem a Independência Nacional pela força das armas. Os Biden de serviço na Casa dos Brancos bem se esforçaram mas falharam.
Em 1974 o português Spínola e Richard Nixon reuniram na Base das Lajes, Açores e decidiram que o MPLA ficava fora do processo de descolonização. João Lourenço diz que Angola e os EUA, no tempo da guerra fria, tiveram umas divergências.
Ainda em 1974, Spínola e Mobutu decidiram, na Ilha do Sal, Cabo Verde, que o MPLA ficava fora do processo de descolonização e dividiram Angola em duas partes: Norte do Cuanza ficou para a FNLA. Sul do Cuanza ficou para a África do Sul, com Savimbi à cabeça. João Lourenço diz que no tempo da guerra fria “tivemos uns desencontros com os EUA”.
Em 1975 Angola foi invadida a Norte por tropas regulares do Zaire (RDC), mercenários de várias nacionalidades, oficiais da CIA, Exército de Libertação de Portugal (ELP) comandado pelo coronel Santos e Castro. Armados, municiados e financiados pelos EUA, França, Alemanha Federal, Reino Unido. Lisboa também deu uma mão, depois de 25 de Novembro de 1975. Mário Soares e o embaixador dos EUA em Portugal, Frank Carlucci, chefão da CIA, comandaram as operações com vista a submeter Angola ao neocolonialismo. João Lourenço diz que durante a guerra fria tivemos uns desacertos com os EIUA.
Em meados de
A Guerra pela Soberania Nacional
e a Integridade Territorial durou de
Museu da Escravatura, Morro dos Veados, Luanda. O senil demente Joe Biden disse que Angola e EUA têm uma História comum de muitos séculos. Referia-se aos escravos “Matamba” levados dos reinos do Ndongo e Kassanje. Vendidos pelos ocupantes negreiros holandeses e depois de 1648 pelos esclavagistas portugueses. Por favor, leiam a História do padre Giovanni Cavazzi de Montecuccolo. E sobretudo leiam o seu livro Njinga Rainha de Angola. É muito triste ouvir um demente senil e corrupto dizer barbaridades na cara do Presidente de Angola.
O Corredor da Rapina está a correr muito bem. Angola recuou ao tempo colonial puro e duro. O CFB há mais de 100 anos não teve tantas facilidades. A culpa não é de Joe Biden. É exclusivamente de João Lourenço e seus ajudantes. Nada de novo. O retrato do colonizado continua bem vivo. O estado terrorista mais perigoso do mundo fez de Angola uma cópia do Zaire do Mobutu, mas mais barato. Os nossos mobutus entregaram tudo de mão beijada. Até a dignidade do Povo Angolano.
* Jornalista
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