Pedro d'Anunciação –
Sol, opinião
Ontem, a notícia
era que o Ministério da Saúde vai penalizar financeiramente os hospitais que
receitarem mais medicamentos no próximo ano. Pelo contrário, dará incentivos
financeiros, caso essa despesa fique abaixo da média nacional. O que acontecerá
portanto aos doentes que precisem de medicamentos, ainda por cima se forem
caros? Já tivemos uma amostra quando um Hospital público do Norte se recusou a
fornecer um medicamento caro, mas imprescindível para a sua sobrevivência, a um
doente com artrite reumatóide. E temos visto o que sucede nos hospitais
públicos aos doentes oncológicos que necessitam de medicamentos novos também
mais caros.
Hoje, é que os
hospitais públicos vão ter de reduzir o défice pelo menos para metade durante o
próximo ano. Ainda por cima, sofrerão cortes nas receitas de 3,5%. Já se
percebeu quem vai arcar com os cortes.
Portanto, é
oficial: a saúde pública, honesta e com alguma eficácia, acabou em Portugal –
por decisão do actual Governo. Vamos precisar de um novo pai do Serviço
Nacional de Saúde – ou então abandonar-nos-emos à mentalidade dos americanos
que não querem pagar impostos para a saúde dos mais fracos, o que vai contra os
modelos europeus até agora vigentes.
Nos EUA, os
impostos ainda vão para os grandes programas próprias de uma potência mundial.
Cá acabarão por ficar apenas para as mordomias dos governantes e políticos, que
continuam a não mostrar disposição de se sujeitarem à austeridade que impõem ao
povo em geral – a começar pelos gabinetes governamentais absurdamente enormes,
cheios de pessoal politico bem pago (cuja redução, segundo um estudo recente de
um diário não suspeito, daria para solucionar todos os problemas de cortes em
fosforação nacional e troikiana), ao arrepio do que se passa noutros países
mais ricos ocidentais.
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