quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

São Tomé e Príncipe continua sem melhorias no Índice de Perceção da Corrupção

 

Téla Nón, opinião
 
No Índice de Perceções da Corrupção 2013, São Tomé e Príncipe está em 72º posição, com uma pontuação de 42 numa escala que vai de 0 (muito corrupto) a 100 (nada corrupto), em 177 países analisados.
 
Em termos comparativos, a posição santomense merece atenção em comparação com outros países lusófonos. Hoje somos 72º. partilhando a mesma posição com o Brasil, país que assistimos muitas mudanças e mesmo condenações como no mediático caso mesalão. Estamos acima da Somália ou da Coreia do Norte, com certeza; somos o país lusófono além de Portugal, Cabo-verde bem colocado; este ano notou-se a queda do país irmão Cabo-verde mas STP pode melhorar muito mais no combate a corrupção.
 
Num índice anual, feito para medir progressos, o nosso país nada fez para melhorar a imagem do país. Podemos salientar que houve algumas medidas, para fazer o inglês ver, mas que em nada mudou para transparecer a estagnação é uma realidade. Dificilmente podia ser de outra forma. Como o CIPSTP tem alertado insistentemente desde a nossa fundação (e indicadores como este confirmam), o combate à corrupção exige meios especializados ao dispor da Justiça – meios técnicos, humanos e financeiros capazes de levar até ao fim investigações sobre suspeitas de corrupção e colocar no banco dos réus quem, há anos, tem desviado recursos públicos para benefício privado.
 
O combate à corrupção exige uma magistratura capacitada, corajosa e independente – algo que nos falta quando vemos procuradores arquivarem processos por falta de provas ou mesmo falta de meios para investigação.

Acima de tudo, o combate à corrupção exige vontade política. É esta a nossa primeira falha. Ocupados com os seus negócios, ou com a fútil e oportunista caça ao voto, os responsáveis políticos santomenses acomodaram-se numa cultura de traficância, negociata e cumplicidade.
 
Um sintoma alarmante: há quase um ano, o Centro de Integridade Pública de São Tomé e Príncipe teve a iniciativa de levar ao Assembleia Nacional uma petição sobre conflitos de interesses e incompatibilidades agentes públicos. A Comissão de Ética da Assembleia Nacional até a data não deu qualquer andamento a esta petição pública contando com mais de cem assinaturas – que fala às claras sobre o escândalo das acumulações de funções e da absoluta promiscuidade que mina a capacidade das instituições e própria credibilidade do regime.
 
Quando os protagonistas, e os interesses que representam, são um entrave ao debate em vez de protagonistas da mudança, fica claro que nos cabe a nós, cidadãos, fazer a defesa da República e das instituições, colocando por fim o bem público à frente dos negócios privados. É um trabalho difícil e ingrato, que exige clareza, persistência e organização. Mas numa democracia, quando falham as instituições, são os cidadãos a última linha de defesa das liberdades coletivas.
 
Deodato Capela - Presidente do CIPSTP
 
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