Díli, 03 dez (Lusa)
- O chefe da diplomacia timorense disse hoje que Timor-Leste vai continuar
concentrado no processo de arbitragem internacional com a Austrália, depois de
a secreta australiana ter confiscado documentos do escritório do advogado que
defende a posição timorense.
"Temos um
processo e vamos continuar concentrados nesse processo de arbitragem
internacional com a Austrália", disse José Luís Guterres, sem mais
comentários ao assunto.
O advogado que
representa Timor-Leste na arbitragem internacional relativa ao caso das
acusações de espionagem contra a Austrália denunciou hoje que elementos da
secreta australiana revistaram o seu escritório alegando razões de segurança
nacional.
Em declarações à
imprensa australiana, o advogado Bernard Collaery disse que vários agentes
realizaram uma busca hoje à tarde ao seu escritório em Camberra e que levaram
consigo vários ficheiros eletrónicos e documentos em papel.
Timor-Leste acusou
formalmente a Austrália, em final de 2012 junto do Tribunal Internacional de
Haia, de espionagem quando estava a ser negociado o Tratado sobre Certos Ajuste
Marítimos no Mar de Timor, em 2004.
Na sequência da
queixa apresentada pelos timorenses, foi criada uma arbitragem internacional,
que vai reunir pela primeira vez esta semana.
Timor-Leste insiste
que devido à espionagem os australianos tiveram acesso a informação
confidencial sobre o petróleo e o gás no Mar de Timor, relevante para os
negociadores timorenses, e que prejudicaram o país durante as negociações do
Tratado sobre Determinados Ajustes Marítimos no Mar de Timor (CMATS), assinado
em 2006.
Com a arbitragem
internacional, Timor-Leste pretende ver o tratado anulado, podendo assim
negociar a limitação das fronteiras marítimas e, assim, tirar todos os
proveitos da exploração do Greater Sunrise.
Aquele campo de gás
está situado a cerca de 100 quilómetros da costa sul marítima timorense e, segundo
peritos internacionais, se forem delimitadas as fronteiras marítimas de acordo
com a lei internacional o Greater Sunrise ficará situado na zona exclusiva
económica de Timor-Leste.
O CMATS determina
que os resultados da exploração do Greater Sunrise, que vale biliões de
dólares, são repartidos igualmente entre os dois países e impede a definição
das fronteiras marítimas entre Timor-Leste e a Austrália durante um período de
50 anos.
MSE // VM - Lusa
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