De
Volkskrant Amesterdão – Presseurop – imagem Mayk
Quer se trate de
uma intervenção militar ou de um investimento na indústria da defesa, os
europeus sofrem de uma enorme falta de coordenação e perdem credibilidade em
ambas as matérias. A questão, relançada pela intervenção francesa na África
Central, deverá ser debatida na cimeira dos dias 19 e 20 de dezembro.
Mais vale tarde do
que nunca. Esta é uma das reações possíveis ao Conselho Europeu de 19 e 20 de
dezembro, no qual, pela primeira vez desde há muito tempo, os chefes de Estado
e de governo europeus vão discutir a política de segurança e de defesa comum.
Um tipo de discussão que faz todo o sentido.
Em 1991, o então
ministro dos Negócios Estrangeiros belga, Mark Eyskens, disse que a Europa é “um gigante económico, um
anão político e, pior, um verme, quando se trata de elaborar uma capacidade de
defesa”. É verdade que, nos últimos anos, a UE se tornou mais ativa no domínio
da segurança. Contudo, a grande ambição, tantas vezes proclamada, de investir
numa verdadeira política de segurança e de defesa comum, que inclua
capacidade militar autónoma, não se concretizou. Apesar de o mundo que nos
rodeia estar a mudar, o que impõe que nós, europeus, encaremos mais seriamente
a nossa segurança como um dossiê comum.
Mais eficaz e mais
visível
Num mundo cada vez
mais multipolar, os Estados Unidos já não estão dispostos a intervir em último
recurso, se a segurança europeia for ameaçada. Verifica-se igualmente uma
instabilidade crescente nas vizinhanças diretas da UE – Norte de África, Médio
Oriente, Cáucaso. Por outro lado, as ameaças diversificam-se e, sobretudo, combinam
segurança externa e interna.
A reação lógica a
essa situação parece ser uma maior cooperação europeia e uma maior assunção de
responsabilidades a nível da UE e o Conselho Europeu tenta fazer com que assim
seja: a Europa deve ser mais eficaz e ter maior visibilidade no domínio da
segurança, é preciso mais investimentos em capacidades militares e é necessário
apoiar a indústria europeia de defesa. Os documentos publicados pela
Comissão Europeia e pela Alta Representante da UE para os Negócios
Estrangeiros, Catherine Ashton, antes deste Conselho Europeu, sublinham essa
necessidade.
Na verdade, nos
últimos anos, houve menos missões fora do território sob a bandeira da UE e
estas tiveram uma dimensão menor. O contributo europeu para a segurança e a
estabilidade mundiais situa-se em especial nas áreas da formação e do apoio, e
não no destacamento real de meios militares. A intervenção na Líbia demonstrou
que – por falta de unidade e de meios – a UE é obrigada a deixar que sejam os
Estados Unidos e a NATO a tomar a iniciativa.
Nos casos do Mali e
da República Centro-Africana, a França não ficou à espera da opinião da UE.
Como disse um diplomata francês citado pelo jornal Le Figaro,
“estar à espera da Europa é o mesmo que estar à espera de Godot”. A decisão de
intervir foi tomada de forma completamente unilateral. E aqueles que querem e
podem, têm a possibilidade de participar na operação, mas, no fundo, esta
continua a ser francesa.
As cooperações
bilaterais
Mais grave ainda é
a situação das capacidades militares. Estas já eram insuficientes, mas, por
pressão da crise financeira e económica, todos os Estados-membros procedem a
cortes nos respetivos orçamentos para a defesa. E a coordenação a nível europeu
é praticamente inexistente. É precisamente devido às deficiências existentes em
matéria de meios cruciais que, caso queiramos manter uma defesa europeia
credível, se impõe hoje uma coordenação das medidas de austeridade e dos investimentos.
Mas, também nesta
esfera e por razões práticas, os países da UE preferem a cooperação bilateral,
como a cooperação belga-holandesa, à
cooperação a nível europeu. O “pooling and sharing” numa base bilateral é a
regra. Em si mesma, essa opção não é má, mas, a longo prazo, este tipo de
cooperação só será viável, se for enquadrada numa estratégia europeia mais
vasta. Acontece que esta não existe.
A aquisição e o
envio de materiais e a cooperação requerem, mais do que nunca, a cooperação
entre países, mas isso também se aplica à indústria europeia de defesa, que é
muito fragmentada. Em comparação com outros países, os Estados-membros da UE
investem pouco em investigação e desenvolvimento na área militar. Por outro
lado, os poucos investimentos realizados têm um impacto reduzido, porque os
Estados-membros – sobretudo os grandes – protegem (...) as respetivas
indústrias. Resultado: duplicações, custos de produção muito elevados,
equipamentos muitos caros e perda de competitividade nos mercados
internacionais.
Contudo, a maior
perda seria, se esta situação se mantiver, a Europa deixar de ter condições
para garantir a sua própria segurança, com base na sua força industrial.
Resumindo, face à
amálgama de ambições militares, a realidade não tem só a ver com cortes
orçamentais claros. A questão reside em saber se, em 19 e 20 de dezembro, os
Estados da UE estarão dispostos a renunciar aos seus próprios interesses em
favor do interesse geral, e se serão capazes de o fazer. Se não o forem,
tratar-se-á de mais uma cimeira europeia desperdiçada e, tantos anos depois, as
palavras de Mark Eyskens continuarão a ter atualidade.
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1 comentário:
Deixem-se de historias. O problema é que as elites que estão a redesenhar a europa nas costas dos seus cidadaos sao inimigos fidalgais do estado nação! Criar um exercito de homens sem patria e sem nação so para os proteger e as suas politicas! Não existe nenhum estado europeu nem existira! Antes os povos livres da europa iremos para a guerra e não contra outros mas sim contra esta corja de lunaticos que criam crises para desfazer estados livres e soberanos!
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