Órgão ligado à ONU
recomenda instalação de investigação sobre crimes da guerra civil espanhola e
da ditadura de Franco
Rafael Duque, Madri
– Opera Mundi
A Plataforma pela
Comissão da Verdade, entidade que reúne mais de cem associações de familiares e
vítimas do franquismo, anunciou nesta terça-feira (17/12) que enviou uma carta
ao presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, solicitando uma reunião para
discutir as resoluções da ONU sobre o tema.
Opera Mundi começa a publicar na próxima quinta-feira (19/12) uma série de reportagens especiais sobre o franquismo. Serão quatro dias de publicações, com vídeos, galeria de fotos e infográficos. Acompanhe!
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No dia 15 de
novembro deste ano, o Comitê contra os Desaparecimentos Forçados (CED, na sigla
em inglês), ligado às Nações Unidas, publicou um relatório no qual recomenda,
entre outras coisas, a criação de uma Comissão da Verdade sobre os crimes
cometidos no país durante o período que abrange a guerra civil espanhola
(1936-1939) e a ditadura de Francisco Franco (1939-1975).
Na carta enviada a
Rajoy, a entidade afirma que “essas recomendações, respaldadas pela autoridade
política e moral que representa as Nações Unidas, são um bom ponto de partida
para estabelecer um acordo político e social, um verdadeiro pacto de Estado que
aborde uma solução definitiva para as vítimas e os crimes do franquismo que a
democracia não soube resolver até agora”.
A Espanha é o
segundo país com mais desaparecidos no mundo, atrás do Camboja. Entretanto, os
crimes cometidos durante a guerra civil e a ditadura de Franco nunca foram
julgados. O Tribunal Supremo espanhol considerou que a Lei de Anistia de 1977
impede que as pessoas que cometeram crimes neste período sejam acusadas. Por
isso, algumas vítimas decidiram abrir uma causa na Argentina.
Em setembro deste
ano, a juíza argentina María Servini de Cubría pediu a extradição de quatro
ex-policiais acusados de torturar opositores ao regime de Franco. Segundo o
Estado espanhol, apenas dois dos denunciados seguem vivos: Antonio González
Pacheco e Jesús Muñecas Aguilar. O juiz Pablo Ruz ouviu o depoimento de ambos
no começo de dezembro e ainda não definiu se acolherá o pedido de extradição.
Fontes jurídicas
consultadas por Opera Mundi afirmaram que o acordo de extradição entre Espanha
e Argentina permite o traslado dos dois ex-policiais ao país sul-americano.
Entretanto, eles veem esta hipótese como pouco provável.
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