Jornal de Angola,
editorial
A União Africana
vai reunir-se hoje e amanhã em Addis Abeba, Etiópia, numa altura em que são
múltiplos os problemas que o continente enfrenta e cuja natureza exige
intervenções imediatas dos estadistas africanos.
Uma cimeira da
União Africana suscita sempre a atenção de toda a comunidade do continente, o
que não admira, uma vez que se trata de uma organização continental que aborda
em reuniões do género os mais graves problemas de África e estuda as vias para
os solucionar.
África é ainda um continente assolado por problemas como os conflitos armados, que são causa de instabilidade de Estados africanos, de que resultam a paralisação de instituições e o aumento do número de refugiados.
Depois de a maioria dos países africanos ter alcançado a independência, o ideal era que hoje em África estivéssemos a discutir exclusivamente nas nossas organizações questões relacionadas com o desenvolvimento dos povos do continente.
Há Estados africanos com mais de meio século de independência, mas neles subsistem ainda problemas como a pobreza e o analfabetismo. Trata-se de países que estão afectados por conflitos internos e não vêem, em virtude da permanente instabilidade, como começar a construir sociedades em que se possa trabalhar pacificamente para se dar solução aos problemas do desenvolvimento.
Depositam-se muitas esperanças em África, considerado por muitos o continente do futuro. Mas o futuro tem de ser construído agora. O continente africano tem de se preocupar com as suas infra-estruturas, com os seus sistemas de saúde e de educação e com o seu capital humano, para se criarem condições que permitam rumar ao desenvolvimento.
É verdade que já se percebeu que sem estabilidade no continente não se conseguirá levar África a elevados patamares de desenvolvimento sustentável. Mas não basta que se façam constatações. Temos de trabalhar para se travarem as causas dos conflitos.
Temos felizmente líderes africanos com visão e sabedoria que têm apontado os caminhos para se superarem as crises em África. Um desses líderes é o Presidente José Eduardo dos Santos, que, na recente Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos, apontou vias para se chegar à estabilidade no continente.
Político e estadista experiente, o Chefe de Estado angolano disse a vários dos seus homólogos na referida conferência que os problemas de África se solucionam nos planos político, económico e social, da defesa e segurança. O Presidente angolano referiu-se então à necessidade de se conceberem políticas públicas para melhorarem as condições de vida das populações e a promoção da reconciliação e unidade nacional e a democracia.
Que a posição de Angola em relação às situações de conflito em África sejam tidas em consideração pela cimeira da União Africana, até porque é grande a experiência dos angolanos na gestão e solução de crises que têm causado sofrimento a milhões de africanos.
É hora de encontrar soluções definitivas que ultrapassem os problemas internos de Estados africanos, para que os povos do continente possam centrar os seus esforços na exploração das suas potencialidades e na constante promoção do seu capital humano.
É importante que as políticas públicas dirigidas às populações africanas contemplem sempre a educação e ensino, tendo em vista a formação de quadros necessários para se fazer face aos inúmeros desafios que África tem de enfrentar. Um bom sistema de educação e ensino é fundamental para atingirmos resultados em vários sectores produtivos, em particular na agricultura, um dos temas centrais a ser debatido na cimeira da União Africana que hoje se inicia.
A escolha do referido tema pode ter a ver com um facto de uma grande parte da população africana viver no meio rural, sendo viável potenciar o sector agrícola, na medida em que está em condições de garantir a segurança alimentar e combater a pobreza.
Mas para se conseguir que a agricultura se constitua numa solução para os problemas indispensável que haja estabilidade no continente. Sem estabilidade, não é possível realizar investimentos que venham a gerar resultados para benefício das populações africanas.
Sobre os líderes africanos recai a grande responsabilidade de tudo fazerem para que no continente reine a paz e a segurança. Os povos africanos têm as atenções viradas para as acções dos seus dirigentes, e esperam deles gestos que se traduzam em avanços substantivos em direcção à instauração da estabilidade e da concórdia. Ainda morrem muitos africanos no continente em consequência de conflitos. Os líderes africanos têm o dever de encontrar com urgência as fórmulas para se acabarem com as crises do continente. Que os líderes de África estejam à altura da esperança dos povos africanos que querem um continente completamente pacificado.
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