O copresidente da
Conferência Internacional sobre a População e Desenvolvimento (ICPD) Joaquim
Chissano apela aos líderes africanos para assumirem uma "posição
forte" de defesa dos direitos humanos dos cidadãos na nova agenda para o
desenvolvimento pós 2015.
Durante a próxima
cimeira da União Africana, a decorrer entre 24 e 31 de janeiro, os líderes
africanos vão adotar uma posição comum do continente sobre a nova agenda para o
desenvolvimento, que irá substituir os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio,
das Nações Unidas, depois de 2015.
Numa carta aberta
aos chefes de Estado africanos, a que Lusa teve acesso, o ex-Presidente
moçambicano encoraja os líderes africanos "a tomarem uma posição forte em
prol dos direitos humanos fundamentais" que "garantam as liberdades
básicas de todos os seus cidadãos".
"Peço que os
nossos líderes se apoiem nas lições do passado, mas que também prestem atenção
às realidades presentes e que olhem para o que o futuro nos oferece, porque
esta nova agenda para o desenvolvimento vai afetar as vidas de milhões de africanos
numa época muito crítica para o continente", diz na missiva Joaquim
Chissano, copresidente da ICPD, organismo ligado à ONU.
O antigo chefe de
Estado de Moçambique alerta para as implicações para as futuras gerações da
proposta a ser apresentada este mês pelas lideranças africanas.
"A agenda
internacional que iremos ajudar a forjar não é só para nós, para o momento, mas
para as próximas gerações e para o mundo", diz.
O ano de 2015 é o
prazo definido em 2000 pelas Nações Unidas para alcançar os Objetivos de
Desenvolvimento do Milénio (ODM), que preveem oito metas: erradicação da
pobreza, universalização da educação básica, igualdade entre géneros, redução
da mortalidade infantil e melhoria da saúde materna, combate à malária e
VIH/Sida, garantia da sustentabilidade ambiental e estabelecimento da parceria
mundial para o desenvolvimento.
A quase dois anos
de expirar o prazo, o mundo, em particular as organizações internacionais e
não-governamentais, têm acelerado o debate sobre o que deve seguir-se a 2015 em
termos de agenda para o desenvolvimento.
Na última
assembleia-geral das Nações Unidas, no final de setembro, em Nova Iorque, o
secretário-geral da ONU defendeu que a futura agenda do desenvolvimento deve
"ser universal" e ter como prioridade máxima a erradicação da
pobreza.
Na carta, o antigo
Presidente moçambicano Joaquim Chissano sugere aos líderes africanos para se
centrarem em três prioridades, visando o desenvolvimento sustentável: "o
empoderamento das mulheres e a igualdade do género, direitos e empoderamento
dos adolescentes e dos jovens, e a saúde e direitos sexuais e reprodutivos de
todos os cidadãos".
Para o responsável,
estas áreas "representam não só imperativos dos direitos humanos, mas
também investimentos inteligentes e rentáveis para desenvolver sociedades mais
equitativas, saudáveis, produtivas, prósperas e inclusivas e um mundo mais
sustentável".
"A saúde e os
direitos sexuais e reprodutivos, em particular, são um pré-requisito para o
empoderamento das mulheres e das gerações de jovens das quais depende o nosso
futuro", diz Chissano, assinalando a importância do "acesso
conveniente e acessível a informação e serviços de qualidade e a educação
sexual integrada".
Lusa, em Notícias
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