quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Caso de corrupção que envolve ex-governante de Macau manchou imagem do território - MP

 


Macau, China, 15 jan (Lusa) - O Ministério Público de Macau defendeu hoje que o caso de corrupção que envolve um ex-governante manchou a imagem do território no mundo, pedindo a condenação de oito arguidos nas alegações finais de um julgamento conexo.
 
"Ainda bem que este caso foi desvendado, ele afetou a confiança da população no Governo e a imagem do Governo de Macau no mundo", disse o magistrado do Ministério Público ao defender a consideração desta situação na hora da eventual aplicação de penas.
 
O Ministério Público pediu, nas suas alegações finais, a condenação dos oito arguidos em causa neste processo, entre os quais o magnata de Hong Kong Joseph Lau, pela prática independente dos crimes de corrupção e branqueamento de capitais, nomeadamente pelo alegado pagamento ou promessa de pagamento de subornos ao ex-secretário dos Transportes e Obras Públicas Ao Man Long em troca de contratos.
 
Só dois arguidos estiveram sentados no banco dos réus do Tribunal Judicial de Base de Macau, neste primeiro dia de alegações finais, ao fim de seis meses de julgamento, entre eles o empresário de Hong Kong Steven Lo, ligado ao polémico empreendimento de luxo "La Scala" em frente ao aeroporto de Macau.
 
Este julgamento surge precisamente depois de a Justiça de Macau ter dado como provado, em 2012, que o ex-secretário Ao Man Long, que está a cumprir 29 anos de prisão, recebeu 20 milhões de dólares de Hong Kong (1,9 milhões de euros) pela concessão de cinco terrenos à 'offshore' Moon Ocean, subsidiária do grupo Chinese Estates Holdings, presidido por Joseph Lau.
 
Nesses terrenos em frente ao aeroporto de Macau estava a ser construído o empreendimento residencial de luxo "La Scala", mas o Governo de Macau já declarou a nulidade da sua concessão.
 
Segundo o Ministério Público, os empresários Joseph Lau e Steven Lo pagaram os 20 milhões de dólares de Hong Kong em subornos a Ao Man Long, usando alegadamente como pretexto um contrato com uma empresa de consultadoria, e sublinhou que tal transação está anotada nos chamados "cadernos da amizade" do ex-governante.
 
É precisamente nestes "cadernos da amizade", em que Ao Man Long alegadamente anotava de forma codificada os seus negócios, que assenta grande parte da acusação, tendo a defesa dos arguidos questionado a sua validade, mas o MP entende não ter existido vício no que toca à apreensão destes e de outros documentos no gabinete e residência do ex-governante.
 
Entre os arguidos deste caso, encontram-se também o belga Luc Vrien, diretor executivo da empresa Waterleau, acusado de ter pagado subornos a Ao Man Long para garantir duas ETAR, bem como o empresário Pedro Chiang, que se encontra em Portugal e já condenado a pena de prisão, e Camila Chan, mulher de Ao Man Long, em parte incerta desde 2006.
 
A defesa de Luc alegou que este foi "vítima de extorsão pelo antigo governante", o que foi contestado pelo MP.
 
O advogado Pedro Redinha alegou que não houve a preocupação por parte do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) de verificar se tinha havido extorsão, referiu que "a Ao Man Long não interessava este crime porque é mais grave do que a corrupção" e denunciou uma "grave limitação dos direitos de defesa dos empresários".
 
PNE // VM - Lusa
 

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