O ministro dos
Negócios Estrangeiros, Rui Machete, disse hoje que não está garantida a
segurança para serem retomadas as ligações aéreas entre Portugal e a
Guiné-Bissau, reiterando esperar que seja eleito naquele país um "Governo
legitimado" em março.
“As ligações diretas
hão de ser retomadas, espero eu, quando houver garantias de segurança, as quais
ainda não existem", disse o governante, quando questionado sobre se já
existem condições para serem retomadas as ligações diretas entre Lisboa e
Bissau, interrompidas pela TAP no final de dezembro, após o embarque de 74 sírios
com passaportes ilegais.
Rui Machete
salientou que "o Estado português já disse quais eram as condições que
entendia necessárias para que a segurança fosse garantida", acrescentando
que "existe um Governo de facto na Guiné, que não é reconhecido por
Portugal nem por muitos países".
"Nós esperamos
que as eleições se realizem efetivamente em março e a partir daí que seja
possível constituir um Governo que já obedeça às normas constitucionais e que
se normalize a vida democrática", salientou o ministro, que falava aos
jornalistas no final de uma visita à sede da Agência para o Investimento e
Comércio Externo de Portugal (AICEP), em Lisboa.
"Fazemos votos
para que isso aconteça e estamos a trabalhar para que as eleições se realizem
em termos corretos e possa sair um Governo legitimado pelo voto", destacou
Machete, acrescentando que "há vários países", além de Portugal, a
desenvolver "esforços nesse sentido".
Questionado sobre a
situação dos 74 passageiros sírios, dos quais alguns já não se encontram nas
instituições de acolhimento em Portugal, o ministro garantiu que há um controlo
de "ingresso" no espaço Schengen, que é "o controlo mais
importante", mas essa é uma situação "igual para todos", pelo
que "não há especificidades".
No dia 10 de
dezembro, 74 sírios, entre adultos e crianças, embarcaram à força no aeroporto
de Bissau, depois de pressões à tripulação da TAP por parte do ministro
guineense do Interior, para Portugal, sob alegação de constituírem perigo para
a segurança interna da Guiné-Bissau.
O incidente foi
classificado na altura pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete,
como "um ato próximo do terrorismo", e levou a TAP a suspender os
voos entre Lisboa e Bissau, deixando assim aquele país sem ligação direta à
Europa.
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