quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

São Tomé e Príncipe: Educação – o caminho para o desenvolvimento económico e político

 


Como disse Jean Piaget, “a principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe”.
 
Se olharmos hoje para S. Tomé e Príncipe encontramos uma sociedade com um retrato etário que confere já algum conforto para o futuro. Estamos perante uma sociedade em que os jovens são a maioria, o que significa que a juventude tem um papel relevante na construção de um país diferente.
 
Desta forma, pensar no futuro de S. Tomé e Príncipe deve ser, em primeiro lugar, pensar um país que garanta o acesso a uma Educação de qualidade. Acredito que um sistema educativo global e inclusivo é uma alavanca para o desenvolvimento de um país, na medida em que promove a instrução e o enriquecimento cultural dos cidadãos, a sua capacidade de iniciativa, de criatividade e de compromisso com o bem comum.
 
É fundamental que o Governo considere a educação como um dos eixos fundamentais das políticas dirigidas aos jovens, apostando nela como o principal motor do desenvolvimento das pessoas e do país.
 
Para que tal aconteça, é necessário definir uma estratégia válida de formação. Embora reconheça que progressos foram feitos desde a independência até aos nossos dias, penso que ainda existe um longo percurso pela frente. S. Tomé e Príncipe tem escassos recursos e, como tal, a eficiência deverá ser vista como uma das mais-valias de todos os processos e procedimentos, de todas as políticas. Não nos podemos dar ao luxo de formar para o desemprego e ao mesmo tempo, ver escassear recursos humanos em outras áreas.
 
Acredito ser necessário definir uma estratégia nacional de desenvolvimento assente na valorização do capital humano através da educação e da cultura, como forma de fortalecer a democracia e o desenvolvimento social. Apelo, por isso, a um consenso nacional face às prioridades estratégicas para o nosso país, avancemos então para uma alteração da Lei de Bases da Educação em função desta estratégia nacional de desenvolvimento. Defendo ainda, um pacto de regime pela Educação, já que é ela a base onde deve assentar todo e qualquer paradigma de desenvolvimento.
 
A capacidade de compromisso e de iniciativa que se pede aos jovens é tão mais relevante quando recordamos o profundo desfasamento existente entre os estes e a sociedade em que estão inseridos e, sobretudo, entre estes e o sistema político.
 
A meu ver, é chegado o momento de os jovens defenderem uma ação política integrada de promoção do emprego jovem, com vista a diminuir as crescentes taxas de desemprego que afligem os jovens santomenses. Os jovens santomenses devem exigir que o Governo e o sector privado concertem as suas posições no sentido de serem criadas e implementadas medidas concretas que fomentem a integração dos jovens no mercado de trabalho.
 
Mas tal só é possível fomentando o engajamento destes jovens. A descrença no poder político é hoje um facto em todo o mundo. Em cada ato eleitoral, assistimos a uma diminuição na participação dos cidadãos, que faz com que os jovens de afastem da política e que as políticas se afastem daquela que é a realidade dos jovens.
 
No caso de S. Tomé e Príncipe, o persistente afastamento dos propósitos de representação dos eleitores, bem como o profundo desconhecimento da realidade social do país estão na origem da insatisfação dos cidadãos, e em especial dos mais jovens, relativamente ao funcionamento das instituições governamentais.
 
Essa descrença é tão acentuada que o santomense, em cada ato eleitoral, tem trocado os votos por dinheiro ou por pequenos electrodomésticos. O “banho”, como é conhecido, demonstra bem o estado da degradação da qualidade da democracia santomense.
 
É importante que o cidadão santomense se aperceba da sua força política – e quando digo política, não digo apenas partidária. Falo de cidadania ativa, e do valor efetivo do seu voto. É importante que perceba, que, ao vender o seu voto, perde o direito a reclamação.
 
Por este motivo, a promoção da educação e, em particular, da educação para o exercício de uma cidadania ativa, plena, democrática, interventiva, deve ser objetivo constante do nosso Governo. Porque ela proporciona não apenas trabalhadores qualificados, fundamentais a requalificação do tecido empresarial e para o desenvolvimento económico do nosso país, mas também cidadãos de corpo inteiro, conhecedores dos seus direitos e deveres e participantes diários na consolidação do sistema democrático.
 
Só com mais educação podemos ambicionar um futuro mais competitivo, com melhor administração pública, com melhores trabalhadores, com empresários mais esclarecidos e com cidadãos mais conscientes dos problemas sociais. É um caminho que demora tempo a ser trilhado. E é hoje o dia de o começar.
 
Negesse Pina – Téla Nón (st), opinião
 

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