Como disse Jean Piaget, “a principal meta da
educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não
simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam
criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar
mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a
elas se propõe”.
Se olharmos hoje
para S. Tomé e Príncipe encontramos uma sociedade com um retrato etário que
confere já algum conforto para o futuro. Estamos perante uma sociedade em que
os jovens são a maioria, o que significa que a juventude tem um papel relevante
na construção de um país diferente.
Desta forma, pensar
no futuro de S. Tomé e Príncipe deve ser, em primeiro lugar, pensar um país que
garanta o acesso a uma Educação de qualidade. Acredito que um sistema educativo
global e inclusivo é uma alavanca para o desenvolvimento de um país, na medida
em que promove a instrução e o enriquecimento cultural dos cidadãos, a sua
capacidade de iniciativa, de criatividade e de compromisso com o bem comum.
É fundamental que o
Governo considere a educação como um dos eixos fundamentais das políticas
dirigidas aos jovens, apostando nela como o principal motor do desenvolvimento
das pessoas e do país.
Para que tal
aconteça, é necessário definir uma estratégia válida de formação. Embora
reconheça que progressos foram feitos desde a independência até aos nossos
dias, penso que ainda existe um longo percurso pela frente. S. Tomé e Príncipe
tem escassos recursos e, como tal, a eficiência deverá ser vista como uma das
mais-valias de todos os processos e procedimentos, de todas as políticas. Não
nos podemos dar ao luxo de formar para o desemprego e ao mesmo tempo, ver
escassear recursos humanos em outras áreas.
Acredito ser
necessário definir uma estratégia nacional de desenvolvimento assente na
valorização do capital humano através da educação e da cultura, como forma de
fortalecer a democracia e o desenvolvimento social. Apelo, por isso, a um
consenso nacional face às prioridades estratégicas para o nosso país, avancemos
então para uma alteração da Lei de Bases da Educação em função desta estratégia
nacional de desenvolvimento. Defendo ainda, um pacto de regime pela Educação,
já que é ela a base onde deve assentar todo e qualquer paradigma de
desenvolvimento.
A capacidade de
compromisso e de iniciativa que se pede aos jovens é tão mais relevante quando
recordamos o profundo desfasamento existente entre os estes e a sociedade em
que estão inseridos e, sobretudo, entre estes e o sistema político.
A meu ver, é
chegado o momento de os jovens defenderem uma ação política integrada de
promoção do emprego jovem, com vista a diminuir as crescentes taxas de
desemprego que afligem os jovens santomenses. Os jovens santomenses devem
exigir que o Governo e o sector privado concertem as suas posições no sentido
de serem criadas e implementadas medidas concretas que fomentem a integração
dos jovens no mercado de trabalho.
Mas tal só é
possível fomentando o engajamento destes jovens. A descrença no poder político
é hoje um facto em todo o mundo. Em cada ato eleitoral, assistimos a uma
diminuição na participação dos cidadãos, que faz com que os jovens de afastem
da política e que as políticas se afastem daquela que é a realidade dos jovens.
No caso de S. Tomé
e Príncipe, o persistente afastamento dos propósitos de representação dos
eleitores, bem como o profundo desconhecimento da realidade social do país
estão na origem da insatisfação dos cidadãos, e em especial dos mais jovens,
relativamente ao funcionamento das instituições governamentais.
Essa descrença é
tão acentuada que o santomense, em cada ato eleitoral, tem trocado os votos por
dinheiro ou por pequenos electrodomésticos. O “banho”, como é conhecido,
demonstra bem o estado da degradação da qualidade da democracia santomense.
É importante que o
cidadão santomense se aperceba da sua força política – e quando digo política,
não digo apenas partidária. Falo de cidadania ativa, e do valor efetivo do seu
voto. É importante que perceba, que, ao vender o seu voto, perde o direito a
reclamação.
Por este motivo, a
promoção da educação e, em particular, da educação para o exercício de uma
cidadania ativa, plena, democrática, interventiva, deve ser objetivo constante
do nosso Governo. Porque ela proporciona não apenas trabalhadores qualificados,
fundamentais a requalificação do tecido empresarial e para o desenvolvimento
económico do nosso país, mas também cidadãos de corpo inteiro, conhecedores dos
seus direitos e deveres e participantes diários na consolidação do sistema
democrático.
Só com mais
educação podemos ambicionar um futuro mais competitivo, com melhor
administração pública, com melhores trabalhadores, com empresários mais
esclarecidos e com cidadãos mais conscientes dos problemas sociais. É um
caminho que demora tempo a ser trilhado. E é hoje o dia de o começar.
Negesse Pina – Téla
Nón (st), opinião
Sem comentários:
Enviar um comentário